(imagem ©daqui)
Um pequeno artigo do Jornal de Notícias despertou-me, uma vez mais, para uma realidade cada vez mais evidente de África continuar a ser a lixeira dos outros.
O referido artigo considera o continente africano, o “pobre continente africano” como o caixote de lixo dos países ricos.
Nada mais errado.
Somos isso sim o caixote de lixo de todos os outros e de nós mesmos.
Somos nós que não sabemos manusear os detritos diários e os resultantes da pouca actividade económica no continente. Além de não sabermos fazemo-lo mal e despreocupadamente. Perdemos a nossa ancestral matriz de respeitar os que lá vêm depois de nós.
E ao não sabermos fazer bem, ainda nos damos ao luxo de, a troco de umas suculentas migalhas devidamente colocadas em bancos de primeira ordem em locais devidamente seguros, recebermos aquilo que os países mais industrializados e os de desenvolvimento médio despejam.
É que nesses países o tratamento de perigosos resíduos industriais e tóxicos é caríssimo – qualquer coisa como cerca de 10 vezes mais que em África –, preferindo confrontar com pequenas, e por vezes ridículas quando está em causa o Ambiente, multas que possam ter de pagar pelos transportes em obsoletos e cadavéricos barcos, alguns dos quais servem de caixão para os resíduos, ou deixá-los algures a marinar numa qualquer baía de um qualquer corrupto país pobre e, de preferência, em crise ou em guerra.
Que se lixem a Convenção de Basileira ou a de Estocolmo sobre resíduos tóxicos e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climática.
Porque enquanto acontecerem nos outros os derrames tóxicos, os nossos terrenos e os nossos mares estarão sempre livres. Pague-se as multas e as migalhas.
Ainda se perde tempo em fazer Convenções sobre o tráfico de resíduos tóxicos…
Sem comentários:
Enviar um comentário