Após 18 anos de lutas intestinas, por vezes não só sem quartel como ao arredio de qualquer respeito pelos mais elementares Direitos Humanos, as autoridades ugandesas e o Exército de Resistência do Senhor (LRA) assinaram, hoje em Juba, no sul do Sudão e sob mediação das autoridades desta região sudanesa – não se entendem internamente, mas conseguem fazer entender os outros; haverá quem os entenda? –, um acordo de cessação das hostilidades, que já tinha tido o seu preâmbulo no início do mês quando o LRA decidira, unilateralmente, suspender todas as suas actividades militares.
Esperemos que não seja mais uma cessação como a que se tem verificado em outras partes do nosso Continente.
Em Cabinda, e apesar dos entendimentos havidos e assinados, parece que ainda se combate nas florestas do Maiombe entre forças que se dizem afectas à FLEC (qual?) e a Forças Armadas angolanas; no Darfur, apesar dos acordos de Abuja, as armas ainda se fazem ouvir; no delta nigeriano do Níger, pessoas continuam a ser raptadas e, ou, assassinadas por causa do petróleo; no Congo Democrático as armas soaram mais fortes que o resultado dos votos; no Burundi, que acaba de comemorar um ano de democracia, a Frente Nacional de Libertação (FNL) permanece activa no país, isto apesar de já ter iniciado o diálogo com o novo regime de Bujumbura; na Somália os islamitas e os senhores da guerra tentam capitalizar vitórias militares sem que as populações sejam chamadas a dar a sua opinião; e por causa da Somália, Etiópia e Eritreia degladiam-se – as pessoas e alguns diplomatas esqueceram-se que os etíopes nunca deixariam de procurar recuperar uma saída para o mar que perderam com a secessão dos eritreus –; na Costa do Marfim, governo e rebeldes ainda não se entendem.
Ou seja, apesar de haver pessoas de bem e bem intencionadas que querem conduzir o Continente para um período de Paz, mesmo que lentamente, há sempre quem esteja a torpedear essas boas intenções.
De facto, o Mundo está cheio de boas intenções. Mas, arre, não será altura, e de uma vez, pensarmos em de torpedear os “torpedores”?
Deixemos África procurar a sua Paz militar, mesmo que isso doa profundamente aos fazedores e mercadores de Guerras.
Deixemos que o Continente comece a ter razões para procurar, também a sua principal e mais importante Paz, aquela que pode tornar o Continente melhor e evite a fuga quer dos seus principais cérebros quer das sua populações que buscam melhores dias e melhores condições humanas: a Paz social.
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