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26 abril 2009

Homenagens a Tomás Jorge por Edmundo Rocha e Casa de Angola

(O céu da cidade que viu nascer Tomás Jorge (ou Tomaz Jorge como também aparece escrito) preparando-se para receber mais uma estrela no seu imenso e belo firmamento; imagem Google)

Duas entidades, cada uma por razões diferentes, prestaram a sua homenagem ao poeta angolano, quase que esquecido pela Comunicação Social do seu País que tanto amava (excepto, e honra lhes seja feita, pelo Jornal de Angola e pelo Sapo.AO, que citaram telegrama da LUSA) e pela organização que ajudou a fundar, a UEA. Foram o médico e nacionalista Edmundo Rocha, que com ele privou os últimos anos de vida, e a Casa de Angola de que Tomás Jorge era também sócio.

"HOMENAGEM AO MEU AMIGO TOMÁS JORGE

Morreu Tomás Jorge Vieira da Cruz, um homem bom, aberto a todas as pessoas e ideias, profundamente humano no seu relacionamento sem fronteiras com toda a gente. De alma altruísta, amigo do seu amigo, conciliador, excelente conversador, declamador exímio com a sua poderosa voz, tinha gosto em expor as suas ideias filosóficas, sequioso de uma África liberta de cubatas e de todas as expressões degradantes da condição humana. Este luandense de gema nunca escondeu a sua inquietação perante o presente e o futuro da condição humana dos africanos, neste mundo onde a globalização espezinha os mais fracos e protege os poderosos.

Tomás Jorge nasceu em Luanda a 26 de Maio de 1928, ano em nascia também, em Porto Amboim, Viriato da Cruz, com quem partilha a mesma carteira na escola.

Seu pai era o poeta, Tomás Vieira da Cruz, por quem ele nutria uma admiração sem limites. Morou, na sua meninice, na Cidade Alta, numa vivenda de tipo colonial.

Na sua juventude partilhou os mesmos anseios e projectos com os intelectuais da sua geração, em animadas tertúlias, António Jacinto, Mário António, Viriato da Cruz, Alcântara Monteiro e tantos outros. Integrou o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, desde 1950, cujo ideário cultural "Vamos Descobrir Angola" pugnou por uma crítica social e cultural da sociedade colonial de então, e que permitiu a tomada de consciência da Angolanidade dos seus conterrâneos.

Por discordar da via proposta pelo Partido Comunista Angolano, criado por Viriato da Cruz, em 1955, afastou-se desta orientação, preferindo a via cultural.

Nos anos 50 e 60 desenvolve actividades de formação e alfabetização de angolanos, nos bairros populares, não só em Luanda, como em Saurimo, no Lubango e no Uíge. A elevação cultural era, para ele, uma das vias para a uma maior consciência politica dos angolanos.

Foi obrigado a apresentar-se, várias vezes, para interrogatório na PIDE, pelas suas actividades e pelo conteúdo dos seus poemas. Foi finalmente preso em Luanda em 1961, onde viria a escrever alguns dos seus mais belos poemas. Publicou a sua obra no pequeno livro "Areal- Poemas" da editora Imbondeiro, em 1961, e, mais tarde, em 2005, na excelente colectânea "Talamungongo- Olha o Mundo" da editora Quilombelombe.

Na sua Poesia valoriza o Homem Angolano e a sua luta em prol da emancipação cultural e politica. Trata-se essencialmente de uma poesia lírica e, também, de intervenção, que aborda em profundidade o Homem na sua dimensão universal, a sua dignidade e a sede de Liberdade.

Morreu o meu Amigo Tomás Jorge, um Homem Bom, um Homem Africano, um Homem Universal, com uma visão telúrica das coisas, dos fenómenos e dos outros Homens sofredores.

Sempre viveu modestamente, não se preocupando com riquezas materiais. A sua única riqueza foram a sua pena, a sua escrita. Deixa uma obra poética importante, colocando-o em lugar cimeiro entre os grandes Poetas Angolanos.

Ficamos certamente mais pobres, Angola, África e nós todos.

Paz à sua Alma.

Lisboa, 25.Abril. 2009
Edmundo Rocha
"

Por sua vez a , através da sua Direcção, em nome dos Órgãos Sociais, emitiu um comunicado onde prestava o seu sentido e profundo sentimento de pesar pelo passamento físico do sócio, do poeta e o Homem que contribuiu para cimentar o espírito de independência dos angolanos através da sua participação em movimentos culturais.

25 abril 2009

Adeus poeta Tomás Jorge

Mais um poeta angolano que vai se juntar às estrelas que iluminam o belíssimo céu angolano.

Ontem, no Hospital Santa Maria, em Lisboa, onde padecia de uma incurável doença, faleceu o poeta Tomás Jorge (Vieira da Cruz).

Tomás Jorge foi além de membro-fundador da União de Escritores Angolanos (UEA) participou, em 1950 no movimento literário lançado por Viriato da Cruz “Vamos Descobrir Angola!” e o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, razão pela qual foi detido várias vezes pela PIDE/DGS, e membro da Direcção da FACEL (Federação das Associações Cívicas do Espaço Lusófono)

E por falar em PIDA/DGS, relembrar que
há 35 anos (fá-los hoje), a sombria organização foi uma das razões para o fim da autocracia portuguesa e o passo para a Liberdade de todos os povos que falam a Lusofonia.

Tomás Jorge escreveu, pelos menos duas obras poéticas: “Areal, Poemas” (1961) e a antologia “Talamungongo!... «Olha o mundo!» – 50 Anos de Poesia” (2005).

Infelizmente quer a UEA quer a Internet parecem esquecer deste poeta angolano já que o único poema “netiado” é o belo “Gajaja” que poderão ler
aqui (de onde retirei a imagem).