A
UNITA no seu longo programa, de 44 páginas, faz uma pequena referência à questão – ou falta dela – de Cabinda
no ponto 36. (página 39) sob o título “Uma
solução duradoira para Cabinda”:
- “O Governo da UNITA procurará alcançar, logo
após as eleições e por via do diálogo abrangente e inclusivo com todos os
representantes legitimados pelo povo cabindense, uma solução
político-administrativa que dê respostas plausíveis às aspirações do Povo do
enclave. Esta solução será enquadrada no quadro da reforma do Estado Angolano.
A UNITA assume o
desejo de pacificação do enclave assim como a manutenção de uma paz e
desenvolvimento duradoiros que beneficiem a população de cabinda”. (sic)
Muito
pouco para as legítimas aspirações de quem quer ver a sua situação devidamente
enquadrada e resolvida dentro do espaço político-administrativo e económico angolano.
Ainda
assim, pelo menos, sempre vai escrevendo algo.
Tal
como a organização política CASA-CE, liderada por Chivukuvuku e representada
por William Tonet, que fez um acordo político pré-eleitoral com representantes
da comunidade do enclave, representados pelo Padre Jorge Casimiro Congo.
Recorde-se
que nas linhas programáticas desta organização política, no seu capítulo I, sob
o título “Paz, Reconciliação Nacional e
Estabilidade”, alínea h) está prevista que a pacificação de Cabinda deve
estar consagrada constitucionalmente, através de “um Estatuto Especial para a Província de Cabinda tendo por base a sua peculiaridade e que
resulte de um diálogo profundo, honesto, abrangente e participado por todas as
sensibilidades interessadas.” (ver aqui
ou no programa
de governação)
De
entre os 16 itens que constituem o Acordo Político entre a CASA-CE e Personalidades
Cabindenses, o portal só nos oferece 5, estão dois que pela sua força político-antropológica
me merece algum destaque:
- Plasmar na
Constituição, mesmo que provisório, um figurino politico-administrativo do
território de Cabinda, tendo em vista um referendum;
- Despolitizar a
toponímia em Cabinda e o topónimo da cidade de Cabinda passar a Chiôa;
Uma
vez mais, pouco ou nada, sempre há quem fale na questão – ou falta dela – de Cabinda
sem pruridos.
Pena
não haver mais a falarem e não pensarem um pouco mais além…
Talvez
por isso não seja estranho que algumas dessas personalidades e as mais próximas
da FLEC digam que vão querer boicotar as eleições.
Recordemos,
no entanto, que nas últimas eleições, sancionadas pela CNE, pelo Tribunal
Constitucional e pelos observadores internacionais (no local, que depois de saírem
falaram quando deviam ter feito antes…) o MPLA conseguiu a maioria dos
deputados da província e a UNITA, salvo melhor memória, conseguiu fazer eleger
Raul Danda.
Vamos
ver o que darão as próximas…
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