© Gabinete de Relações Culturais Internacionais (GRCI)
A escritora brasileira Lygia Fagundes Telles foi laureada com o prémio Camões 2005. A autora tem publicados cerca de duas dezenas de contos e romances, um dos quais, “Ciranda de Pedra” já foi transposto para a pequena tela.
O prémio, criado em 1988 por Portugal e Brasil para premiar um escritor de língua portuguesa que tenha contribuído para o engrandecimento do património literário e cultural lusófono, parece não ter obtido aprovação unânime.
Enquanto para a escritora cabo-verdiana Vera Duarte, apesar de lamentar nunca ter visto um autor cabo-verdiano ser galardoado com o Prémio, aplaudiu a atribuição do Prémio Camões Lygia Telles considerando-a "uma excelente decisão", já o secretário-geral da União de Escritores Angolanos (UEA) apesar de conhecer a premiada como pessoa não a reconhece como "escritora porque nunca li as obras dela".
Segundo Botelho de Vasconcelos, citado pelo NL, o Prémio Camões é cada vez mais uma atribuição com contornos políticos mais que culturais. Até porque, segundo Vasconcelos, a UEA "nunca foi consultada para apresentar obras de autores angolanos para concorrer ao prémio". Note-se que Pepetela foi, até agora, o único autor angolano laureado com o Prémio Camões em 1997; além dele só o moçambicano José Craveirinha foi outro dos premiados não português ou brasileiro.
Desapontante, ou talvez não, é também a pouca evidência dada pela Comunicação Social brasileira. Percorrendo alguns sítios, Globo, Tribuna ou Época o que consegui obter foi esta pequena notícia de ontem “Reúnem-se amanhã de manhã, no auditório da Biblioteca Nacional, os jurados do Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa. Como no ano passado a vencedora foi a portuguesa Agustina Bessa Luis, a expectativa é de que se eleja um brasileiro. Ferreira Gullar e Lygia Fagundes Telles são os mais cotados. Os jurados vão do imortal Ivan Junqueira ao cult angolano José Eduardo Agualusa. O prêmio, de cem mil euros, um dos maiores do mundo, é dado pelos governos de Brasil e Portugal.”
Interessante não é?
1 comentário:
Muito interessante por vários aspectos:
1. Desconhecia o valor do prêmio. Tive vontade de rir...de nervoso.
2. A Vera Duarte que me perdoe...o Ferreira Gullar é um dos melhores escritores brasileiros. Aí sim...seria uma excelente decisão.
3. Dei boas gargalhadas com a declaração do Secretário-Geral da União de Escritores.
4. Se o Prêmio Camões possui "mais contornos políticos que culturais"...pergunto: É uma premiação séria ou uma troca de gentilezas entre Portugal e Brasil?
Será que os escritores de outros países de língua portuguesa raramente são premiados porque os seus países não contribuem com o dinheiro?
Por falar em dinheiro...estou aqui pensando: De onde sai a parte do prêmio que cabe ao Brasil? Certamente do bolso dos cidadãos, dos contribuintes.
5. A Lygia, se não me falha a memória, certa vez disse uma frase mais ou menos assim: "Se no Brasil tivesse mais livrarias, teria menos farmácias."
Os preços dos livros no Brasil nunca foram compatíveis com o poder aquisitivo da maioria da população.
Ah...se eu ganhasse uma fração do Prêmio Camões...compraria todos os livros que desejo ler.
7. Pra finalizar...a imprensa brasileira deu pouquíssimo destaque. Vi no Jornal Nacional, da TV Globo, uma nota sobre o prêmio. E a imprensa divulgou que a Lygia recebeu a notícia na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Bienal que não pude ir por questões financeiras...então o jeito é me conformar e esperar a Feira do Livro, em Salvador.
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