Quer-me parecer que esta polémica relacionada com o cidadão Carlos Manuelde São Vicente e a eventual cativação de contas na Suíça e o comunicado da Fundação António Agostinho Neto (FAAN), ainda vai criar um bom imbróglio à Fundação.
Primeiro o cidadão em causa, quer a FAAN queira, quer não queira é genro do
Dr. António Agostinho Neto (AAN) (mesmo que o casamento tenha sido pós-morte do
primeiro Presidente de Angola – a redundância, logo na primeira linha de terem
escrito "república popular", ainda por cima, em letras minúsculas,
porque era mesmo nome da República e não, só, o tipo de sistema, faz parecer
estarem saudosos desta tipologia republicana – não deixa de ser genro; salvo se
está separado da filha de AAN e não o sei);
Segundo, o cidadão em causa, creio que não está detido, nem é arguido na Suíça
ou em Angola – e só me refiro à cativação dos cerca de 900 milhões de dólares
das contas particulares do antigo presidente da seguradora da Sonangol, a AAA,
S.A.– mas as autoridades suíças aguardam por clarificação da proveniência dos
referidos fundos;
Terceiro, a FAAN em vir a terreiro fazer as acusações que está a fazer de
falta de respeito pelo primeiro Presidente de Angola, num caso de Justiça que,
por acaso, tem como figura principal um genro de AAN, é não só absurdo, como
parece ser extemporâneo na sua extensão; fico com a ideia, e este já não é um
primeiro comunicado em que a FAAN parece “se estender a todo o comprido” por
inoportuno e inconsequente, que já será altura da Fundação rever que está à sua
frente, ou seja, quem a gere e, caso a República de Angola tenha alguma
participação na Fundação, mesmo esta sendo oficialmente privada, do Ministério
correspondente levantar esta questão, e substituir os gestores que não parecem
defender, devidamente não só a Fundação como, e agora sublinho, reproduzindo
uma das frases do comunicado, o primeiro Presidente de Angola, pelo «seu nome e
a sua memória de pessoa falecida merecem o respeito de qualquer país» (não
compreendo aqui o porquê de o “qualquer país” (sic no comunicado, 2º§, 5ª linha),
como se nós fossemos mais que um País);
Finalmente, não vi, até hoje, qualquer acusação ao cidadão, em causa, nem à
Fundação, mas, tão-só meros factos associados. Provavelmente se dissessem “Fulano
de tal”, que, tal como eu, muitos não se recordariam quem fosse, a primeira
impressão, normal na “vox populi”, é, ou seria, mais um que fugiu com dinheiro
do Povo, ou seja, era já condenado sem que um qualquer Tribunal– Nacional ou
estrangeiro – o fazer ou sem ser um arguido; facto normal na actual “zoocidade”.
Identificando o cidadão, no caso o senhor Carlos São Vicente, talvez as
pessoas sejam mais comedidas no que tange a AAN – para a maioria tem uma imagem
positiva e que, para muitos só terá mácula na questão do 270577 – ao contrário
do que seria se o cidadão tivesse algo com a família do Presidente José Eduardo
dos Santos – uma imagem mais recente e que muitos associam a factos menos claros
na gestão do País.
Repito, até porque o nome de António Agostinho Neto não é propriedade de
uma Família ou de uma Fundação, mas da História de Angola, que será altura de
ser revistos os Estatutos da Fundação e o seu verdadeiro enfoque organizacional.
Não é a primeira vez, nem será a última se isto não acontecer. Para a
Fundação – melhor, par certas pessoas que estão na Fundação – e para alguns
membros da Família de AAN nada se pode fazer ou escrever sobre o mesmo sem lhes
solicitarem autorização.
Repiso, de novo, o nome de António Agostinho Neto, a partir do momento que
se tornou numa figura pública e no primeiro Presidente de Angola, deixou de ser
titularizado pela Família ou pela sua Fundação, mas é um incontornável Nome da
História de Angola
Para o mal ou para o bem – cada um interprete como entender –, primeiro, Agostinho
Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto, como Nacionalistas, e depois, no caso de
AAN, tal como no de José Eduardo dos Santos
ou, agora, de João Manuel Gonçalves Lourenço, como Presidentes, ao entrarem no
galarim da Vida Nacional deixaram de ser meros nomes familiares e de familiares,
mas Nomes da nossa História.
É bom que certas mentalidades comecem a entrar no século XXI e no direito ao
livre pensamento, em que este entre na injúria como parecem, muitos querer
fazer crer só porque não seguem as “linhas orientadoras” habituais!