29 maio 2005

O 27 de Maio e os esclarecimentos que nunca chegam

Apesar de já terem decorrido dois dias desde o 28º aniversário do chamado “Golpe de Nito Alves” (estive fora do acesso aos chamados novos meios de comunicação) não posso deixar passar em claro esta data, considerada por muitos, como a mais negra da moderna História angolana não tanto pelo acontecimento em si – até porque nunca ninguém esclareceu cabalmente o que realmente se passou -, mas pelos desenvolvimentos (ou não) subsequentes ao mesmo.
Lembro-me de, há uns meses ter lido uma obra do historiador e cronista angolano Carlos Pacheco (Repensar Angola, edição Veja, 2000) onde ele a dada altura criticava que chamassem ao eventual golpe “uma teoria da conspiração urdida contra Agostinho Neto” assim interpretada pelos conselheiros mais próximos, Lúcio Lara, Iko Carreira (ao tempo Ministro da Defesa que acolheu as assinaturas de Neto para alguns dos fuzilamentos ocorridos no Grafanil) e Onambwe e que levou ao desaparecimento físico de Saydy Mingas, N’Zagi, Bula Matadi, entre outros, e, naturalmente, de Nito Alves.
Entre os diferentes artigos inseridos na obra acima, Carlos Pacheco, questiona o que realmente estavam a fazer os conspiradores no dia da insurreição, dado que no dia aprazado para o acontecimento seria, eventualmente, 20 de Maio e não quando sete dias depois como parece ter acontecido.
Note-se que Pacheco apesar das inúmeras questões que ao longo dos anos tem levantado, não questiona que Nito tenha eventualmente tentado um Golpe - até porque quem conhecia as suas ambições esse seria o passo mais importante que, logo que possível, o faria – mas sim se seria nesta data ou para mais tarde.
Como ele escreve, “(…) dia da insurreição Monstro Imortal achava-se no Ministério da Defesa (ora se Iko era o Ministro que fazia Nito lá?). Outros golpistas encontravam-se igualmente nas respectivas repartições. Que forças, afinal, é que saíram para a rua? (…).
Realmente é estranho. E mais estranho, ainda, se considerarmos as palavras proferidas por um jovem ex-militante do MPLA, vítima da repressão vítima da repressão que se seguiu ao Golpe: “De que é a culpa? Dos mais velhos, que estavam a ver tudo e empurraram os jovens para o abismo?
Igualmente interessante o artigo de Orlando Ferraz, no AngoNotícias, sobre a convicção messiânica de Nito Alves.
A História há-de ser feita e, provavelmente nessa altura, a caixa de Pandora que parece ser o Golpe de Nito, se abra com reflexos demasiado graves para muita boa gente. Uma associação sobre o 27 Maio, já existe na Net com temas interessantes sobre o assunto (como por exemplo “As 13 teses em minha defesa” alegadamente escritas por Nito).

7 comentários:

Anónimo disse...

As 13 teses são uma soma de afirmações racistas e um libelo deonesto contra Lucio Lara. Só issso. Foram escritas por Sita Valles que era uma revolucionária profissional, sedenta de sangue e violência.

Anónimo disse...

Muito ficou por saber e por dizer. De qualquer das formas a sensação que dá é que ambos os lados ficaram enlameados com sangue inocente.

Nito Alves e o seu grupo que inegavelmente desferiram o golpe( como afirma carlos pacheco no seu livro). Assassinando pessoas com Monstro Imortal, Saidi Mingas, Helder Neto.

A resposta repressiva e desproporcional que se seguiu, não só sobre os os supostos envolvidos, mas também de forma sumária sobre uma enorme quantidade de pessoas inocentes.

Sacha disse...
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Anónimo disse...

Fico chocado muitas vezes com aquilo que leio ou oiço dizer. Quando desconhecemos os factos da nossa Historia, sobretudo a mais recente, é preferivel ficarmos em silencio e tentarmos elucidarmo-nos como podemos. Em 77, os chamados fraccionistas, que nao o eram (Nito tinha defendido com unhas e dentes Neto numa Conferencia em Lusaka quando estes eram atacados de todos os lados)organizaram uma manifestação pacifica reprimida com a intervenção cubana por indicação de Neto, Lara, Onambwe, Iko Carreira. Foram mortos milhares de angolanos em todas as provincias do país, jovens, idosos, crianças, etc.
É importante respeitar os que lutaram por uma Angola mais decente, justa e que dignificasse o nosso povo. A unica coisa que um país digno deveria dar ao seu povo seria verdade e justiça. Inclusive intelectuais como Pepetela fizeram parte da maquina de repressão. Atenção às coisas que dizemos porque as provas existem.

Anónimo disse...

GUINÉE CONACRY ACORDA E ASSUME-TE PARA SEMPRE E
AFASTA FANTASMAS.



É ALTURA DE SE LIBERTAR DAS AMARRAS DO MONOPÓLIO DA INFORMAÇÃO QUE TEM ESTADO DEPENDENTE DE MEIA DUZIAS DE INTELECTUAIS APADRINHADOS POR LOOBYS OU INSTITUIÇÕES EGOITAS OU SERVENTUÁRIOS.
O DOSSIER DE CONACRY TEM SIDO MUITO MAL DISSECADO PELOS HISTORIADORES E INTERESSEIROS DAS CAUSAS.
É LAMENTÁVEL QUE NÃO SE TEM SABIDO VALORIZAR A VERDADEIRA ESSÊNCIA E NOBREZA DE TODA DINÂMICA DOS VERDADEIROS FUNDADORES DE CONACRY.
AINDA ESTÁ PARA CHEGAR A COMISSÃO, O PLEITO, SALVADORES QUE PODERÃO REPOR DEFINITIVAMENTE A VERDADE DE CONACRY QUE ESTRAVASA A SSIMPLES E MEDIOCRIDADES LITERÁRIAS QUE TÊM SIDO PUBLICADOS SÓ PARA MOTIVOS COMERCIAIS.
EXISTE UMA GRANDE CUMPLICIDADE A VOLTA DO MPLA E A SUA FUNDAÇÃO E O VERDADEIRO PÁPEL DE CONACRY QUE SERIA DIVULGADO NO LIVRO DO FUNDADOR DO MPLA, DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES, UM DOS FUNDADORES DO MPLA QUE MORREU HÁ 10 ANOS .
LAMENTAVELMENTE EXISTE UMA CUMPLICIDADE BEM ESTRUTURADA POR ALGUNS HISTORIADORES PARA MINIMIZAREM CONACRY.
ESCONDE-SE A VERDADEIRA HISTÓRIA DO MPLA, A SUA GÉNESE, A FORMA COMO O MPLA COMEÇOU, EM CASA DE QUEM TUDO FOI PLANEADO E PROJECTADO.
CONACRY É MAIS DO QUE AS MENTIRAS DE 1956,É MUITO MAIS DO QUE TUDO AQUILO QUE FOI FABRICADO.
POUCOS SERÃO AQUELES QUE VERDADEIRAMENTE ESTARÃO INTERESSADOS EM PÔR CONACRY DE PÉ PARA NÃO SE DESCOBRIR TODA VERDADE.
AFINAL SERÁ QUE NÃO EXISTEM SOBREVIVENTES FIDEDIGNOS DE CONACRY?
SERÁ QUE DE CONACRY SÓ SE ESCREVA DE FORMA INCOMPLETA SÓ PARA CONTINUAR A PROTEGER E DEFENDER INTERESES OBSCUROS?
QUANDO É QUE OS VERDADEIROS SOBREVIVNTES DE CONACRY COMEÇARÃO A ASSUMIR A SUA VERDADEIRA IMPORTÂNCIA E PÔR DE PARTE E AFASTAR ETERNAMENTE A MEDIOCRIDADE, OPORTUNISMO COMERCIAL MERCANTILIZADO E MATAR O PATRIOTISMO E INTELECTUALIDADE E OS VERDADEIROS ARTÍFICES DE TUDO ISSO?

ESPERO QUE CONACRY ACORDE E SE ASSUMA PARA SEMPRE CONTRA MILHOES E TODA PANACEIA DE MENTIRAS E DE GRANDES CUMPLICIDADES E SABOTAGENS LITERÁRIAS.
E QUE DEFINITIVAMENTE POR OUTRAS ALTERNATIVAS COM APOIO DOS DESCENDENTES DOS LUTADORES DO VERDADEIRO PATRIOTISMO TUDO SEJA REPOSTO FORAV DO CIRCUITO HABITUAL, VICIÁDO FORTEMENTE CONTROLADO.
ESCRITO POR:
AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES

Anónimo disse...

O MPLA COMO MARCA


O MPLA como Marca representa um poder permanente em função de mais do que a sua história e multiplicidade de histórias e perpetuações das suas tradições.
Um dos factores qualitativos de recriação da sua força consiste na lealdade da corrente regeneradora dos seus aliados.
Os seus atributos, qualidade e expectativas criadas e uma amálgama de resultados e sua funcionalidade reforçam uma narrativa que impulsiona a sua existência.
Não há dúvida de que as crenças sagradas, criações, metas e seu prestígio, sua visão e missão, capacidade de inovação reforçam o seu posicionamento.
A sua suposta notoriedade e fidelização em constante construção criando boas ligações emocionais melhorarão consideravelmente essa marca.
Sendo assim será que a marca MPLA é um sistema propulsor e fonte de criação de valor?
Será que a notoriedade do MPLA continua a ser evocada de forma espontânea?
Para que a marca MPLA se perpetue será necessário que as atitudes das pessoas correspondam a avaliações globais favoráveis.
Não há dúvida que a força da marca MPLA quase se confundirá a um culto descentralizado e de interacções e laços fortes e experiências partilhadas que criam várias identidades verbais e simbólicas.
Para falar da antiguidade da Marca MPLA teremos que falar forçosamente do seu núcleo fundador de Conacry dos anos 60.
A marca MPLA se perpetua pelo seu prestígio devido as associações intangíveis, pelo seu simbolismo popularizado incontornável e grandes compromissos com o passado.
O MPLA como marca, alem de possuir narrativas de sobrevivência, inclui testemunhos que dão a história, significados mais profundos e grande carácter de emocionalidade.
A história do nacionalismo e luta de libertação pelos actores de renome a partir da fundação do MPLA em Conacry pelos seis fundadores bem personalizados, como Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Hugo José Azancot de Menezes, Lúcio Lara, Eduardo Macedo dos Santos e Matias Migueis perpetuarão essa marca de forma reflectida.
Poderemos então afirmar que os fundadores de Conacry foram os agentes prioritários e fundamentais da verdadeira autenticidade da marca MPLA.
A dinâmica da história e a construção de identidades pressupõem estados liminares, pelo afastamento constante de identidades anteriores.
Desenvolver a cultura da marca MPLA exigirá um constante planeamento e estratégias que permitirão reunir e sentir esta marca global.
Para terminar apelaria que nas verdadeiras reflexões que a lenda da marca não obscurecesse a lenda dos fundadores verdadeiros artífices.
Escrito Por:
AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES

F. D. Mação disse...

Como cineasta, o meu maior sonho é produzir filmes que retratam personagens da história recente de Angola e da mais antiga. Muito gostaria de fazer um filme sobre Nito Alves, mas enquanto o país viver da mentira corro um grande risco a não ser que tenha que ir fazer um filme noutro lado qualquer, é a liberdade de expressão que conseguimos.