Agora que o representante especial do Secretário-geral das Nações Unidas mudou, transmuda-se também a atitude francesa acerca da questão sarauí?
De facto, até há pouco tempo os franceses apoiavam a atitude crítica e oposicionista de Marrocos ao chamado plano Baker que parecia querer levar aquele longo conflito a uma solução conciliatória e garante dos interesses de ambas (que por acaso são três – há que incluir Argélia) as partes, além de ter o apoio da União Europeia e da OUA/UA (que note-se não tem no seu seio Marrocos devido, entre outros motivos, à questão do Sara Ocidental).
Recorde-se que o plano Baker previa um período de transição de cinco anos ao fim dos quais as tribos sarauís seriam consultadas em referendum sobre a sua integração, ou não, no Reino de Marrocos (estes desejavam que a referida consulta integrasse todos os residentes no Sara independentemente de serem ou não sarauís).
No entanto, e de acordo com a agência PANA o governo francês, através do porta-voz do Quai d' Orsay, Hervé Ladsous, afirmou que a "França é favorável à procura duma solução política realista e duradoura para a questão do Sara Ocidental aceite pelas partes no quadro das Nações Unidas", ou seja, começa a questionar a sempre aceite "marroquinidade" do território.
Tudo isto após o peruano Alvaro de Soto ter sido nomeado como o novo representante especial de Kofi Annan para aquela zona conflituosa de África, do rei Mohamed VI, de Marrocos ter mostrado plena disponibilidade para a resolução pacífica do diferendo e da reunião tripartida de Madrid entre o chefe de governos espanhol, Zapatero, e alemão, Schroeder presidente Chirac.
Ou seja, o governo francês continua na sua linha de uma política de equívocos e inoportunos voltes-face a que nos habituou, seja na Europa e dentro da União, seja, particularmente, no Continente Africano.
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