22 junho 2004

Óscar Ribas; a minha homenagem

Ao Homem da oralidade Lusófona a minha singela homenagem através de um conto e um provérbio angolano extraídos da obra Misoso, 1º. volume:

A Pasta
Um homem vivia sem trabalho. Um dia, depois de muito penar, foi admitido ao serviço de uma senhora. Mas ela não lhe dava comida. Quando se lamentava, a senhora perguntava-lhe se não fora ele quem se havia oferecido.
Com a falta de alimentação, ainda agravada com o labor, morre pouco tempo depois. Na sua crueldade, a patroa despreza o cadáver.
Um estranho,vendo o corpo ao abandono, sente piedade por tamanha desventura. Coitado, nem tinha quem o enterrasse. De onde seria?
Ao removê-lo, uma pasta de mateba lhe sai da algibeira. Abriu-a com indiferença. Mas, em contraste com a sordidez do morto, encontra dinheiro, bastante dinheiro.
A senhora tem conhecimento do caso. Quer metade da quantia, o serviçal era seu. Acremente, o desconhecido censura-a da sua desumanidade: - Por que desprezara o cadáver? Se sentira nojo por ele, também devia sentir nojo pelo seu dinheiro!
E ficou com a pasta.

Provérbio:
1. Bonga xitu, makamba ma-ku-tenene; bonga mulonga, makamba ma-ku-lênga. (Apanha a carne, para que os amigos se te completem; apanha calúnia, de ti fogem os amigos)

Resumindo:
Muito tens, muito vales; nada tens, nada vales.

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