foto retirada do sítio Instituto Camões
Durante a inauguração da exposição "Portugal Novo", no renovado Centro Cultural Português, que agrupa pinturas de Paula Rego e Julião Sarmento, fotografias de Helena Almeida e Jorge Molder, e uma escultura de Rui Chafes, José Sócrates afirmou que Portugal estava a dar mostras da sua modernidade ao apresentar aos angolanos estas obras que representam, segundo suas palavras, o “mais moderno que há nas artes plásticas” de Portugal; – penso que continuo demasiado agarrado a arcaísmos culturais para ainda hoje, olhando a pintura de Sampaio, efectuada por Paula Rego, não a conseguir discernir convenientemente; é que, desde sempre, me pareceu mais uma caricatura que um retrato, mas quem sou eu para criticar uma obra de arte?
Pois, uma nova modernidade ecuménica por certo. Perdão, queria dizer, económica. Só assim se entende que na sua comitiva só fossem empresários – leia-se economicistas e homens de dinheiro – e nada de cultura ou outras actividades, como médicos, por exemplo, para ajudar a quase pandemia em que se está a tornar o surto de cólera.
Ou será que Sócrates já sabia que uma editora portuguesa ia oferecer 5000 volumes à Biblioteca Nacional e Angola, em Luanda, e isso bastava para solidificar a cultura junto de Angola?
Ou será que para Sócrates, Angola é um país onde a cultura é uma palavra vã?
Só assim pensará quem não sabe que da zona de Angola saiu, também, a génese do samba, entre outras manifestações de cultura.
Pelo andar da carruagem o governo de Sócrates deve pensar que Angola não precisa da cultura portuguesa. Ou será que esta ainda tem alguma coisa para oferecer?
Mas Angola tem. Daí ter inaugurado, ontem, uma exposição de artistas plásticos em Lisboa e haver muitas outras espalhadas por Portugal.
Não temos receio de mostrar a nossa cultura. Será pobre? Seja, mas existe…
2 comentários:
Caro Eugénio, a visita de José Sócrates a Angola é feita com o descarado propósito de "sacar" uns chorudos negócios e mais nada.
É evidente que Portugal só tem a ganhar com um relacionamento comercial intenso com Angola, não é isso que eu quero pôr em causa. Os negócios já deviam estar a ser feitos há muito tempo (desde muito antes da chegada dos chineses àquele país africano) sem precisarem do "empurrão" de Sócrates.
Uma visita oficial de um primeiro-ministro tinha a obrigação de abranger muitas outras "vertentes" (para utilizar uma palavra da moda), já que as relações entre nações não podem ser feitas só de negócios. Ainda por cima tratando-se de Angola, que não é um país qualquer para os portugueses.
Pobre, a cultura angolana ?!? Nunca! Aliás, não existem culturas pobres. Poderão é não ter tanta visibilidade como outras.
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