Já que em Cuba os países Não-alinhados estão reunidos para debater os problemas que grassam no seu seio, não faria sentido que, não tendo sido convidado para a XIV Cimeira dos ditos me pronunciasse.
Mais a mais, e neste momento, nem sei se ainda existe o “não-alinhamento” segundo a original génese de Tito, Nerhu e Nasser e dos Dez princípios de Bandung.
Os africanos, quase todos em geral e sem excepção (as excepções que confirmam a regra serão o senhor Mugabe – interessante, ultimamente pouco se tem ouvido do Zimbabué – e El Beshir, do Sudão), estão alinhados segundo os interesses ou do FMI ou do G8 – noblesse oblige; na Ásia, a própria China não tem problemas em continuar a se considerar um “Não-alinhado” tendo em vista a sua melhor penetração no seio dos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos (leia-se paupérrimos) enquanto outros têm relações priveligiadas ou com a Rússia ou com os EUA e aceitam o estacionamento e a presença de forças estrangeiras no seu solo; na América latina, aqueles que não estão contemporizando directamente com os EUA, fazem-no através da Mercosur – hipocrisia máxima.
Dado que, na prática, o actual Movimento dos Não-alinhados deixou de fazer sentido não seria mais plausível aceitar a sensata proposta do presidente Mbeki, feita na cimeira de África do Sul, em 1998, e aprofundar a força do G77, o movimento que agrupa os países em desenvolvimento?
Penso que só assim os países pobres poderão fazer frente às suas descomunais dívidas e provocar no seio da OMC uma melhor partilha da riqueza mundial.
Não basta ser a Organização que, a seguir à ONU, mais países engloba. É necessário saber conciliar as diferentes sensibilidades que geram no seu seio. Saber qual a posição que deverão tomar na Assembleia-geral das Nações Unidas quando o Conselho de Segurança bloqueia certas directrizes.
E isso, os tais “Não-alinhados” não o têm sabido – ou o não querem – fazer.
Basta lembrar como o processo descolonizador conseguiu passar nas Nações Unidas…
Bom, eu disse que iria ficar “não alinhado” mas existem certas hipocrisias que mesmo um analista internacional não consegue digerir.
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