23 dezembro 2009

O que se passa na Diocese de Cabinda?

(Igreja Matriz de Cabinda, Cabinda, foto da Internet)


Periodicamente chegam aos nossos endereços electrónicos vozes e factos que parecem desacreditar a Igreja Católica, nomeadamente, na Igreja sedeada na província mais setentrional de Angola, Cabinda.

Desde a tomada de posse do actual Bispo de Cabinda, D. Filomeno Vieira Dias, que as críticas à actuação administrativa deste Prelado têm sido muito contundentes.

Não sei, porque não estou em Cabinda, se são reais ou meramente virtuais. Reconheço que quando lá estive em Maio ouvi críticas e aplausos à actuação do Bispo de Cabinda.

Ainda assim, e pelo menos no éter netiano, são mais as vozes que o criticam que as que o aplaudem.

A última prende-se com a suspensão do padre Raul Tati, em grande parte, segundo se constas devido à sua cruzada pela defesa do clero de origem Cabinda e pelo facto de ter, várias vezes, feito sentir ao Bispo, proveniente de Luanda, de provocar uma clara e necessária reconciliação com os fiéis e sacerdotes locais, condição vista como fundamental para que D. Filomeno Vieira Dias pudesse executar em plenitude a sua função pastoral e sacerdotal.

Se recordarmos que o padre Raul Tati é visto como uma respeitada figura moral do enclave e que chegou a ocupar a função de Secretário Geral da Conferência Episcopal da Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) aliado ao facto de ter sido Vigário da diocese e ter ocupado o cargo de Reitor do Seminário Maior de Filosofia, bem assim ser um defensor de maior credibilidade cultural dos cabindenses e o actual Bispo de Cabinda ser próximo de algumas figuras gradas do poder em Luanda e da “Cidade Alta”, talvez que não surpreenda estas situações.

Mas, parece-me, que a Igreja Católica deve evitar pregar como Frei Tomás: “faz o que eu digo não o que ele faz…” ou seja, não basta reclamar pelos Direitos Humanos nuns sítios e fechar os olhos ou abster-se de criticar em outros.

Talvez que uma conversa franca na Igreja de Cabinda entre os que defendem a autonomia e aqueles que consideram que Cabinda é parte integrante e indissolúvel de Angola não fosse má ideia. Às vezes uma simples e franca palavra vale mais que muitos actos de rebeldia ou de repressão.

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