"As Nações Unidas e os principais países que formam este areópago global que é a nossa Casa, a Terra, têm, e sempre o fizeram sempre que as circunstâncias e as oportunidades de interesses particulares se sobrepunham aos valores mais globalizadores, declarado guerra a todas as formas de terrorismo.
Nada mais natural. Não é permissível que o terror se sobreponha a um nível de vida cível onde a cultura da Liberdade seja colocada em causa.
Todavia, nem sempre o terrorismo é caracterizado, como habitualmente nos oferecem os meios de comunicação social e os indiferenciados meios governamentais, pela existência de veículos de terror bélico, como, por exemplo, o que tele-assistimos no Afeganistão, no Sudão, ou, mais recentemente, no estúpido e inaudito ataque das autoproclamadas FLEC-PM à comitiva do seleccionado do Togo que ia estar presente no CAN2010, na província angolana de Cabinda.
E se os momentos de terror que se verificam no Afeganistão e no Sudão se devem a razões religiosas, primeiras, económicas e territoriais como segunda razão, em Cabinda sobrepõem-se razões territoriais e económicas e, que muitos se esquecem porque se esquecem da História, antropológicas.
Muitos esquecem-se que cerca de 2/3 de Cabinda pertenceram ao antigo Reino do Congo, cuja sede era em Mbanza Congo, na província angolana do Uíge. Esquecem-se alguns cabindas, como se esquecem muitos angolanos, principalmente aqueles que estão sentados na gravitação do Poder.
Mas não se esquecem, por certo, todos os bakongo (os (ba - congo) caçadores), dos dois lados da fronteira, nem aqueles que, em Angola, no longínquo dia de 22 de Janeiro de 1993 foram perseguidos só porque falavam mal – ou deficientemente – português. Isto também é uma forma néscia de terror, logo terrorismo. Não se esquecem os bakongo, como não se têm esquecido ao longo dos anos com a criação e reactivação periódica do grupo político ABAKO (Alliance des Bakongo, criada por Joseph Kazavubu, nos anos 50 do século XX, e que visava a união de todos os bakongo).
Por isso alguns se insurgem quando afirmo que por detrás de alguns dos grupos separatistas cabindenses estão não só indivíduos de Cabinda mas, principalmente, interesses dos dois Congos (Democrático e Brazza) na perspectiva de uma possível divisão do território entre ambos tal como chegou a ser debatido no finais da década de 60 inícios de 70, do século XX, entre os regimes de Marien Ngouabi, do CongoBrazza, e Mobutu, do Congo Democrático, ex-Zaire. Isto, apesar do primeiro se intitular socialista e ter criado a República Popular e o segundo ser apoiado pelas sucessivas administrações norte-americanas que, desde muito cedo, exploraram e exploraram o petróleo de Cabinda.
É certo que constatamos que as armas predominam no explanar do terror. Foi e tem sido essencialmente assim. Mas também sabemos e a História africana é pródiga em o confirmar que os terroristas de ontem são os heróis de hoje e sê-lo-ão os de amanhã. Foi-o na Palestina, foram-no os maquis em França, na 2ª Guerra Mundial, foram-nos os movimentos de esquerda na América Latina, como o foram os pais da Liberdade nos EUA, para já não falar nos diferentes movimentos emancipalistas que vingaram em África e que deram novos Países ao Mundo. (...)" (continuar a ler aqui)
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