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27 maio 2007

Devemos enterrar o 27 de Maio!

No dia em que passam 30 anos sobre o chamado “Golpe de Nito” deverá ser altura de “todos os angolanos encerrarem este processo que hoje o matutino português traz para “Tema da Semana” com uma entrevista a um dos comandantes cubanos que, na altura, estava em Luanda – Rafael del Pino, autor de “Proa a la Libertad” (Rumo à Liberdad) – e que apresenta o Golpe como um “jogo de poder” entre cubanos e soviéticos o que vem reforçar a ideia que Agostinho Neto não morreu, em Moscovo, devido à doença que padecia e que levou à mesa de operações mas que terá sido vítima do jogo soviético e, como tal, morto na referida mesa de operações (um assunto nunca cabalmente esclarecido).
Sobre o 27 de Maio de 1977 talvez seja altura de todos os que nele participaram se juntarem num conclave nacional, tipo Comissão de Reconciliação e de Verdade, e todos, mas TODOS, expiarem as suas culpas – aqueles que participaram no Golpe e os que purgaram no pós-golpe –, permitir às famílias enterrarem os seus mortos ou, pelo menos, fazerem o luto oficial – muitas hão que desconhecem onde estão enterrados os seus entes queridos vitimados (foram cerca de 30 mil as vítimas) nas purgas posteriores ao Golpe – e, finalmente, reconciliar a sociedade.
Há que acabar, de vez, com situações como as que conta o jornalista Rafael Marques no mesmo matutino português e dar oportunidade de milhares de famílias obterem as certidões de óbito dos seus familiares desaparecidos.
Não basta dizer que a Guerra acabou quando na Sociedade ainda persistem feridas muito graves por sarar!
Porque uma sociedade onde todos os anos o espectro do 27 de Maio ressurge e sempre com cargas emocionais traumática e, por vezes, desmesuradas, uma sociedade onde não haja entendimento nem reposição da verdade, reabilitação da injustiça, reconhecimento das responsabilidades individuais e colectivas, do pedido genuíno do perdão – e este deve ser feito por todos os que estiveram no Golpe – será uma sociedade castrada.
Citando, uma vez mais Rafael Marques só quando isso acontecer haverá um processo “genuíno de reconciliação” e, finalmente, os mortos poderão “repousar na memória colectiva da sociedade, ser emocionalmente enterrados pelos seus entes queridos e justificar o perdão a mandantes e carrascos”.
É altura de todos olharmos para Angola como um País que enterrou todos os seus dramas.
Assim o queiram! assim o possamos forçá-los!
Artigo inicialmente publicado no

27 janeiro 2007

Angolana é a adjunta do PGR, em Lisboa

Francisca Van-Dunem, angolana refugiada em Portugal, desde as purgas do 27 de Maio de 1977, e até ontem a responsável pela Direcção Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa é a nova representante distrital do Procurador-geral da República (PGDL), em Lisboa.
A nova Procuradora-geral Distrital foi eleita, em votação secreta, pela maioria dos membros do Conselho Superior do Ministério Público. De registar que, em Agosto, a jurista angolana chegou a ver o seu nome ventilado para o cargo de Procuradora-geral da República em substituição de Souto Moura.
A nova Procuradora distrital esteve em evidência por quando da carta de Pepetela quando este afirmou nunca ter participado na repressão do 27 de Maio mas, tão somente, na criação de uma comissão criada para analisar os depoimentos dos detidos na altura dos acontecimentos que levaram à morte de Nito Alves.
Também em Outubro de 2005 não teve problemas em afirmar aquilo que Cavaco só o afirmou cerca de um ano depois: em Portugal, a população considera que "a pequena corrupção é endémica na administração pública" ou seja, a nova PGDL afirmava que havia corrupção em Portugal.
Só esperemos que o facto de ser uma sobrinha de Eduardo dos Santos, conforme já está a ser sublinhado, não lhe traga alguns escolhos nesta sua nova missão.

27 maio 2006

Foi há 29 anos!

Ainda alguém se lembra desta data, do que aconteceu em 1977 e o que ela marcou para uma geração angolana?
Alguém já pensou em fechar esta ferida pondo frente-a-frente irmãos desavindos durante e posteriormente à crise e acabar com a eterna suspeição de quem teve e não teve razão?
Numa época de paz que se quer duradoira e fomentadora de uma harmonia social e política era bom que este assunto fosse encerrado desculpando-se uns e perdoando-se outros.
Já nada traz os que morreram. Limpemos as memórias e fechemos as feridas.
Não o esqueçamos, para que nunca mais aconteça igual, mas é mais que altura para encerrarmos o 27 de Maio.
É que foi já há 29 anos… que aconteceu o Nitismo!!!!

29 maio 2005

O 27 de Maio e os esclarecimentos que nunca chegam

Apesar de já terem decorrido dois dias desde o 28º aniversário do chamado “Golpe de Nito Alves” (estive fora do acesso aos chamados novos meios de comunicação) não posso deixar passar em claro esta data, considerada por muitos, como a mais negra da moderna História angolana não tanto pelo acontecimento em si – até porque nunca ninguém esclareceu cabalmente o que realmente se passou -, mas pelos desenvolvimentos (ou não) subsequentes ao mesmo.
Lembro-me de, há uns meses ter lido uma obra do historiador e cronista angolano Carlos Pacheco (Repensar Angola, edição Veja, 2000) onde ele a dada altura criticava que chamassem ao eventual golpe “uma teoria da conspiração urdida contra Agostinho Neto” assim interpretada pelos conselheiros mais próximos, Lúcio Lara, Iko Carreira (ao tempo Ministro da Defesa que acolheu as assinaturas de Neto para alguns dos fuzilamentos ocorridos no Grafanil) e Onambwe e que levou ao desaparecimento físico de Saydy Mingas, N’Zagi, Bula Matadi, entre outros, e, naturalmente, de Nito Alves.
Entre os diferentes artigos inseridos na obra acima, Carlos Pacheco, questiona o que realmente estavam a fazer os conspiradores no dia da insurreição, dado que no dia aprazado para o acontecimento seria, eventualmente, 20 de Maio e não quando sete dias depois como parece ter acontecido.
Note-se que Pacheco apesar das inúmeras questões que ao longo dos anos tem levantado, não questiona que Nito tenha eventualmente tentado um Golpe - até porque quem conhecia as suas ambições esse seria o passo mais importante que, logo que possível, o faria – mas sim se seria nesta data ou para mais tarde.
Como ele escreve, “(…) dia da insurreição Monstro Imortal achava-se no Ministério da Defesa (ora se Iko era o Ministro que fazia Nito lá?). Outros golpistas encontravam-se igualmente nas respectivas repartições. Que forças, afinal, é que saíram para a rua? (…).
Realmente é estranho. E mais estranho, ainda, se considerarmos as palavras proferidas por um jovem ex-militante do MPLA, vítima da repressão vítima da repressão que se seguiu ao Golpe: “De que é a culpa? Dos mais velhos, que estavam a ver tudo e empurraram os jovens para o abismo?
Igualmente interessante o artigo de Orlando Ferraz, no AngoNotícias, sobre a convicção messiânica de Nito Alves.
A História há-de ser feita e, provavelmente nessa altura, a caixa de Pandora que parece ser o Golpe de Nito, se abra com reflexos demasiado graves para muita boa gente. Uma associação sobre o 27 Maio, já existe na Net com temas interessantes sobre o assunto (como por exemplo “As 13 teses em minha defesa” alegadamente escritas por Nito).