Agora falta saber se teremos civilidade política para aceitarmos o debate com correcção e não-coacção aos “contrários” e que o desejo do Presidente se cumpra, ou seja, que a vontade do povo angolano se possa exprimir "com verdade e sem limitações nos dias 05 e 06 de Setembro de 2008, nas eleições legislativas que serão oportunamente convocadas".
Apesar de não poder votar por estar na Diáspora vou estar atento e não vou deixar de tomar a minha posição cívica. Ainda que isso possa incomodar alguns…
Já agora registe-se a vontade do Presidente que a Polícia Nacional seja o garante da ordem pública, pelo que tem de dar o exemplo pautando a sua conduta no respeito pela vida humana e pela propriedade pública e privada. Será a única forma da população votar sem medos segundo um clima de paz e harmonia e fraternidade entre os diferentes (por isso é que parece já terem começado certas alegadas perseguições)..." (continuar a ler aqui ou aqui).
1 comentário:
A história da humanidade nos revela um registro das lutas entre as classes em que raríssimas vezes mostram vitória dos oprimidos contra o opressor. O opressor se reveste sob o manto do capitalismo onde a democracia está associada à atividade econômica, cujo discurso é o do velho liberalismo de John Locke e que foi transformado por Adam Smith em instrumento de manutenção das desigualdades, muito parecido com o que hoje é chamado de neo-liberalismo. Os pensadores desta linha ideológica querem transformar o mundo num imenso shopping onde todos devem se posicionar enquanto consumidores. Pois bem: “após o período em que a história do mundo ocidental foi marcada pela intervenção dos governos para regular a atividade econômica, vivemos agora a onda da liberdade de mercado (Cunha, 2001)”. Ironicamente os governos sustentam esse regime como sendo o da liberdade individual para todos. Ora, liberdade não é um conceito formal, à parte da história, pois sempre diz respeito “a alguma classe ou grupo que está a sofrer... alguma forma de constrangimento resultante da distribuição de forças na sociedade contemporânea (Dewey, 1970)”. Liberdade “significa libertar-se da insegurança material e das coerções e repressões que vedam as multidões de participar dos vastos recursos materiais disponíveis (idem)”. Ora, a idéia de liberdade comunga com a idéia de um mundo mais justo e menos desigual, no que se refere não só a direitos constituídos, mas também e principalmente à distribuição de bens materiais (Cunha, 2001). No início dos anos de 1930 John Dewey disse que a democracia é muito mais que um regime garantido por certos procedimentos formais, como se fosse um game que se ganha por seguir as regras. Ele diz que “o problema da democracia faz-se o problema de uma forma de organização social, estendida a todas as áreas e modos de vida, em que as potencialidades dos indivíduos não somente estejam livres de constrangimento mecânico externo mas sejam estimuladas, sustentadas e dirigidas (Dewey, 1970). Com efeito, democracia não é garantir o direito de um povo escolher oferecendo-lhe apenas uma opção, mas garantido-lhe o direito de ser também opção e garantido-lhe acesso ao que escolheu. Angola saberá posicionar-se diante de um momento histórico e o povo precisa tomar parte do processo fazendo valer o seu direito democrático na história. O povo angolano, assim como todos os povos oprimidos, não deve aceitar como natural a mutação ideológica de que a democracia deva tornar-se um conceito meramente econômico. Avante angolanos! Conquistais a democracia e superai o velho liberalismo para garantir que todos tenham vida plenamente. Estou na torcida. [Ref. Bibliográfica: Cunha, Marcus Vinicius da. John Dewey - A utopia democrática/Rio de Janeiro: DP&A, 2001.].............Rildo Ferreira do Brasil: www.pedagogosdofuturo.blogspot.com
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