01 setembro 2006

Quem quer uma Guiné-Bissau desestabilizada?

Quando há dias escrevi um artigo de opinião no Notícias Lusófonas sobre a pretensa liberdade na Guiné-Bissau, pelo menos politica e juridicamente falando porque não pensava que militarmente a situação ainda estivesse periclitante, apesar dos sinais contrários serem, também, evidentes como demonstra o pequeno apontamento de ontem, não se perspectivava que a situação na Guiné-Bissau não pudesse, mesmo assim, continuar a se debruar pelo melhor.
Puro engano, como se parece demonstrar pelo que a seguir se descreve.
O jornalista e analista político Bissau-guineense Fernando Casimiro (Didinho) fez uma análise do referido artigo, análise essa publicada no cabo-verdiano “Liberal” como colocou em debate no Fórum “Pensar pelas nossas cabeças” – ora aí está uma coisa ainda perigosa em certos países no Mundo – o citado último apontamento, facto que mais do que me orgulhar, faz crer que os guineenses desejam que os Debates sobre a Guiné-Bissau não só não parem como os desejam vivos e abertos ao contraditório.
Porque é isso que se verifica naquele Fórum. Por exemplo, o responsável do Fundo Europeu para o Desenvolvimento (FED) na Guiné-Bissau, o escritor Filinto de Barros “Filas” que o diga; tanto tem zurzido no responsável do Fórum quer naqueles que o têm criticado, sem que seja censurado (ver aqui vários escritos dele e respectivas respostas).
Ora depois do que aqui foi dito, mais uma acha foi lançada para a fogueira castrense Bissau-guineense com a notícia do Notícias Lusófonas, e com o último editorial na página pessoal de Fernando Casimiro, sob o título ”Quem falou em reconciliação…!?
Não basta a ONU, através dos responsáveis da UNOGBIS, dizer estar satisfeita com os progressos da “Reconciliação” quando a seguir vemos militares serem presos por um hipotética denúncia – não se questiona da honorabilidade da mesma – de um subordinado e, de seguida, serem libertados sem culpa formada; e isto alguns dias depois de ter sido publicado um relatório da mesma ONU a afirmar que “a situação na Guiné-Bissau continua a ser marcada por "profundos antagonismos" e pela crise económica, factos que constituem "um obstáculo" à recuperação do país”, relatório esse que mereceu fortes críticas da presidência bissaense por considerar que estariam ultrapassados.
Pois é.
Só que a última notícia do NL põe em causa, e de uma forma preocupante, tudo o que se tem falado acerca da tão necessária reconciliação nacional, nomeadamente no seio castrense Bissau-guineense, e que Casimiro, indirectamente, também questiona, não é menos verdade que parece certo que as autoridades políticas e militares Bissau-guineenses se preocupam mais com o seu umbigo que com o desenvolvimento do seu povo.
Como escreve Casimiro, esta semana ficou-se a saber que da “propaganda da Reconciliação Nacional (…) há uma grave crise no seio das Forças Armadas, crise de contornos étnicos e de consequências imprevisíveis (e que, cada vez mais) o país está refém do poder militar.
E tal como ele, também eu pergunto “até quando?”
E depois, se tudo retornar ao maior descalabro, será que a Comunidade Internacional volta, de novo, a acreditar nos Bissau-guineenses? Não me parece… ou, talvez haja mais petróleo do que se pensa…

Image hosted by Photobucket.comNota complementar: Este apontamento foi publicado, na íntegra como artigo de opinião/Manchete, embora com alguma nuances próprias de artigos deste género, no Notícias Lusófonas, sob o título "Crise militar na Guiné afinal veio para… ficar".

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