18 agosto 2006

O analfabetismo lusófono no milésimo postal

(Quem é que se queixa de analfabetismo científico e informático? – imagem daqui)

Decorre(u) em Brasília uma reunião intergovernamental, no âmbito da CPLP, para debater a alfabetização e educação nos países Lusófonos.
A grande maioria dos países da CPLP regista elevados teores de analfabetismo; a grande maioria, porque Portugal é um país 100% literato e culto – será? e não seja essa a opinião da representante angolana, Luiza Grilo, que embora considere que Portugal tem menos problemas quanto ao analfabetismo, ainda tem “atrasos consideráveis”. – Mas as autoridades portuguesas não devem pensar, nem pensam, o mesmo. Só assim se entende que tenham primado pela ausência.
E deve ser mesmo assim.
Segundo fontes da CPLP, citadas no Notícias Lusófonas, vemos que só os outros 7 países apresentam percentagens de analfabetismo importantes e preocupantes:
Em Angola a taxa de analfabetismo é de cerca de 60. O Brasil possui 33 milhões de analfabetos funcionais e 16 milhões com mais de 15 anos que ainda não foram alfabetizados. Em Moçambique o analfabetismo é 51,9 por cento (66,7 por cento em relação às mulheres). Na Guiné-Bissau, o índice é de 63 por cento. Em São Tomé e Príncipe a taxa é de 20 por cento e em Cabo Verde de 25 por cento. Dos 800 mil timorenses, mais de 40 por cento são analfabetos.
Perante estes números é natural que Portugal não estivesse presente – tal como é natural que não respondesse ao convite, como se queixaram os organizadores brasileiros, embora não tenha sido essa a ideia que transparece do comentário de uma fonte do MNE –. Os portugueses são todos literatos. Não percebo como ainda há quem reclame da iliteracia portuguesa – há dúvidas quanto ao termo e quanto à qualificação
Há quem não tenha problemas em assumir os seus defeitos. Enquanto outros…
Ah! e quem pagou tudo foram os brasileiros e a UNESCO…

NOTA: Este é o meu 1000º apontamento… uff!!!

NOTA ACESSÓRIA: Interessante um artigo d' O Liberal sobre este mesmo assunto e publicado em 19 de Agosto onde a questão de "quem manda em quem" na temática "Lusofonia" se torna deveras interessante.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que venham mais 1.000 tão importante (me) é o 'pululu', OBRIGADA!!, IO.

Anónimo disse...

Desabafo sem encanto.

Tenho vários amigos residentes em Portugal.
Um deles é da Guiné-Bissau. Esforçado conseguiu concluir o curso de arquitetura.
Depois de muita batalha conseguiu ingressar no curso de especialização.
Pediu-me ajuda na bibliografia que deveria pesquisar.
E eu o ajudei com muita felicidade.
Comentando o fato com um amigo português que mora no Porto fiquei pasma diante de sua colocação: "Esse pessoal vem pra Portugal com a conversa que vai estudar e depois voltar para o seu país e ficam aqui. Pior que ficar em Porugal é tirar a vaga de um português."

Toda essa história só não é cômica porque é trágica e preconceituosa.

Portugal viveu durante anos da exploração de suas colônias.
Não me causa admiração não ter aceitado o convite.
O Brasil fez bem em promover essa reunião.
Se Portugal não veio. A África se fez presente.

Amigo, parabéns pelo milésimo apontamento. Que venham mais.