(Jazz em New Orleans, ©foto daqui)
Há um ano o Mundo acordava para uma realidade, até então, impensável.
Os EUA, depois de terem sido confrontados com a incapacidade para fazer face a uma catástrofe terrorista, continuavam a mostrar também não estarem preparados para uma outra hecatombe, desta feita uma calamidade natural.
Há um ano, a capital do Jazz tornava-se e agonizava, por força de um golpe de ventos e chuvas numa cidade lacustre onde milhares pereceram e outros mais viram as suas vidas se alterarem irremediavelmente, e tudo devido à incapacidade humana de prever o que poderia acontecer caso fosse vítima, como infelizmente foi, de um furacão.
Há um ano os diques criados pela suposta inteligência humana foram derrotados pela força bruta da natureza que pôs a nu o que muitos alguma vez esperavam vir a acontecer: os EUA mostravam que a pobreza – no caso a extrema pobreza – não era um nicho, mas uma realidade nacional.
Um ano depois o que constatamos?
Uma New Orleans que perdeu, irremediavelmente, milhares de moradores, principalmente aqueles que davam luz e cor à cidade; vê recreados os Casinos e salas de jogo, considerados como necessários para o fomento do turismo, como se este sobrevivesse só as fichas, as slot machines e as cartas e não as vozes profundas e graves do Jazz; parte da cidade ser ocupada não pelas pessoas mas pelo capim que cresce à volta das antigas residências; os diques a reerguerem-se embora já haja críticas dado que estão a utilizar a mesma engenharia que provou ser incapaz de fazer frente à força bruta das águas que varreram New Orleans.
Um ano depois New Orleans está, de novo, sob o espectro de um furacão, desta feita de nome Ernesto, esperando ser poupada. Poderá o que resta de New Orleans suportar uma nova catástrofe natural quando ainda não recuperou, minimamente, da anterior?
E será que, alguma vez, New Orleans poderá atingir os níveis mínimos do que foi?
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