Amanhã o Egipto vai referendar a nova Constituição saída
de um Parlamento dominado pela Irmandade (Fraternidade) Muçulmana.
De notar que este Parlamento resultou de um voto popular
livre e democrático. Isto se depois, o citado Parlamento não acabasse por ser
totalmente dominado pelos Islamitas e as normas de lá emanadas não sejam, primordialmente
próximas do dogma político-religioso que sustenta os Islamitas e o actual Presidente
que, também ele eleito democraticamente, tentou reverter a seu favor todas as
normas que pudessem autocratizar a sua vontade.
Segundo parece, a nova Constituição impõe a Sharia como
pedra basilar da vida política, social e de justiça dos Egípcios esquecendo,
assim, as outras correntes sociológicas e religiosas do País.
Uma parte qualitativa dos egípcios não deseja esta nova
Constituição que está ser imposta não só pelo Parlamento como, e
principalmente, pelo Presidente Morsi e seus aliados.
Ora, dever-se-á olhar para o caso egípcio num todo e não
só para a potência faraónica que emerge nas margens do Nilo.
Uma vitória de um certo fundamentalismo islâmico poderá
ser a vitória não de uma realidade política e social e religiosa) mas o fim de
toda uma realidade política que emergiu na Tunísia e que é (re)conhecida como a
Primavera Árabe.
Recordemos como uma pequena faísca se tornou numa enorme
queimada rejuvenescente e progressiva do Atlântico à margem oriental
mediterrânica e ao Gofo pérsico.
Se na maioria dos países por onde essa onda
rejuvenescedora se estabilizou, na Síria os rebeldes tentam derrubar o regime
de Bashir al-Assad – na realidade é um regime Baath (do Partido Árabe
Socialista Baath), inicialmente liderado por Hafez al-Assad (o pai) – e estabelecer,
segundo eles, um regime mais democrático, no que é apoiado por pretensos amigos
da Síria onde se encontra o Ocidente.
Todavia, a realidade mostra que talvez, e uma vez mais,
que o ocidente pode estar a apostar num “equídeo errado” e que, tal como na
Líbia o resultado pode ser diferente do esperado.
Actualmente, tal como no Egipto a Síria tem no seu seio
diferentes correntes política e, principalmente, religiosas que, conforme as
referidas correntes e os interesses instalados, se movimentam com maior ou
menor liberdade.
Ora os rebeldes têm mostrado que defendem uma maior
implementação dos dogmas islâmicos no país, particularmente os de maior
reaccionalidade e ortodoxia. Bem ou mal são acusados de gozarem de apoio declarado
do Irão.
Tendo por mostra o que se passa no Egipto será que o
Ocidente vai continuar a defender o fim do regime de al-Assad em nome de uma
pretensa maior liberdade democrática tendo já em conta alguns dos actuais
resultados, inclusive, nos países vizinhos?
Veremos se amanhã no referendo irá vingar o
fundamentalismo ou o bom senso, porque neste resultado não estará só a vontade
dos egípcios como a estabilidade de toda uma enorme região – o lago
mediterrânico…
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