31 agosto 2006

Uma crise militar de novo em perspectiva?

Desde segunda-feira que Guiné-Bissau está sob uma pequena(?) crise militar. Ou, talvez não. Dependerá sempre das perspectivas de quem as interpretar.
Segundo notícias de Bissau, dois oficiais superiores terão sido detidos devido a um hipotética acusação de um subordinado que os colocava como estando a preparar um atentado contra o CEMFA guineense, o major-general Baptista Tagmé Na Wai, – não dever-se-ia ler, mais correctamente, contra o “Boy 4”, o que daria mais uma crise presidencial, aquele que sabia nunca entraria no país enquanto os falecidos Ansumane Mané e Veríssimo Seabra, cujas mortes nunca foram cabalmente esclarecidas, estivessem às frente dos destinos militares guineenses – e contra o Estado guineense.
Três dias depois, e segundo a RTPÁfrica, os dois citados oficiais militares foram libertados sem acusação e sem saberem a razão efectiva da sua detenção.
Estranhamente, ou talvez não, durante dois dias surgiu duas perguntas distintas, e mais de uma vez, no Google que acabavam por ir ter, naturalmente, ao Pululu: “como morreu o general Na Wai?” e “está vivo Tagmé Na Wai?” (uma delas e de acordo com o controlador "Extreme Tracking", proveniente da Guiné-Bissau).
Ora de acordo com Bissau este parece está vivo e recomendar-se-á. Será? Ou será que os militares de Bissau estão outra vez em crise?
Estranhei, pensando que as notícias tinham sido deturpadas, mas, agora, começo a ter dúvidas, principalmente se tivermos em conta uma notícia estampada aqui
Pelo menos de uma coisa é certa. O assunto foi muito discretamente tratado a nível noticioso ao ponto, por exemplo, as últimas notícias sobre Guiné-Bissau, no portal SAPO.pt, reportarem-se a 27 de Agosto e terem a ver com a reintegração dos dissidentes do PAIGC (no Diário Digital), ou a visita privada de “Nino” (na Renascença), ou o recomeço dos financiamentos externos (na Lusa) ou sobre uma ONG, a AMIN – Associação dos Amigos da Natureza de Buba .

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Eugénio,

Na Guiné-Bissau vigora desde a Independência a estratégia de prender, torturar, assassinar ou libertar, conforme a conveniência, sem julgamento dos condenados. Digo sem julgamento, porque não passa de hipocrisia a envolvência de um Tribunal Militar que actua para defender o poder no poder. É assim que até civis já foram executados por decisão do Tribunal Militar!

Esta estratégia de prender acusando fulano ou beltrano de estarem a preparar um golpe de Estado ou o assassinato deste ou daquele vem de há muito e sempre serviu para ajustar contas eliminando pessoas indesejáveis aos regimes.

É com estas intrigas e jogadas pessoais que se chega facilmente à instabilidade, que aliás, teima em acompanhar a Guiné-Bissau passo a passo...

Os abutres estão aí, mas desta vez vão se comer a eles próprios!

O "Boy4" finge que não é nada com ele, mas tudo passa por ele, ou não fosse ele o "Boy 4".

Vamos continuar a trabalhar!

Cumprimentos

Fernando Casimiro (Didinho)