26 julho 2015

A paciência da política chinesa ou a Teoria do Mahjong

"Quando Mao Tse Tung faleceu, em 1976, não houve qualquer alteração substancial na política interna e externa chinesa, com o seu sucessor, Deng Xiaoping, excepto, talvez, uma abertura económica permitindo investimentos estrangeiros incentivando a competição, o lucro e até mesmo o consumismo, embora, sem que se registasse qualquer abertura política baseada nos princípios democráticos. Um exemplo evidente dessa falta de abertura política foi o massacre dos estudantes na Praça de Tiananmen, em 1989.
Por sua vez, quando os antigos dois territórios chineses, sob administração europeia, Hong Kong (britânica) e Macau (portuguesa), retomaram à posse da China, levaram com estas duas regiões administrativas especiais, um sistema capitalista pouco consistente com o sistema socialista vigente na China. Face a isso, e visando, também, a possibilidade – nunca descartada – de Taiwan voltar a ser reintegrada, oficialmente, na China – que também mantém um sistema político e económico baseado nos princípios liberal e capitalista –, o líder chinês Deng Xiaoping, a 1 de Setembro de 1982, no discurso de abertura do 12.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, apresentou, em exclusivo e pela primeira vez, o termo “Socialismo com características chinesas” que viria a ser conhecido pelo princípio de «um país, dois sistemas».
Em que consiste o princípio «um país, dois sistema»? Na sua essência, pode-se caracterizar este princípio como sendo uma coligação entre o capitalismo e o socialismo. Um sistema único que não apresenta paralelo no mundo. (...)" (podem ler o artigo completo aqui)
Publicado no semanário Novo Jornal, edição 390, de 24-Julho-2015, página 17 (1º Caderno)

04 julho 2015

Maurícias: uma senhora na presidência


(fonte: foto África21)

A República das Maurícias (ou Maurício) tem desde 5 de Junho passado uma senhora na Presidência do País. Ameenah Gurib-Fakim (de nome completo Bibi Ameenah Firdaus Gurib-Fakim) era, até esta data, uma cientista bióloga e professora universitária, tendo sido proposta pelo primeiro-ministro, Anerood Jugnauth, e ratificada pelo Parlamento nacional maurício (a eleição é indirecta).

O anterior Presidente, Kailash Purryag, resignou ao cargo em 29 de Maio, passado.

Gurib-Fakin tornou-se na primeira mulher a ocupar o cargo na república maurícia e a 6ª Chefe de Estado desde que as ilhas se tornaram uma república, em 1992.

03 julho 2015

A China e a reformulação de um paradigma geopolítico - artigo

"Ultimamente a maioria das conversas políticas – e sociais – giram em torno da visita de sua excelência o senhor Presidente da República, José Eduardo dos Santos, à República Popular da China, onde, segundo consta, terá rubricado um ou vários acordos cujo cariz é desconhecido; e essa, infelizmente pela não divulgação dos mesmos, tem sido uma das razões, oportunas e salutares, para tanta conversa, quase diáfana, mostrando que a comunidade política e a sociedade civil estão cada vez mais atentas ao que se passa no País.

E não deixam de ser oportunas, repito, essas naturais interrogações quando o que as motiva continua no segredo dos corredores governamentais e a própria Assembleia Nacional parece estar ausente da leitura dos conteúdos que, eventualmente, tenham norteado os tais – caso tenha ocorrido, claro, – acordos sino-angolanos. E para reforçar as dúvidas, o desencontro entre uma notícia da ANGOP, quando da presença do senhor Presidente na China, e as posteriores declarações da Cidade Alta, quase que totalmente desencontradas.

Ora se há algo que nunca foi cabal e correctamente explicado à sociedade civil foram os acordos celebrados entre Angola e a China; as únicas razões evocadas foram que os chineses tinham aberto uma linha de crédito a Angola para a reconstrução das infraestruturas do País – bem necessários após uma longa e sangrenta crise militar fratricida –, acordos esses celebrados sob a garantia do fornecimento do petróleo nacional. O que se sabe é que o Ocidente, nomeadamente o FMI, terá virado as costas a Angola através de exigências que, à época, eram difíceis de serem cumpridos.

Por outro lado, a China sempre se pautou por um paradigma político que consiste em não querer saber do que se passa na vida politica interna dos outros Estados, desde que estes não ponham em causa as políticas governativas, económicas e sociais de Beijing.

Mas este não é um paradigma inócuo levado a efeito pelos chineses. Por detrás deste paradigma, ou, talvez, para ser mais exacto, a par deste habitual paradigma político, há um outro muito mais importante e que se reveste de uma importância capital para a expansão chinesa e que denomino da Teoria do Mahjong. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 387,  de 3.Jul.2015, 1º caderno, página 198

Análise à Rádio DW sobre comunicação de Eduardo dos Santos ontem

(imagem da Rádio DW)

Análise, ao jornalista António Rocha, para a Rádio Deutsche Welle, desenvolvida no portal da DW (Português para África), sobre a intervenção do senhor Presidente José Eduardo dos Santos, ontem , 2 de Julho, quinta-feira, na reunião extraordinária do Comité Central do MPLA, onde apontou a necessidade de estudar a construção da transição em Angola e não falou em terceiro mandato.