17 setembro 2005

Política portuguesa = espectáculo

Apesar de não gostar nada, mas mesmo nada, de analisar a política interna lusitana – e tenho esse direito porque também sou eleitor – sou obrigado, como eleitor e pagante fiscal, a entrar nesse meandro.
Em Outubro irão ocorrer as eleições autárquicas. E nada melhor que ter assistido ao espectáculo que foi o debate – mas mais interessante o final – entre dois dos principais candidatos a Lisboa: Carmona v. Carrilho.
Um espectáculo degradante que, num país onde a democracia estivesse realmente implantada, daria a resposta clara e absoluta: erradicação pura e simples dos dois candidatos por quem de direito: ou o Tribunal Constitucional ou os eleitores.
Nenhum apresentou propostas claras e objectivas. Limitaram-se a tentar destruir um ao outro, sem o mínimo respeito pelos eleitores que, em Outubro, irão escolher quem melhor os representará na gestão camarária. Perante este cenário quem os eleitores lisboetas poderão escolher.
É que entre os eleitores não estarão somente portugueses. Também os estrangeiros com direitos de cidadania (leia-se direitos eleitorais) equivalentes poderão e deverão utilizar o verdadeiro veículo da cidadania democrática: a livre (e não partidária) escolha dos seus edis. E perante aquele vergonhoso espectáculo, o que nos resta?
E volto à questão acima colocada. Poderá haver quem os erradique ainda antes de entrarem no jogo autárquico? Não creio. Nem o TC deverá ter competência para isso – que me conste não existe uma lei de “bons costumes” nem os eleitores deixarão de escolher um “idiota qualquer” desde que tenha a chancela do partido do seu coração ou do cartão.
E assim Portugal ensina o jogo democrático às novas democracias… Um espectáculo degradante.

2 comentários:

Silvino Évora disse...

O seu título não podia ser melhor. Mas, acrescentaria mais um pormenor. Nós, em África, também acabamos por herdar isso de fazer politiquices expectaculares. O problema é que muitas vezes, nós pobres filhos da sociedade, somos convidados a assistir tristes expectáculos de actores políticos que não ensaiaram suficiente.
Bom trabalho

Macro disse...

Espectáculo..., Não.
Quererá dizer PORNOCHANCHADA...
E, convenhamos, até nem a representação ficaria mal vista, desde que a mulher do Carrilho e mãe do Dinis Afonso Henriques ajudasse à festa.

Portugal qualquer dia fecha. E depois vamos todos para a Barraca ali nas Janelas Verdes representar as nossas peças.. Peças maradas num Portugal marado, em que os teatros também são marados. Tudo é marado, até o Presidente da Republica.
RPM