30 dezembro 2013

Samakuva no final de 2013 e o que se espera de todos!

Isaias Samakuva, líder da UNITA, afirma, e como muita propriedade, que 2013 "termina com uma incógnita sobre o que realmente se passa no país"; não esqueçamos que manifestações, a maioria preparadas e levadas a efeito com vontades e interesses pacíficos, foram transformadas em "actos de morte" como disse e bem o senhor Presidente Eduardo dos Santos.

Ora, aqui está algo que o senhor Presidente deve ponderar e chamar a atenção de alguns dos seus companheiros: a Democracia é isto mesmo, não só alternância de poder (aconselhável) como o direito à contestação pacífica que não deve ser combatida com armas e contra-informação déspota!

Porque em nenhum país Democrático deve haver a «cultura da morte” ou do assassinato por razões política» como muito bem sua Excelência, o senhor Presidente, afirmou na sua alocução de fim de ano.

Um dos principais factores para que a cultura democrática seja uma verdadeira realidade passa pela(s) conversa(s) entre o Chefe de Governo, no caso o Presidente da República, e o(s) líder(es) da Oposição para que consensos sejam obtidos e o País se desenvolva como todos desejamos.

Todos queremos que Angola, e que tem condições mais que suficientes para isso, copie um dos princípios da presidente Dilma Roussef, "o fim da pobreza absoluta no Brasil" esperando que nós possamos acrescentar, não direi o fim, mas a diminuição quase absoluta da corrupção!

26 dezembro 2013

RCA em análise na RFI


Final do ano e análise para a RFI Português sobre a República Centro-Africana.

Bom ano a todos com os desejos que África olhe mais para a floresta e não tanto para alguma dispersa árvore e muito menos para o seu abstruso umbigo (na realidade o umbigo de muitos dos seus ineptos dirigentes)!

A análise pode ser "vista" aqui com acesso a audio.

20 dezembro 2013

Feliz Natal e Bom Dia de Família 2013


Para todos Vós que tendes paciência para lerem e comentarem os meus escritos e as minhas "lamentações"!

Angola compra porta-aviões?

Por mais de uma vez, inclusive na minha Dissertação de Doutoramento, alertei que Angola se queria ser uma potência efectiva necessitava de ter uma boa e sustentada marinha para proteger não só as suas costas como as suas linhas de abastecimento, em particular a zona do Golfo da Guiné.

Mas comprar, a confirmar-se – o semanário Novo Jornal também fala no assunto esta edição –, uma flotilha de navios obsoletos e prontos para serem desmantelados, como um porta-aviões e quatro navios patrulha (de origem espanhola sem ter um submarino de protecção, não lembra o diabo (a não ser que compre ou peça emprestado um dos submersíveis portugueses…)

Acresce a esta compra a já propalada compra efectuada à Rússia de tanques e aviões, também eles prontos, segundo consta, para irem para abate.

Parece que virámos sucateiros!

E, complementarmente, o citado porta-aviões só costumava albergar aviões de descolagem vertical, tipo Harrier, de origem britânica. Que se saiba não temos este tipo de aviões nem os que vêm da Rússia são deste tipo, pelo que, das duas, uma, ou vamos virar agulhas para os britânicos e comprar mais aviões e deste tipo ou o porta-aviões – dizem que é o desactivado “Príncipe das Astúrias” – irá só operar com helicópteros.

Tudo isto enquanto se fala que as nossas forças estão operacionalmente mal equipadas. Vozes da reacção por certo!

E, já agora, alguém sabe se os sul-africanos, melhor dotados económica e militarmente que nós, foram, por acaso, civilizadamente consultados?...


Sobre este porta-aviões espanhol poderão aceder a informações aqui, aqui, aqui ou aqui

15 dezembro 2013

13 dezembro 2013

Mandela versus dos Santos

(Foto do Google)

Pelas exéquias e homenagens a Mandela, um amigo próximo fez-me um repto. Tentar verificar as semelhanças ou dissemelhanças entre os líderes das duas maiores potências regionais da África Austral ou seja, entre Nelson Mandela e Eduardo dos Santos.


Um repto nada mais difícil dado que um acabou de falecer e já não era presidente há vários anos e outro mantém-se no poder há cerca de 35 anos.

Mas como não fujo a reptos tentei criar um quadro onde pudesse colocar as características de cada um e, no fim, tentar fazer coexistir as várias similitudes e, ou, diferenças entre eles. Realmente, nada mais difícil. Mas, vejamos pois…

Mandela tal como dos Santos lutaram pelos seus ideais que passaram por lutas revolucionárias, em alguns casos, armada. Mas enquanto Mandela visava o direito à qualificação humana e ao direito a “um Homem um voto”, dos Santos apontou sempre para a consolidação do Poder face àquilo que considerava os inimigos de Angola.

Pelas suas ideias Mandela foi detido enquanto dos Santos tornou-se o detentor do Poder após o falecimento de Agostinho Neto – já lá vão 34 anos bem medidos –; Depois da sua libertação Mandela apoiou a criação de uma Comissão de Verdade e Transparência onde inimigos se auto-confessaram os eventuais crimes cometidos contra terceiros e todos ficaram felizes e de consciência tranquila. Ou seja, Mandela em vez de perseguir quem o perseguiu conseguiu unificar e fortalecer um Nação, a que chamaram de “Nação Arco-íris”. Já dos Santos, apesar de ter chamado alguns dos antigos combatentes da UNITA para cargos ministeriais e militares, poucos, nada fez, ou parece ter tentado fazer, para diluir as diferenças políticas entre os antigos contendores. E se fez ou tentou, muitos dos seus correligionários mantém as velhas políticas de “eles são os maus, os assassinos” e “nós os bons, os visionários”. Dúvidas, basta ver o que estes escrevem nas páginas sociais.

Mandela concorreu e venceu as eleições legislativas e presidenciais e ao fim de um mandato optou por devolver o cargo a novos concorrentes ficando como a personalidade de referência nacional, o Líder; já dos Santos, que entro por indicação do Comité Central do seu partido após o falecimento de Neto, já concorreu a duas eleições, uma das quais não terminada e prevê manter-se no cargo por dois, pelo menos oficiais, mandatos, ou seja, deverá sair ao fim de cerca de 42 anos de Poder. Parece que quer ficar do Guiness-Book de records como o líder que mais tempo esteve no Poder, isto se Obiang, da Guiné-Equatorial, o deixar, já que está no poder há mais 1 ou 2 meses…

Finalmente e em análise simples e curta porque haveria muito para apontar a ambos, Mandela após deixar o cargo presidencial ofereceu a sua imagem e inteligência para uso – e abuso, muitas vezes – da Nação sul-africana e criou uma fundação que visou a harmonização social no País. De dos Santos, além da sua Fundação que também visa, reconheça-se, defender valores sociais, hoje em dia aparece, levado pela forçada imagem que os seus assessores – ou outro nome – fazem emitir como um líder afastado da população – não esqueçamos as manifestações recentes – virado para farol de uma certa África que muitos já não a reconhecem.

Resumindo, parece-me que é difícil estabelecer paralelos similares ou não entre Mandela e dos Santos. Até porque as raízes políticas e sociais de ambos são bem dissemelhantes. Se de um sabe-se que vem de uma família nobre e de casta reconhecida, o outro mantém segredo quanto às suas origens apesar dos seus assessores tentarem, periodicamente o que não ajuda, fazer crer que é uma personalidade clara e bem formada. Eu acredito, mas será que a população menos enquadrada e intelectualmente afirmada acreditará?

Vamos dar um pouco de espaço temporal e voltemos a esta matéria quando as ideias estiverem mais assentes e frias

(Este texto foi também hoje citado e publicado no Folha 8 conforme imagem, com os meus agradecimentos aos editores deste bissemanário!)

06 dezembro 2013

Mandela (1918-2013) um dos 5 Humanistas do Século XX/XXI

(Só em 1 de Julho de 2008, que Mandela saiu da lista norte-americana dos "terroristas" e com Bush)

Em 1989, no âmbito da Licenciatura, escrevi uma monografia sobre o ANC onde, em abono da verdade e apesar de não transparecer totalmente, não fui muito bom com Nelson Mandela.

Essa monografia pode ser lida, integralmente, aqui.

Dela não tenho qualquer pudor em a mostrar, até porque foi uma das primeiras, se não mesmo a primeira que fiz na Universidade, onde se espalham muitas deficiências que, ao longo dos anos, fui esbatendo ou tentando esbater e melhorar, se o consegui ou não, os críticos que o disparem!

Mas voltando a Nelson Rolihlahla Mandela, um dos 5 ou 6 Grandes Humanistas do último século que decorreu entre o fim da 2ª Guerra Mundial e esta altura – os outros foram Mohandas Karamchand (Mahatma) Gandhi (1869-1948), Martin Luther King Jr, John (1929-1968), John Fitzgerald Kennedy (1917-1963), Mikhail Sergeyevich Gorbachev (ou Gorbachov, 1931-) e e Karol Józef Wojtyła (Papa João Paulo II, 1920-2005)  –, Mandela mostrou o quanto estava errado nas minhas cogitações e como um "rebelde", como lhe chama o jornalista António Mateus se tornou na principal figura política e Humana de África.

Obrigado Madiba!

África perde, talvez, a sua mais cintilante estrela, mas a Humanidade ganha mais uma enorme estrela polar, um cruzeiro do sul, um farol para a dirigir!

Até sempre Madiba!

05 dezembro 2013

Mandela RIP!


Faleceu Nelson Mandela "Madiba"  com 95 anos (1918-2013).

Que África nunca o esqueça!