24 dezembro 2024
11 novembro 2024
Angola: 49 Anos de Expectativas Furadas? O Que Esperar dos 50 Anos de Independência?
Angola, desde a sua independência, em 11 de Novembro
de 1975, trilhou um caminho marcado por uma miríade de desafios e conquistas.
Ao longo destes 49 anos, o país viu-se imerso em um contexto de grandes
expectativas que, em muitas ocasiões, não foram concretizadas. A promessa de um
futuro próspero e igualitário nem sempre – ou raramente – se materializou,
levando a uma reflexão profunda sobre os caminhos trilhados e o que ainda poderá
ser esperado nos 50 anos de independência.
Mas… sê-lo-á?
Durante décadas, os cidadãos angolanos enfrentaram a
realidade de um crescimento económico que, embora significativo em alguns
(poucos) momentos, não se traduziu necessariamente em melhorias na qualidade de
vida da enorme maioria da população. A corrupção, a desigualdade sócio-económica
e a falta de acesso a bons serviços básicos como educação e saúde foram apenas
algumas das frustrações que têm pairado sobre o sonho de uma Angola
desenvolvida. As expectativas em torno das vastas riquezas naturais do país – como
petróleo e diamantes, principalmente, dado serem (ainda) as nossas principais
exportações – muitas vezes, a grande maioria das vezes, não se reflectiram em
benefícios tangíveis para a nossa população.
Entretanto, a nossa História, a História de Angola,
não tem sido feita, apenas, de decepções. O país também tem demonstrado uma
resiliência notável e capacidade de adaptação. Somos um Povo resiliente!
Nos últimos anos, esforços de uma importante diversificação
económica, programas de reforma e iniciativas voltadas para o desenvolvimento
sustentável começaram a delinear um novo panorama. A juventude angolana, cada
vez mais engajada e activa, mas, também, muito crítica e expectante, é uma
força motriz que tenta – na maioria dos casos, de forma infrutífera, – procurar
transformar a realidade, exigindo mudanças e melhorias.
À medida que Angola se aproxima dos 50 anos de
independência, a pergunta que paira no ar é: o que podemos esperar para o
futuro?
Há um sentimento crescente de que este é um momento
crucial para o país, uma oportunidade para reavaliar suas prioridades e traçar
um novo caminho. Os próximos anos devem ser marcados por um foco em políticas
de inclusão, transparência e investimento em áreas fundamentais para o
progresso social, como a educação e a saúde.
Mas... consegui-lo-á?
Para isso, é essencial promover um diálogo aberto e
inclusivo entre governo, o poder político e a sociedade civil, garantindo que
as vozes de todos os angolanos sejam ouvidas. O fortalecimento das instituições
democráticas e da governança pode ser a chave-mestra para restaurar a confiança
da nossa população nas suas lideranças.
Os 50 anos de independência de Angola podem ser vistos
como um marco não apenas para celebrar a História, mas também para vislumbrar
um futuro onde as expectativas não sejam mais furadas, mas atendidas.
Os 50 anos que serão celebrados em 2025, é um momento
para sonhar e, mais importante, para agir. Somente assim, Angola – e todos nós
– e poderá finalmente alcançar o potencial que muitos acreditamos que possui,
transformando o contexto actual em um terreno fértil para um futuro próspero e
equitativo.
Assim saibam pensar os nossos dirigentes políticos e
trabalharem na transparência das coisas públicas.
Somos um Povo resiliente! Mas, não esquecer, que toda
a resiliência tem limites…
11 outubro 2024
Porque o vizinho JB adiou a visita ao vizinho JL…
Na madrigálica vila de Diplomopólis, onde as relações internacionais são quase tão solenes quanto uma missa de domingo, o ilustre e rico senhor John Bull, preparava-se para uma visita altamente estratégica ao seu vizinho atlântico senhor Jota Lê (e será que lê?). Ah!, e como todos aguardavam ansiosamente este marcante e cerimonioso encontro, previsto para ser uma festa de conexões bilaterais e acordos benéficos!
E como estava bonito o terreno – e a singela casa – do senhor Jota Lê. Um magnífico quadrado todo limpinho, bem varrido, paredes, muros e
passeios pintadinhos e animais daninhos corridos para outros poleiros…
Só que, aiuê…, no meio deste excepcional e invejado evento
de vizinhanças atlânticas, eis que surgiu uma sombra no horizonte – tudo o que
é bom e invejado traz sempre maus-olhados…, aiuê… –: um inefável e turbulento Milton
Chicano, também conhecido como sendo um vizinho indesejado de John Bull,
decidiu fazer das suas e encharcar os límpidos quintais deste distinto e rico
vizinho, sem que este pudesse sair da sua pecuniosa, garbosa e faustosa vivenda,
aiuê. E não satisfeito com este empapanço o senhor Milton Chicano, pela calada,
fez tudo em grande e feroz velocidade, aiuê…
Assim, o encontro ficou em suspenso e, quem diria…,
desmarcado. A ideia de ter um diplomata de renome dando atenção aos pequenos e
latentes problemas dos dois “novos” vizinhos era o que ambos mais desejavam.
Mas… mas há sempre um Milton Chicano, um caenche, na vida de uma pessoa que
tudo disperde, como se as casas dos vizinhos fossem o seu eleito palco,
esticando os ramos da sua impureza calamitosa numa exibição digna do mais
apurado dos artistas.
Diante de tal excentricidade, ficou claro que para a (míngua)
diplomacia e as atitudes inoportunas e catastróficas de vizinhos inconvenientes,
todos precisamos de um acordo procrastinado. Afinal, se o barulho da marinhagem
do senhor Milton Chicano servia, como serviu, para arruinar o encontro, ora, o mais
sábio seria adiá-lo até que o "Rei das Catástrofes", como o senhor Milton Chicano de denomina, decidisse que um dia de paz
era benéfico para todos, incluindo, claro, os seus próprios vizinhos.
Assim, e por isso, a visita do senhor John Bull ao senhor Jota Lê
foi, por esta vez, adiada, provando que em Diplomopólis a vida pode ser, no
mínimo, tão divertida quanto complicada.
Mas os bons vizinhos atlânticos de Diplomopólis
acreditam que ainda vão beber umas boas Cucas no quintal e comer
umas boas quitetas na piscina olímpica kamutangre do senhor Jota Lê…
Jota Lê quer que o senhor John Bull seja um seu "ganda" Kamba e que lhe apresente `insigne senhora Lakama; é que o senhor Jota Lê já conhece o senhor Golden Pointyhair e não gosta dele! Natural… o senhor Golden Pointyhair, mais conhecido por DT, só gosta de "gandas" vivendas e não de casas "mínimas" ou, como ele há uns anos afirmava de… tipologia “shitoles countries”!
Oiê!...
Igualmente publicado no Jornal Folha 8, online: https://jornalf8.net/2024/porque-o-vizinho-jb-adiou-a-visita-ao-vizinho-jl/
31 agosto 2024
Cultura das Migrações Africanas ao Longo dos Últimos Séculos
A migração é um fenómeno intrínseco à experiência humana, e no caso da África, essa dinâmica tem raízes históricas profundas, que refletem a complexidade das interacções sociais, económicas e políticas.
Ao longo dos últimos séculos, as migrações africanas
foram moldadas por uma variedade de factores que incluem colonização,
conflitos, busca por oportunidades económicas e, mais recentemente, mudanças
climáticas. Este artigo busca explorar essa rica tapeçaria cultural resultante
das migrações africanas e sua influência nas sociedades de origem e destino.
1. Histórico das Migrações Africanas
A migração em África não é um fenómeno novo. Desde
tempos antigos, povos nômades e comunidades agrícolas deslocaram-se em busca de
recursos, comércio e novas terras. No entanto, a colonização europeia no século
XIX trouxe um novo capítulo às migrações. A imposição de fronteiras
arbitrárias, a exploração de recursos e a criação de economias de plantação
levaram ao deslocamento forçado de milhões de africanos, tanto dentro de seus
países quanto para fora do continente.
Além da migração forçada, a diáspora africana, que
inclui o tráfico transatlântico de escravos, resultou na dispersão de africanos
em diversas partes do mundo. Esse movimento teve consequências profundas, não
apenas para os indivíduos deslocados, mas também para as culturas locais. Os
descendentes de africanos escravizados nas Américas, por exemplo, mantêm vivas
tradições culturais que continuam a influenciar a música, a dança, a religião e
a literatura das sociedades em que habitam.
Recordemos algumas das principais migrações ocorridas
entre o século XIV até à actualidade
Entre os séculos XIV e XVI predominaram dois tipos de
migrações: as “migrações internas”, onde durante esse período, as
populações africanas se moveram internamente por vários motivos, como busca por
terras férteis, escassez de recursos e conflitos entre grupos étnicos. Grupos
como os Bantu migraram pela África subsaariana, expandindo seus territórios e
interagindo com outras comunidades; e o designado “comércio transaariano”
de que se destaca a denominada “A Rota do Ouro”, em que mercadores,
missionários e viajantes cruzaram o deserto do Saara, promovendo intercâmbios
culturais e económicos, de que se destaca as migrações levadas a efeito por imperador
maliano Mansa Musa (1280-1337), que aproveitando a sua vasta riqueza, efectuava
largas peregrinações a Meca, comerciava ouro e sal, traficava escravos, o fez
dele uma das figuras mais icónicas da história africana, bem como outras rotas
comerciais que facilitaram a movimentação de pessoas entre o norte e o sul da
África.
Entre os séculos XVII e XIX, predominava o “tráfico
de escravos” em que milhões de africanos foram forçados a migrar para as
Américas como parte do comércio transatlântico de escravos e teve impactos
profundos nas sociedades africanas, nas Américas e na Europa; e ocorreram
vastas “migrações inter-africanas” devido à colonização por europeus e o
estabelecimento de colónias, que levou a que muitas comunidades fossem
deslocadas de suas terras, forçando migrações em busca de novas áreas para
viver e trabalhar.
Já no século XX, com a “descolonização e os
movimentos de luta pela independência” em várias partes da África,
especialmente nas décadas de 1950 e 1960, ocorreram migrações significativas,
tanto internas quanto para outros países, porque muitos actos ocorridos,
fizeram que muitas pessoas tivessem de fugir da violência e da instabilidade; a
acrescer a isto o «facto de muitas das independências não terem diminuído a
violência e a instabilidade, bem pelo contrário, pelo que o emergir de inúmeros
“conflitos e guerras civis” como os ocorridos em Angola, RDC, Ruanda e
Somália resultaram em grandes deslocamentos populacionais, com milhões de
refugiados buscando segurança em outros países africanos ou em regiões fora do
continente e que se prolongam no presente século as denominadas “migrações
forçadas” devido a um aumento de conflitos armados, crises políticas e
desastres naturais que têm gerado fluxos contínuos de migrantes e refugiados na
África; a acrescer registamos as naturais “migrações económicas” e as “mudanças
climáticas” que leva muitos africanos a procurarem melhores oportunidades
de emprego em países como África do Sul, Europa e América do Norte a que também
não se exclui o facto de algumas significativas mudanças climáticas estão
tornando algumas regiões da África incapacitadas para a agricultura, forçando
as comunidades a migrar para áreas mais seguras e sustentáveis.
2. Factores Contemporâneos de Migração
Nos últimos decénios, a migração africana tem sido
impulsionada por diversos factores, como a instabilidade política, os referidos
conflitos armados, as constantes crises económicas e as já indicadas mudanças
climáticas. Muitos africanos buscam uma vida melhor noutras partes do
continente ou em regiões mais desenvolvidas. A migração rural-urbana também é
um fenómeno significativo, com pessoas se deslocando para cidades em busca de
trabalho e melhores condições de vida, o que tem levado ao crescimento de megacidades
africanas, como Luanda (Angola), Lagos (Nigéria) ou Nairobi (Quénia).
A busca por oportunidades económicas tem levado muitos
africanos a países da Europa, América do Norte e outras regiões, onde as
comunidades de imigrantes rapidamente se formam. Essas comunidades não apenas
preservam suas tradições culturais, mas também podem influenciar – e em alguns
casos, influenciam mesmo – as sociedades que os acolhem. As interacções
culturais resultantes, na maioria das vezes, enriquecem a vida artística,
culinária e social das sociedades de destino.
3. Dinâmicas Culturais e Identidade
O deslocamento forçado e voluntário de africanos ao
longo dos séculos resultou em uma diversidade cultural que é singularmente
africana. As migrações geram um fenómeno conhecido como "hibridismo
cultural", onde elementos de diferentes culturas se fundem, resultando
em novas expressões artísticas, modos de vida e sistemas de crenças.
Um exemplo significativo são as manifestações
musicais, como o reggae na Jamaica, que incorpora ritmos africanos e
elementos de resistência cultural. Da mesma forma, a literatura africana
contemporânea, escrita por autores tanto no continente como na diáspora, reflecte
as experiências vividas por aqueles que migraram, abordando temas de
identidade, pertença e resistência.
4. Desafios e Oportunidades
Embora a migração traga uma riqueza cultural para as
sociedades, também apresenta desafios. Os migrantes frequentemente enfrentam
discriminação, xenofobia e dificuldades de integração. As políticas de
imigração nos países de acolhimento muitas vezes são rigorosas e podem
marginalizar comunidades, dificultando o fortalecimento de suas identidades
culturais.
Por outro lado, as migrações podem promover o
desenvolvimento económico e social, tanto para os países de origem quanto para
os de destino. Remessas enviadas por migrantes para suas famílias são uma fonte
vital de “financiamento” para muitas economias africanas. Além disso, a troca
cultural pode levar a um maior intercâmbio de ideias e práticas, promovendo a
inovação e a criatividade.
5. A crise da migração clandestina,
irregular ou ilegal
Se as migrações africanas são um fenómeno contínuo que
reflecte as dinâmicas sociais, políticas e ambientais do continente, as
questões de identidade, pertença e direitos dos migrantes são tópicos críticos
nas discussões contemporâneas sobre migração africana, tanto dentro do
continente quanto em escala global.
Um desses problemas, cada vez mais actual e
persistente ocorrem com migrações irregulares (ou ilegais ou clandestina) que podem
resultar – e têm resultado – em diversas crises internacionais que afectam não
apenas os países de origem e destino, mas também a comunidade global como um
todo. Vejamos algumas das crises mais notáveis e que mais têm contribuído para
a persistência e – há que o afirmar – “compra” de migração clandestina, que se
mostra muito rentável para os chamados “dealers”: a migração forçada da
“crise dos refugiados” devido a conflitos armados, perseguições
políticas, ou desastres naturais; os “conflitos sócio-políticos” nos
países anfitriões; o “tráfico de pessoas” sobre indivíduos vulneráveis que
são explorados por redes criminosas (a “nova escravatura”).
Estas crises exigem respostas coordenadas entre
países, ONG e instituições internacionais para garantir a proteção dos direitos
humanos e a promoção de soluções sustentáveis para a migração. Só que…
6. A migração Angolana
No caso da migração em Angola, tanto interna quanto
externa, pode-se dizer que é um fenómeno complexo que envolve diversas
dinâmicas sociais, económicas e políticas, em grande parte, devido às “transferências
rurais-urbanas”, migrando do interior para as cidades quer em busca de
melhores oportunidades de emprego e acesso a serviços básicos como saúde e
educação, quer devido à muita falta de condições de sobrevivência nalgumas
partes do país, seja pela falta de água (secas contínua), seja pela fome (em
parte para razão anterior que impede que a agricultura floresça ou que o gado
sobreviva) e não poucas múltiplas “desigualdade regionais” que leva eu
muitos dos nossos compatriotas procurem oportunidades no exterior,
especialmente em países da África do Sul, Portugal e Brasil, onde entre outras motivações
se incluem, também, busca de uma mais avançada educação técnico-profissional,
emprego e melhores condições de vida.
Mas se os Angolanos se posicionam como potenciais
migrantes, também Angola acaba por ser porto de destino de migrantes
estrangeiros e muitos por algumas das mesmas razões que nos leva a sair do
País, como a busca de melhores condições económicas e profissionais,
destacando-se entre stes, portugueses, moçambicanos, chineses, malianos,
mauritanos, moçambicanos e congoleses-democratas.
7. Em forma de conclusão…
A cultura das migrações africanas ao longo dos últimos
séculos é um testemunho da resiliência e adaptabilidade dos povos africanos. As
interacções resultantes das migrações moldaram identidades culturais ricas e
diversas, que transcendem fronteiras e continentes.
Ao reconhecer e celebrar essa complexidade, podemos
compreender melhor os desafios e as oportunidades que surgem num mundo em
constante movimento e transformação. A cultura das migrações africanas não é
apenas uma narrativa do passado, mas uma força viva que continua a influenciar
o presente e o futuro das sociedades globais.
E isto pode se constatar com a migração irregular que,
tendencialmente, pode criar grandes fluxos de refugiados intra-continental e,
principalmente, para a “fortaleza europeia”, levando a experimentar fortes
tensões diplomáticas devido a diferente visões das políticas de migração, como tem
sido nalgumas nações da União Europeia que ao lidarem com a migração irregular
de refugiados “constroem” muros e barreiras, em resposta a fluxos migratórios,
como o aumento do nacionalismo, xenofobia e políticas anti-imigração; e isto,
repito, está a ser foi observado em vários países europeus, mas, também, nos
EUA, e agora com mais acuidade, devido à aproximação das eleições presidenciais
e intercalares para o Congresso e Senado.
Finalmente, no caso nacional, e como se viu, a migração
em Angola é um reflexo das complexidades sociais e económicas do país e com
propensão para continuar a evoluir com o tempo. A análise das tendências de
migração oferece-nos alguns importantes avisos sobre os desafios e
oportunidades que a sociedade angolana enfrenta. Caberá – SEMPRE – aos
governantes saberem como proceder. Assim o queiram e estejam preparados…
Foi, igualmente, também publicado no Jornal Folha 8
08 agosto 2024
A visita de Montenegro a Angola e a “não-atenção” à Oposição Angolana e um esclarecimento prévio
Na recente viagem – a primeira a um país de língua oficial portuguesa, que não Portugal, claro… – fui abordado para dar a minha opinião sobre o que poderia antever dessa visita. Por lapso, certamente, ou por deficiente na audição da conversa telefónica em que possa ter havido interferência que colocasse dúvidas na sua audição, o meu entrevistador, por acaso, jornalista do Novo Jornal, repito, certamente por lapso, colocou no texto que eu teria dito que o PSD, o PS e o MPLA seriam partidos comunistas, o que não corresponde à verdade.
Recordo-me, por causa das boas relações que sempre houve
entre partidos portugueses e o Governo de Angola, liderado, desde a
independência pelo MPLA, de ter falado no PSD e de ter afirmado que no caso do
PS e do MPLA, essa relação até era mais consistente, dado ambos pertencerem à
Internacional Socialista (talvez a deficiente audição esteja aqui…). E até
falei nas boas relações que existem entre o MPLA e… o CDS-PP que, não me
recordo de as ver citadas
Bom, honestamente, e verdade seja dia, num país onde já
quase predomina o 5G, no caso de Portugal, não poucas vezes as chamadas caem,
mesmo as chamadas, “ditas normais”, quanto mais as via Whatsapp, embora a
chamada tenha sido via “normal, mais natural ainda que em Angola, onde é o 4G
que procura assentar, as “audições”, por vezes, sejam e se tornem, difíceis.
E como sou acusado de, por vezes, falar muito depressa,
principalmente em matérias que me são muito próximas, daí, continuo a dar o
total benefício e dúvida ao jornalista que me entrevistou. Por exemplo, ainda
ontem numa entrevista sobre uma outra matéria, pediram-me que fosse menos
rápido porque estavam a ter dificuldades em compreender algumas partes; esta conversa
foi via Whatsapp e não sei quando será publicada – se for…
Mas recordemos, um pouco como tem evoluído – e já muito
debatidas – desde sempre as relações entre os dois países e, a recente tomada
de posição do primeiro-ministro português Luís Montenegro, face à Oposição, na
visita que fez a Luanda.
As relações entre Portugal e Angola têm sido históricas e
complexas, e têm evoluído ao longo dos anos, especialmente desde a
independência de Angola em 1975. O laço entre os dois países é influenciado por
laços históricos, culturais e económicos, e começou a ser redefinido após o fim
da guerra civil em Angola e a descentralização de sua economia, levando Portugal
a cada vez mais procurar reforçar a sua presença económica em Angola, aproveitando
a busca do país em tentar continuar a diversificar as suas parcerias e
investimentos externos.
Só que a questão das reformas económicas em Angola, a luta
contra a corrupção e a promoção dos direitos humanos continua a ser factores
chave que influenciam as relações entre Angola e muitos potenciais
financiadores.
Todavia, não devemos esquecer a “fama” e o “proveito” que o
“Corredor do Lobito” tem, e continua a obter, juntos de muitos investidores,
seja, portugueses, belgas, suíços, norte-americanos – principalmente – e de
outras nacionalidades que começam a se perfilar para integrarem a “Lobito
Atlantic Railway” (LAR) que explora este corredor ferroviário e a sua ligação
ao porto do Lobito, bem como o interesse o Interland Africano em aproveitar
esta importante infra-estrutura.
Sobre Luís Montenegro, enquanto líder do PSD (Partido
Social Democrata) em Portugal, a sua posição em relação a Angola, era uma, a de
relações entre partidos e organizações políticas luso-angolanas. Naturais, ou
estas não fossem muito cordiais – diria, muito boas – entre o PSD e Angola, com
algum especial destaque, para as relações entre o PSD e o Governo de Angola
(liderado pelo MPLA).
Agora, já, propriamente, sobre a visita de Montenegro,
enquanto primeiro-ministro, pode ser interpretada através do prisma do realismo
político e das relações bilaterais. Montenegro tem enfatizado a importância das
relações de Portugal com os países africanos de língua portuguesa, mas a sua
abordagem pode ser sensível ao contexto político interno de Angola e às suas
implicações para a oposição.
Por isso, ainda que, porquanto observador angolano possa
considerar pouco cordial, já como analista e académico o não ter mostrado “capacidade”
para falar com a oposição angolana, pode ser visto como um reflexo de uma
estratégia política mais ampla que evite evidenciar posicionamentos que possam
ser considerados intervencionistas e, ou, intromissores.
Essa hesitação pode ser motivada pela preocupação com as
repercussões que uma tomada de posição pública possa ter em termos de
diplomacia ou estabilidade bilateral. Além disso, muitas vezes, figuras
políticas optam por não se envolverem em dinâmicas internas de outros países
para não comprometer as relações diplomáticas ou para evitar acirrar tensões e
criar novos “casos irritantes” que possam levar a consequências imprevistas.
Assim, a posição de Luís Montenegro e do PSD em relação a
Angola poderá ser entendida no contexto das dinâmicas políticas e económicas,
bem como das suas implicações para as relações bilaterais e a segurança
política numa região já marcada por suas próprias complexidades.
E o recente “debate” que as ONG da Sociedade Civil
levantaram aos Procuradores-gerais de Angola e Portugal sobre Isabel dos Santos
e os activos nacionalizados e vendidos por Portugal e ainda – supostamente –
não canalizados para Luanda, é mais um facto que leva – presume-se – a posição (equi)distante
de Montenegro face à Oposição Angolana e à comunicação com as questões levantadas.
Daí que, repito e tendo em conta uma recente análise do
Africa Monitor, sobre o referido distanciamento de Montenegro face à Oposição –
não se sabendo que entre Montenegro e Adalberto Costa Júnior parece haver uma
ligação directa entre ambos, enquanto líderes partidários –, a posição do
primeiro-ministro português, não surpreende.
Realmente, como poder-se-ia surpreender quando, antes da
visita, a Amnistia Internacional e a própria UNITA solicitaram a Luís
Montenegro que, e cito de memória,
em vésperas da sua visita a Angola, que aproveitasse a ocasião
para abordar com as autoridades de Luanda, várias questões relacionadas com os Direitos
Humanos e com as liberdades cívicas e políticas que, na opinião deles,
consideram estarem, de forma sistemática, a ser violadas pelo regime.
Ora, sejamos honestos, como poeria um primeiro-ministro que
ainda está nos primeiros degraus da sua liderança política, ir, logo na sua primeira
visita a Luanda (e a Benguela – parece que se esqueceu que Lobito é a sede do
ois empreendimentos; pelo menos não li que tivesse ido à minha cidade, ou
estarei errado… também…) –, criassem um… irritante?
Até lá,…
Lx, 8.Agosto.2024
21 fevereiro 2024
Textos do "Pululu" bloqueados
«O meu blogue "Pululu" foi hoje alvo de uma razia pelo Blogger: 22 textos foram bloqueados sob 2 desculpas simultâneas de, e cito: «Determinámos que a mensagem viola as nossas regras [da comunidade] e anulámos a publicação do URL» e o «seu conteúdo violou a nossa política de Software malicioso e vírus» (e os outros textos não estão afectados?).