11 novembro 2024

Angola: 49 Anos de Expectativas Furadas? O Que Esperar dos 50 Anos de Independência?

 


Angola, desde a sua independência, em 11 de Novembro de 1975, trilhou um caminho marcado por uma miríade de desafios e conquistas. Ao longo destes 49 anos, o país viu-se imerso em um contexto de grandes expectativas que, em muitas ocasiões, não foram concretizadas. A promessa de um futuro próspero e igualitário nem sempre – ou raramente – se materializou, levando a uma reflexão profunda sobre os caminhos trilhados e o que ainda poderá ser esperado nos 50 anos de independência.

Mas… sê-lo-á?

Durante décadas, os cidadãos angolanos enfrentaram a realidade de um crescimento económico que, embora significativo em alguns (poucos) momentos, não se traduziu necessariamente em melhorias na qualidade de vida da enorme maioria da população. A corrupção, a desigualdade sócio-económica e a falta de acesso a bons serviços básicos como educação e saúde foram apenas algumas das frustrações que têm pairado sobre o sonho de uma Angola desenvolvida. As expectativas em torno das vastas riquezas naturais do país – como petróleo e diamantes, principalmente, dado serem (ainda) as nossas principais exportações – muitas vezes, a grande maioria das vezes, não se reflectiram em benefícios tangíveis para a nossa população.

Entretanto, a nossa História, a História de Angola, não tem sido feita, apenas, de decepções. O país também tem demonstrado uma resiliência notável e capacidade de adaptação. Somos um Povo resiliente!

Nos últimos anos, esforços de uma importante diversificação económica, programas de reforma e iniciativas voltadas para o desenvolvimento sustentável começaram a delinear um novo panorama. A juventude angolana, cada vez mais engajada e activa, mas, também, muito crítica e expectante, é uma força motriz que tenta – na maioria dos casos, de forma infrutífera, – procurar transformar a realidade, exigindo mudanças e melhorias.

À medida que Angola se aproxima dos 50 anos de independência, a pergunta que paira no ar é: o que podemos esperar para o futuro?

Há um sentimento crescente de que este é um momento crucial para o país, uma oportunidade para reavaliar suas prioridades e traçar um novo caminho. Os próximos anos devem ser marcados por um foco em políticas de inclusão, transparência e investimento em áreas fundamentais para o progresso social, como a educação e a saúde.

Mas... consegui-lo-á?

Para isso, é essencial promover um diálogo aberto e inclusivo entre governo, o poder político e a sociedade civil, garantindo que as vozes de todos os angolanos sejam ouvidas. O fortalecimento das instituições democráticas e da governança pode ser a chave-mestra para restaurar a confiança da nossa população nas suas lideranças.

Os 50 anos de independência de Angola podem ser vistos como um marco não apenas para celebrar a História, mas também para vislumbrar um futuro onde as expectativas não sejam mais furadas, mas atendidas.

Os 50 anos que serão celebrados em 2025, é um momento para sonhar e, mais importante, para agir. Somente assim, Angola – e todos nós – e poderá finalmente alcançar o potencial que muitos acreditamos que possui, transformando o contexto actual em um terreno fértil para um futuro próspero e equitativo.

Assim saibam pensar os nossos dirigentes políticos e trabalharem na transparência das coisas públicas.

Somos um Povo resiliente! Mas, não esquecer, que toda a resiliência tem limites…

11 outubro 2024

Porque o vizinho JB adiou a visita ao vizinho JL…

Na madrigálica vila de Diplomopólis, onde as relações internacionais são quase tão solenes quanto uma missa de domingo, o ilustre e rico senhor John Bull, preparava-se para uma visita altamente estratégica ao seu vizinho atlântico senhor Jota Lê (e será que lê?). Ah!, e como todos aguardavam ansiosamente este marcante e cerimonioso encontro, previsto para ser uma festa de conexões bilaterais e acordos benéficos!

E como estava bonito o terreno – e a singela casa – do senhor Jota Lê. Um magnífico quadrado todo limpinho, bem varrido, paredes, muros e passeios pintadinhos e animais daninhos corridos para outros poleiros…

Só que, aiuê…, no meio deste excepcional e invejado evento de vizinhanças atlânticas, eis que surgiu uma sombra no horizonte – tudo o que é bom e invejado traz sempre maus-olhados…, aiuê… –: um inefável e turbulento Milton Chicano, também conhecido como sendo um vizinho indesejado de John Bull, decidiu fazer das suas e encharcar os límpidos quintais deste distinto e rico vizinho, sem que este pudesse sair da sua pecuniosa, garbosa e faustosa vivenda, aiuê. E não satisfeito com este empapanço o senhor Milton Chicano, pela calada, fez tudo em grande e feroz velocidade, aiuê…

Assim, o encontro ficou em suspenso e, quem diria…, desmarcado. A ideia de ter um diplomata de renome dando atenção aos pequenos e latentes problemas dos dois “novos” vizinhos era o que ambos mais desejavam. Mas… mas há sempre um Milton Chicano, um caenche, na vida de uma pessoa que tudo disperde, como se as casas dos vizinhos fossem o seu eleito palco, esticando os ramos da sua impureza calamitosa numa exibição digna do mais apurado dos artistas.

Diante de tal excentricidade, ficou claro que para a (míngua) diplomacia e as atitudes inoportunas e catastróficas de vizinhos inconvenientes, todos precisamos de um acordo procrastinado. Afinal, se o barulho da marinhagem do senhor Milton Chicano servia, como serviu, para arruinar o encontro, ora, o mais sábio seria adiá-lo até que o "Rei das Catástrofes", como o senhor Milton Chicano de denomina, decidisse que um dia de paz era benéfico para todos, incluindo, claro, os seus próprios vizinhos.

Assim, e por isso, a visita do senhor John Bull ao senhor Jota Lê foi, por esta vez, adiada, provando que em Diplomopólis a vida pode ser, no mínimo, tão divertida quanto complicada.

Mas os bons vizinhos atlânticos de Diplomopólis acreditam que ainda vão beber umas boas Cucas no quintal e comer umas boas quitetas na piscina olímpica kamutangre do senhor Jota Lê…

Jota Lê quer que o senhor John Bull seja um seu "ganda" Kamba e que lhe apresente `insigne senhora Lakama; é que o senhor Jota Lê já conhece o senhor Golden Pointyhair e não gosta dele! Natural… o senhor Golden Pointyhair, mais conhecido por DT, só gosta de "gandas" vivendas e não de casas "mínimas" ou, como ele há uns anos afirmava de… tipologia “shitoles countries”!

Oiê!...

Igualmente publicado no Jornal Folha 8, online: https://jornalf8.net/2024/porque-o-vizinho-jb-adiou-a-visita-ao-vizinho-jl/

31 agosto 2024

Cultura das Migrações Africanas ao Longo dos Últimos Séculos

(imagem criada a partir daqui)

A migração é um fenómeno intrínseco à experiência humana, e no caso da África, essa dinâmica tem raízes históricas profundas, que refletem a complexidade das interacções sociais, económicas e políticas.

Ao longo dos últimos séculos, as migrações africanas foram moldadas por uma variedade de factores que incluem colonização, conflitos, busca por oportunidades económicas e, mais recentemente, mudanças climáticas. Este artigo busca explorar essa rica tapeçaria cultural resultante das migrações africanas e sua influência nas sociedades de origem e destino.

1. Histórico das Migrações Africanas

A migração em África não é um fenómeno novo. Desde tempos antigos, povos nômades e comunidades agrícolas deslocaram-se em busca de recursos, comércio e novas terras. No entanto, a colonização europeia no século XIX trouxe um novo capítulo às migrações. A imposição de fronteiras arbitrárias, a exploração de recursos e a criação de economias de plantação levaram ao deslocamento forçado de milhões de africanos, tanto dentro de seus países quanto para fora do continente.

Além da migração forçada, a diáspora africana, que inclui o tráfico transatlântico de escravos, resultou na dispersão de africanos em diversas partes do mundo. Esse movimento teve consequências profundas, não apenas para os indivíduos deslocados, mas também para as culturas locais. Os descendentes de africanos escravizados nas Américas, por exemplo, mantêm vivas tradições culturais que continuam a influenciar a música, a dança, a religião e a literatura das sociedades em que habitam.

Recordemos algumas das principais migrações ocorridas entre o século XIV até à actualidade

Entre os séculos XIV e XVI predominaram dois tipos de migrações: as “migrações internas”, onde durante esse período, as populações africanas se moveram internamente por vários motivos, como busca por terras férteis, escassez de recursos e conflitos entre grupos étnicos. Grupos como os Bantu migraram pela África subsaariana, expandindo seus territórios e interagindo com outras comunidades; e o designado “comércio transaariano” de que se destaca a denominada “A Rota do Ouro”, em que mercadores, missionários e viajantes cruzaram o deserto do Saara, promovendo intercâmbios culturais e económicos, de que se destaca as migrações levadas a efeito por imperador maliano Mansa Musa (1280-1337), que aproveitando a sua vasta riqueza, efectuava largas peregrinações a Meca, comerciava ouro e sal, traficava escravos, o fez dele uma das figuras mais icónicas da história africana, bem como outras rotas comerciais que facilitaram a movimentação de pessoas entre o norte e o sul da África.

Entre os séculos XVII e XIX, predominava o “tráfico de escravos” em que milhões de africanos foram forçados a migrar para as Américas como parte do comércio transatlântico de escravos e teve impactos profundos nas sociedades africanas, nas Américas e na Europa; e ocorreram vastas “migrações inter-africanas” devido à colonização por europeus e o estabelecimento de colónias, que levou a que muitas comunidades fossem deslocadas de suas terras, forçando migrações em busca de novas áreas para viver e trabalhar.

Já no século XX, com a “descolonização e os movimentos de luta pela independência” em várias partes da África, especialmente nas décadas de 1950 e 1960, ocorreram migrações significativas, tanto internas quanto para outros países, porque muitos actos ocorridos, fizeram que muitas pessoas tivessem de fugir da violência e da instabilidade; a acrescer a isto o «facto de muitas das independências não terem diminuído a violência e a instabilidade, bem pelo contrário, pelo que o emergir de inúmeros “conflitos e guerras civis” como os ocorridos em Angola, RDC, Ruanda e Somália resultaram em grandes deslocamentos populacionais, com milhões de refugiados buscando segurança em outros países africanos ou em regiões fora do continente e que se prolongam no presente século as denominadas “migrações forçadas” devido a um aumento de conflitos armados, crises políticas e desastres naturais que têm gerado fluxos contínuos de migrantes e refugiados na África; a acrescer registamos as naturais “migrações económicas” e as “mudanças climáticas” que leva muitos africanos a procurarem melhores oportunidades de emprego em países como África do Sul, Europa e América do Norte a que também não se exclui o facto de algumas significativas mudanças climáticas estão tornando algumas regiões da África incapacitadas para a agricultura, forçando as comunidades a migrar para áreas mais seguras e sustentáveis.

2. Factores Contemporâneos de Migração

Nos últimos decénios, a migração africana tem sido impulsionada por diversos factores, como a instabilidade política, os referidos conflitos armados, as constantes crises económicas e as já indicadas mudanças climáticas. Muitos africanos buscam uma vida melhor noutras partes do continente ou em regiões mais desenvolvidas. A migração rural-urbana também é um fenómeno significativo, com pessoas se deslocando para cidades em busca de trabalho e melhores condições de vida, o que tem levado ao crescimento de megacidades africanas, como Luanda (Angola), Lagos (Nigéria) ou Nairobi (Quénia).

A busca por oportunidades económicas tem levado muitos africanos a países da Europa, América do Norte e outras regiões, onde as comunidades de imigrantes rapidamente se formam. Essas comunidades não apenas preservam suas tradições culturais, mas também podem influenciar – e em alguns casos, influenciam mesmo – as sociedades que os acolhem. As interacções culturais resultantes, na maioria das vezes, enriquecem a vida artística, culinária e social das sociedades de destino.

3. Dinâmicas Culturais e Identidade

O deslocamento forçado e voluntário de africanos ao longo dos séculos resultou em uma diversidade cultural que é singularmente africana. As migrações geram um fenómeno conhecido como "hibridismo cultural", onde elementos de diferentes culturas se fundem, resultando em novas expressões artísticas, modos de vida e sistemas de crenças.

Um exemplo significativo são as manifestações musicais, como o reggae na Jamaica, que incorpora ritmos africanos e elementos de resistência cultural. Da mesma forma, a literatura africana contemporânea, escrita por autores tanto no continente como na diáspora, reflecte as experiências vividas por aqueles que migraram, abordando temas de identidade, pertença e resistência.

4. Desafios e Oportunidades

Embora a migração traga uma riqueza cultural para as sociedades, também apresenta desafios. Os migrantes frequentemente enfrentam discriminação, xenofobia e dificuldades de integração. As políticas de imigração nos países de acolhimento muitas vezes são rigorosas e podem marginalizar comunidades, dificultando o fortalecimento de suas identidades culturais.

Por outro lado, as migrações podem promover o desenvolvimento económico e social, tanto para os países de origem quanto para os de destino. Remessas enviadas por migrantes para suas famílias são uma fonte vital de “financiamento” para muitas economias africanas. Além disso, a troca cultural pode levar a um maior intercâmbio de ideias e práticas, promovendo a inovação e a criatividade.

5. A crise da migração clandestina, irregular ou ilegal

Se as migrações africanas são um fenómeno contínuo que reflecte as dinâmicas sociais, políticas e ambientais do continente, as questões de identidade, pertença e direitos dos migrantes são tópicos críticos nas discussões contemporâneas sobre migração africana, tanto dentro do continente quanto em escala global.

Um desses problemas, cada vez mais actual e persistente ocorrem com migrações irregulares (ou ilegais ou clandestina) que podem resultar – e têm resultado – em diversas crises internacionais que afectam não apenas os países de origem e destino, mas também a comunidade global como um todo. Vejamos algumas das crises mais notáveis e que mais têm contribuído para a persistência e – há que o afirmar – “compra” de migração clandestina, que se mostra muito rentável para os chamados “dealers”: a migração forçada da “crise dos refugiados” devido a conflitos armados, perseguições políticas, ou desastres naturais; os “conflitos sócio-políticos” nos países anfitriões; o “tráfico de pessoas” sobre indivíduos vulneráveis que são explorados por redes criminosas (a “nova escravatura”).

Estas crises exigem respostas coordenadas entre países, ONG e instituições internacionais para garantir a proteção dos direitos humanos e a promoção de soluções sustentáveis para a migração. Só que…

6. A migração Angolana

No caso da migração em Angola, tanto interna quanto externa, pode-se dizer que é um fenómeno complexo que envolve diversas dinâmicas sociais, económicas e políticas, em grande parte, devido às “transferências rurais-urbanas”, migrando do interior para as cidades quer em busca de melhores oportunidades de emprego e acesso a serviços básicos como saúde e educação, quer devido à muita falta de condições de sobrevivência nalgumas partes do país, seja pela falta de água (secas contínua), seja pela fome (em parte para razão anterior que impede que a agricultura floresça ou que o gado sobreviva) e não poucas múltiplas “desigualdade regionais” que leva eu muitos dos nossos compatriotas procurem oportunidades no exterior, especialmente em países da África do Sul, Portugal e Brasil, onde entre outras motivações se incluem, também, busca de uma mais avançada educação técnico-profissional, emprego e melhores condições de vida.

Mas se os Angolanos se posicionam como potenciais migrantes, também Angola acaba por ser porto de destino de migrantes estrangeiros e muitos por algumas das mesmas razões que nos leva a sair do País, como a busca de melhores condições económicas e profissionais, destacando-se entre stes, portugueses, moçambicanos, chineses, malianos, mauritanos, moçambicanos e congoleses-democratas.

7. Em forma de conclusão…

A cultura das migrações africanas ao longo dos últimos séculos é um testemunho da resiliência e adaptabilidade dos povos africanos. As interacções resultantes das migrações moldaram identidades culturais ricas e diversas, que transcendem fronteiras e continentes.

Ao reconhecer e celebrar essa complexidade, podemos compreender melhor os desafios e as oportunidades que surgem num mundo em constante movimento e transformação. A cultura das migrações africanas não é apenas uma narrativa do passado, mas uma força viva que continua a influenciar o presente e o futuro das sociedades globais.

E isto pode se constatar com a migração irregular que, tendencialmente, pode criar grandes fluxos de refugiados intra-continental e, principalmente, para a “fortaleza europeia”, levando a experimentar fortes tensões diplomáticas devido a diferente visões das políticas de migração, como tem sido nalgumas nações da União Europeia que ao lidarem com a migração irregular de refugiados “constroem” muros e barreiras, em resposta a fluxos migratórios, como o aumento do nacionalismo, xenofobia e políticas anti-imigração; e isto, repito, está a ser foi observado em vários países europeus, mas, também, nos EUA, e agora com mais acuidade, devido à aproximação das eleições presidenciais e intercalares para o Congresso e Senado.

Finalmente, no caso nacional, e como se viu, a migração em Angola é um reflexo das complexidades sociais e económicas do país e com propensão para continuar a evoluir com o tempo. A análise das tendências de migração oferece-nos alguns importantes avisos sobre os desafios e oportunidades que a sociedade angolana enfrenta. Caberá – SEMPRE – aos governantes saberem como proceder. Assim o queiram e estejam preparados…


Foi, igualmente, também publicado no Jornal 
Folha 8

08 agosto 2024

A visita de Montenegro a Angola e a “não-atenção” à Oposição Angolana e um esclarecimento prévio

Na recente viagem – a primeira a um país de língua oficial portuguesa, que não Portugal, claro… – fui abordado para dar a minha opinião sobre o que poderia antever dessa visita. Por lapso, certamente, ou por deficiente na audição da conversa telefónica em que possa ter havido interferência que colocasse dúvidas na sua audição, o meu entrevistador, por acaso, jornalista do Novo Jornal, repito, certamente por lapso, colocou no texto que eu teria dito que o PSD, o PS e o MPLA seriam partidos comunistas, o que não corresponde à verdade.

Recordo-me, por causa das boas relações que sempre houve entre partidos portugueses e o Governo de Angola, liderado, desde a independência pelo MPLA, de ter falado no PSD e de ter afirmado que no caso do PS e do MPLA, essa relação até era mais consistente, dado ambos pertencerem à Internacional Socialista (talvez a deficiente audição esteja aqui…). E até falei nas boas relações que existem entre o MPLA e… o CDS-PP que, não me recordo de as ver citadas

Bom, honestamente, e verdade seja dia, num país onde já quase predomina o 5G, no caso de Portugal, não poucas vezes as chamadas caem, mesmo as chamadas, “ditas normais”, quanto mais as via Whatsapp, embora a chamada tenha sido via “normal, mais natural ainda que em Angola, onde é o 4G que procura assentar, as “audições”, por vezes, sejam e se tornem, difíceis.

E como sou acusado de, por vezes, falar muito depressa, principalmente em matérias que me são muito próximas, daí, continuo a dar o total benefício e dúvida ao jornalista que me entrevistou. Por exemplo, ainda ontem numa entrevista sobre uma outra matéria, pediram-me que fosse menos rápido porque estavam a ter dificuldades em compreender algumas partes; esta conversa foi via Whatsapp e não sei quando será publicada – se for…

Mas recordemos, um pouco como tem evoluído – e já muito debatidas – desde sempre as relações entre os dois países e, a recente tomada de posição do primeiro-ministro português Luís Montenegro, face à Oposição, na visita que fez a Luanda.

As relações entre Portugal e Angola têm sido históricas e complexas, e têm evoluído ao longo dos anos, especialmente desde a independência de Angola em 1975. O laço entre os dois países é influenciado por laços históricos, culturais e económicos, e começou a ser redefinido após o fim da guerra civil em Angola e a descentralização de sua economia, levando Portugal a cada vez mais procurar reforçar a sua presença económica em Angola, aproveitando a busca do país em tentar continuar a diversificar as suas parcerias e investimentos externos.

Só que a questão das reformas económicas em Angola, a luta contra a corrupção e a promoção dos direitos humanos continua a ser factores chave que influenciam as relações entre Angola e muitos potenciais financiadores.

Todavia, não devemos esquecer a “fama” e o “proveito” que o “Corredor do Lobito” tem, e continua a obter, juntos de muitos investidores, seja, portugueses, belgas, suíços, norte-americanos – principalmente – e de outras nacionalidades que começam a se perfilar para integrarem a “Lobito Atlantic Railway” (LAR) que explora este corredor ferroviário e a sua ligação ao porto do Lobito, bem como o interesse o Interland Africano em aproveitar esta importante infra-estrutura.

Sobre Luís Montenegro, enquanto líder do PSD (Partido Social Democrata) em Portugal, a sua posição em relação a Angola, era uma, a de relações entre partidos e organizações políticas luso-angolanas. Naturais, ou estas não fossem muito cordiais – diria, muito boas – entre o PSD e Angola, com algum especial destaque, para as relações entre o PSD e o Governo de Angola (liderado pelo MPLA).

Agora, já, propriamente, sobre a visita de Montenegro, enquanto primeiro-ministro, pode ser interpretada através do prisma do realismo político e das relações bilaterais. Montenegro tem enfatizado a importância das relações de Portugal com os países africanos de língua portuguesa, mas a sua abordagem pode ser sensível ao contexto político interno de Angola e às suas implicações para a oposição.

Por isso, ainda que, porquanto observador angolano possa considerar pouco cordial, já como analista e académico o não ter mostrado “capacidade” para falar com a oposição angolana, pode ser visto como um reflexo de uma estratégia política mais ampla que evite evidenciar posicionamentos que possam ser considerados intervencionistas e, ou, intromissores.

Essa hesitação pode ser motivada pela preocupação com as repercussões que uma tomada de posição pública possa ter em termos de diplomacia ou estabilidade bilateral. Além disso, muitas vezes, figuras políticas optam por não se envolverem em dinâmicas internas de outros países para não comprometer as relações diplomáticas ou para evitar acirrar tensões e criar novos “casos irritantes” que possam levar a consequências imprevistas.

Assim, a posição de Luís Montenegro e do PSD em relação a Angola poderá ser entendida no contexto das dinâmicas políticas e económicas, bem como das suas implicações para as relações bilaterais e a segurança política numa região já marcada por suas próprias complexidades.

E o recente “debate” que as ONG da Sociedade Civil levantaram aos Procuradores-gerais de Angola e Portugal sobre Isabel dos Santos e os activos nacionalizados e vendidos por Portugal e ainda – supostamente – não canalizados para Luanda, é mais um facto que leva – presume-se – a posição (equi)distante de Montenegro face à Oposição Angolana e à comunicação com as questões levantadas.

Daí que, repito e tendo em conta uma recente análise do Africa Monitor, sobre o referido distanciamento de Montenegro face à Oposição – não se sabendo que entre Montenegro e Adalberto Costa Júnior parece haver uma ligação directa entre ambos, enquanto líderes partidários –, a posição do primeiro-ministro português, não surpreende.

Realmente, como poder-se-ia surpreender quando, antes da visita, a Amnistia Internacional e a própria UNITA solicitaram a Luís Montenegro que, e cito de memória,

em vésperas da sua visita a Angola, que aproveitasse a ocasião para abordar com as autoridades de Luanda, várias questões relacionadas com os Direitos Humanos e com as liberdades cívicas e políticas que, na opinião deles, consideram estarem, de forma sistemática, a ser violadas pelo regime.

Ora, sejamos honestos, como poeria um primeiro-ministro que ainda está nos primeiros degraus da sua liderança política, ir, logo na sua primeira visita a Luanda (e a Benguela – parece que se esqueceu que Lobito é a sede do ois empreendimentos; pelo menos não li que tivesse ido à minha cidade, ou estarei errado… também…) –, criassem um… irritante?

Até lá,…

Lx, 8.Agosto.2024

21 fevereiro 2024

Textos do "Pululu" bloqueados


Há cerca de 1 nao, o Blogger bloqueou-me vários textos (ao todo, creio que foram 22 os textos bloqueados e que foram publicados entre 2006 e 2011) deste meu blogue. O Facebook, fez-me o favor de o recordar e que recupero para aqui:

«O meu blogue "Pululu" foi hoje alvo de uma razia pelo Blogger: 22 textos foram bloqueados sob 2 desculpas simultâneas de, e cito: «Determinámos que a mensagem viola as nossas regras [da comunidade] e anulámos a publicação do URL» e o «seu conteúdo violou a nossa política de Software malicioso e vírus» (e os outros textos não estão afectados?).

O que é interessante é que a quase totalidade dos textos são de entre 2006 e 2011 e versam, essencialmente Angola e uma certa política e social do País; no meio 3 inócuos: sobre férias, sobre relações China e Moçambique no âmbito do desporto e uma relação de artigos publicados num determinado período.
Ah! e entre os textos bloqueados está um sobre o meu livro «Angola potência regional em emergência» e que nem fui eu que o publiquei (só o partilhei); continua a haver quem não goste que se associa a palavra "potência" a Angola...
Pois, para bom entendedor...
Mas o Blogger dá uma abébia, é ir aos textos rever e solicitar a sua republicação. Podem esperar sentados...