Catorze grupos alegóricos desfilaram na pista do 4 de Fevereiro, à Marginal. Doze fizeram-no sob a musicalidade e o ritmo do Semba e duas sob a batida da Kazukuta.
Pode-se, por isso dizer, que o grande vencedor foi o Semba.
Mas houve outros claros vencedores.
As multicoloridas roupas, o ritmo – apesar de achar que 25 minutos por turma foi um pouco exagerado, pelo menos a nível de televisão, mas que é sempre pouco para os espectadores que iam dando uma perninha –, alguns carros alegóricos – um deles, creio sambila, que colocou uma latinha com a sigla GPL por causa da reconstrução de Luanda, foi bem achada – e os dois grupos finais que encerraram o desfile…
A própria TPA que nos ofereceu dois acontecimentos quase em simultâneos, o Carnaval de Luanda e o de Baía farta, na província de Benguela. Se foi uma vencedora em termos de espectáculo, voltou a pecar por um defeito que há muito venho constatando: o som. De facto, por vezes, ora estava muito alto ora tremendamente baixo, não permitindo compreender bem os intervenientes, nomeadamente os coros dos cantores em desfile.
E, aqui, houve outro erro, ou pelo menos, deveria ter sido tomado em conta que – como os próprios locutores o confirmaram – nem todos falam kimbundo. Deveria a Ministra da Cultura, Rosa Cruz Silva, incentivar, a par da língua regional – desculpem não dizer nacional porque essa é, deve ser, parte da Nação Angolana – o português. Não esqueçamos que um dos grupos juntou além de angolanos, brasileiros, portugueses e alemãs; e não me parece que, estes, nomeadamente estes últimos, saibam mais que um rudimentar português.
E por falar na Ministra da Cultura, pareceu-me ver na minha patrícia – permita-me esta liberdade – um pouco de nostalgia, talvez a pensar naquele que foi considerado como o segundo mais belo e importante Carnaval do Mundo – que querem, é a imodéstia a falar – o do Lobito. O que vale, e aqui, uma vez mais o meu lamento pela sonoplastia – é assim que se diz? – da TPA que me pareceu ouvir que o grupo que fechou o desfile de Baía Farta era do Lobito.
Já agora que falamos em personalidades, não posso deixar de sublinhar o semblante de quem se estava claramente a divertir – está bem, chamem-me o que quiserem que estou para aí virado… – de Eduardo dos Santos em contraponto, por exemplo à segunda figura de Estado, o vice-presidente Fernando Piedade que apesar de estar todo à desportiva mostrava um enfado enorme; como não o conheço até pode ser assim mesmo. Mas outros houve que mostravam o quanto pareciam estar ali por frete…
Amanhã saber-se-á qual foi o grupo vencedor; quem sucederá à União Kiela, uma das três, creio, pelas razões já anteriormente evocadas, que cantou em português. No ritmo, não há dúvida, foi o Semba!
Nota: de acordo com a ANGOP, o grupo "Unidos do Caxinde" destronaram a "União Kiela" por 7 pontos. Em terceiro terá ficado a "União Sagrada Esperança". Aos vencedores e a todos os meus parabéns.
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