Não
me parece que as assessorias do MPLA e do Presidente João Lourenço estejam a
trabalhar muito bem. Para os apoiantes partidários até poderão estar, mas para
a população, em geral, e para os analistas, não estarão, quase que certamente.
Juntar,
uma vez mais e depois de muitas críticas como o que ocorreu na província do Cunene,
uma visita de Estado, neste caso, agora, à província de Cabinda, uma quase
imediata actividade política pré-eleitoral, denominada enfaticamente «acto político de massas», é – ou parece ser – pouco
inteligente.
É
certo que o Presidente da República é elegível como tal, segundo a Constituição
da República, o candidato a deputado à Assembleia Nacional (Parlamento) colocado
em primeiro lugar da lista partidária (partido ou coligação de partidos) mais
votado; na realidade, e ao contrário do que alguns defendem, é uma eleição
indirecta, dado que o eleitor vota, globalmente, numa força partidária e não uninominalmente
em candidatos.
Para
Cabinda onde está, hoje, em visita de Estado e onde inaugurou “obras-feitas”, certamente
que o Presidente foi em avião e missão oficial. Ninguém duvida, é normal em
todas as democracias que os pré-candidatos aproveitem dos seus cargos, para em “missões
oficiais” fazerem pré-campanhas. Como afirmava Cristo, “quem não tiver pecados,
que atire a primeira pedra”.
Mas
estar a aproveitar-se dessa vantagem – viagem oficial e uso de meios oficiais – para, 24 horas
depois, entrar em efectiva em pré-campanha eleitoral, conforme se pode
verificar pelos panfletos distribuídos pelos seu partido de quem mantém o cargo
de presidente de partido – posso observar, e atento, que deveria se ter
retirado de tal, mas a lei permite essa coexistência, e por isso, tenho de o
respeitar – pode ser considerado uso abusivo de meios oficiais e, igualmente,
ser avaliado como um possível tiro-no-pé.
Provavelmente,
eu até estarei errado nesta apreciação, mas, será que estou?...
Recordo que em certas regiões
onde a democracia pluralista e eleitoral está bem implantada, muitas vezes, aproveitar
visitas oficiais para campanhas eleitorais, costumam a dar resultados aquém do
expectável.
Mas, como já referi, talvez
seja eu que esteja errado. Mas será que estou?...