Diz
a Constituição moçambicana, como todas as modernas Constituições, que o
Presidente só pode exercer durante dois mandatos.
Ora
o actual presidente moçambicano, Armando Guebuza, terminará o seu segundo
mandato dentro de pouco tempo e, constitucionalmente, não pode voltar a
recandidatar-se nem, segundo as suas palavras, deseja alterar a Constituição
para que tal fosse possível.
Todavia,
e os políticos encontram sempre um “mas” para dar a volta ao texto, se a
Constituição não permite que o presidente tenha mais de dois mandatos, já nos
partidos tal não se verifica.
Tal
como em Angola, também em Moçambique, é habitual o líder do partido ser o
candidato natural à presidência do País. Tem sido até agora assim. Tem sido,
mas…
E
aqui vem o “mas”…
Desta
vez, e ao contrário dos seus antecessores, Guebuza– se tudo decorrer com
normalidade no Congresso que hoje se inicia – não vai deixar a liderança da
FRELIMO, apesar de não poder – nem desejar, como já o disse anteriormente –
continuar na presidência por mais um mandato.
Mas
se Guebuza não vai ser, de novo, candidato e sabendo que a FRELIMO deverá ser,
de novo, – porque será? – o vencedor do pleito eleitoral – a não ser que, e
desta vez, haja mesmo surpresa – e subsequentemente fará eleger o seu candidato
– e é aqui que pode acontecer a surpresa porque não se vislumbra, no imediato, quem
terá carisma para suceder, dentro do partido maioritário, a Guebuza – é evidente
que como líder da FRELIMO, o futuro “antigo presidente” aparecerá perante os
moçambicanos como o mestre de cerimónia que mexerá os cordéis na penumbra do
Poder.
Ou
seja, sem ser presidente, Guebuza manterá, inequivocamente e caso a FRELIMO
vença, o verdadeiro Poder!
Uma
inequívoca e perfeita alteração Constitucional sem nela mexer!
2 comentários:
A Frelimo é manhosa demais, ensaiou uma mudanca na Constituicao para ver as reacoes, e como elas nao foram boas usou melhor o cerebro... Na verdade Guebuza é pior que a Frelimo, tanto é que os seus colegas de partido revoltaram-se num caso inédito. E aumentou a ditadura na Frelimo, se ele tivesse vergonha nao insistiria em ficar, mas a ganancia cega... A esperada tragedia dos recursos naturais comeca aqui...
Isso me lembra o exemplo da Rússia com Vladimir Putin e seu comparsa, o Dmitri Medvedev...
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