Se há algo consensualmente do mais dinâmico, aglutinador ou exportador isso acontece com a Língua de um Povo, de uma Cultura ou de uma indistinta Comunidade.
E a Língua portuguesa é, talvez, das mais dinâmicas nesse estágio. Só assim que compreende que o occipital inferior que liga – ou deveria ligar – a parte erecta do ser Humano à parte mais flexível do mesmo tenha, consoante a cultura base diferentes expressões mas entendíveis por todos: como Mataco, em Angola, como Bunda, no Brasil, ou como Peida ou Sim-Senhor, em Portugal.
E ninguém questiona se está bem dito ou não e muito menos o seu significado. Como ninguém se atreve a dizer que pelo Acordo – ou desacordo – Ortográfico estas expressões devem ser automaticamente alteradas só porque se diferem na forma, na síntese, mas não no conteúdo. Sabe-se que o Acordo Ortográfico entrou oficialmente em vigor em três – quatro – Países lusófonos e que dois ainda mantêm uma discreta tendência de deixar andar o barco porque é sua opinião que como dinâmica que é, a Língua acabará por se harmonizar não só na escrita – o que está mais em causa – como na maneira de falar. Portugal, também adoptou a partir de 1 de Janeiro deste ano, tal como o Brasil, Cabo verde e São Tomé e Príncipe, os princípios dos Acordo Ortográfico, acordado por académicos e políticos que se juntaram numa escura câmara conclaviana onde adoptaram as novas formas de escrita. Desde o início, e ao contrário de dois bons amigos, os jornalistas Orlando Castro (de origem angolana) e Aly Silva (Bissau-guineense), que considerei oportuna uma harmonização da escrita toldada, reconheça-se, pelos portugueses no princípio da década 10 do século passado quando alteraram uma série infindável de palavras sem consultar os seus irmãos do Brasil. A Língua, qualquer Língua viva, é um ser vivo dinâmico, aglutinador e exportador por natureza. Quantas palavras ou termos há no léxico do Português, importadas do Brasil, de Angola, de Moçambique, da Guiné-Bissau, ou dos crioulos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e Timor-Leste? Ou de outras raízes que não Lusófonas? Ninguém duvida disso nem o questiona. Algumas entraram no vocabulário português mais depressa que as de origem Lusófona. E com isso recordo deliciosos termos frutícolas da anatomia humana como o “Airbag frontal” para definir, Mamas, Tetas, Chucas ou Abono de Vida; já para não falar das “Bolas” também reconhecido, por Tomates, que caracterizam, o Pai da Humanidade, o Pau, o Zezinho, ou o Sempre-em-Pé! E tudo porque a agência portuguesa Lusa decidiu, apesar da derrogação que Portugal impôs de levar a alteração ortográfica em deslize até finais de 2014, de adoptar já a nova terminologia. Se isso está a acontecer, reconheço que ainda não me apercebi. Talvez porque muitos dos termos escritos já nos soavam de acordo com a nova forma escrita – Vi(c)tor, Ba(p)tista, a(c)cão, fa(c)to e fato, etc. – que nem reparamos. Ou, então, o retrogradismo que quem retranscreve os textos da Lusa, ainda não alteraram a correcção automática do Word e reescreve com a antiga terminologia Tuga! Meus caros leitores, não façamos da Língua, e aproveitando a época, uma questão Carnavalística. E se me permitem, gozem os três dias de Carnaval que se aproxima abanando folionicamente o Mataco, siracotiando a Bunda, ou mexendo o Sim-Senhor. Cá por mim, e porque a vida são só dois dias e o organismo não me deixa, nesta altura, fazer mais e se o tempo o deixar, vou sentar o Mataco, num qualquer areal à beira-mar aspirando o delicioso ar africano que me vem do Sul, lendo um Bom Livro. É que qualquer que seja o tipo de obra, espectacular ou péssima, é sempre com agrado que registarei bem registrado o seu conteúdo. O que para mim pode ser meio desagradável pode para outros ser uma refrescante e simpática leitura de fim-de-tarde ou pré-almoço. Daí que uma leitura acabe sempre por ser boa! Vamos deixar de ser utópicos e compreender, de vez, que já há muito alterámos a escrita e a fonia portuguesa, uma das que une mais Povos, Culturas e Usos e Fusos diversos e diferenciados. Parafraseando um poeta lusófono, acrescentando algo da minha lavra, se a Minha Nação é Angola, a Minha Pátria é a Língua Portuguesa. E onde a ouvir estarei sempre em Casa!
Não sei se repararam, caros leitores que o texto acima, excepto na parte evidenciada, está escrito de forma corrida num único parágrafo. É que o mesmo foi-o feito – escrito, digitado, – em formato SMS, como num Telemóvel e enviado via Celular depois de tocado a tecla “Enviar” do meu Móvel! Três palavras, o mesmo sentido e compreendido por todos!
Texto inicialmente publicado no , de hoje, podendo aceder por aqui, onde poderão deixar os Vossos pertinentes comentários.
3 comentários:
Assim, meu caro, poderemos continuar de facto (ou de fato) de barriga cheia de filé (ou bife), conscientes de que as enquetes (ou sondagens) serão favoráveis aos adeptos (ou à torcida) que usam celular (ou telemóvel). E, pelo sim e pelo não, tiremos do freezer (frigorífico) uma fotocópia (xerox) do acordo ortográfico. E, já agora, brindemos com um fino ou com um choupe.
Por cá pouca coisa mudou. Aliás, penso que a Microsoft, com todo o seu potencial intelectual, já devia ter atualizado a ortografia segundo as novas regras para os países de Língua Portuguesa. Mas nada. Dia-a-dia as pessoas continuam com o mesmo modo de escrever como antes do acordo. Nos trabalhos digitados, nosso Word segue as antigas regras e nossas escolas continuam a consultar os tratados para não errar no ensinamento da nossa Língua vernácula. Mas vejam: não significa que todos na escola adotem a nova regra. Para todos os efeitos valem a nova e a antiga. Acho interessante que tenhamos uma Língua para os documentos internacionais, mas que se respeite as particularidades de cada nação. Afinal, quem define uma Língua senão o seu povo?
Abraços a todos vocês.
Conheço mais dois ;)
-Rabiosque
-Sim senhor
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