13 fevereiro 2005

Angola, há isenção na comunicação social?

Um dos grandes problemas dos países democráticos é conseguir que “gregos” e “troianos” se sintam, simultaneamente, agradados e satisfeitos.
Para isso, muito contribui (deve contribuir) a comunicação social no todo.
E tem sido isso que tem acontecido, com maior ou menor, importância nas democracias mundiais.
Foi a imprensa com o “Watergate” conseguiu fazer demitir o presidente norte-americano Richard Nixon, foi a mesma comunicação social que ajudou a empurrar o presidente brasileiro Collor de Melo, foi também a imprensa que alertou para a chacina do Soweto, na África do Sul, e destacou a personalidade de Nelson Mandela ao ponto de muito ter colaborado para a sua libertação. É-o em Portugal onde o ainda primeiro-ministro, Santana Lopes, vem a terreiro reclamar de sondagens publicadas que lhe são pouco afectas, e que já o levou a ameaçar recorrer aos tribunais caso estas estejam longe da “sua verdade”.
Tudo isto vem ao caso da situação da imprensa angolana que parece estar num indeterminado limbo quanto á sua posição face ao poder.
Tudo isto porque um amigo, tentou denunciar uma eventual fraude na economia angolana e a grande maioria da imprensa ou não quis escutar ou exigiu-lhe pagamento para publicar a sua denúncia, mesmo sob anonimato.
A dúvida aqui reside em:
1. Ou a corrupção está de tal forma instalada no país que nem na comunicação social nos podemos agarrar como náufragos à porta da morte; e eu não quero acreditar nisto;
2. Ou o medo do poder é tão ilimitado que até da Justiça desconfiamos; porque é esta que nos deve proteger em caso de litígio com o poder instituído; e eu ainda acredito que a Justiça do meu país é livre – e alguns factos levam-me a acreditar nisso;
3. Ou, então, a imprensa entrou num ciclo de sobrevivência tal que só falado que é totalmente impossível desmentir, o que irá fazer perdurar caso que estejam, inteligentemente, a serem levados a cabo porque ninguém quer arriscar.
Ora se for esta a situação vigente no país, então é uma situação doentia que dificilmente poderá permitir a permuta democrática do poder no país.
Não faço, nem quero fazer acusações. Mas tenho conhecimento, por interposta pessoa, que um órgão de comunicação social solicitou dinheiro par divulgar essas eventuais fraudes. Acontece que o referido órgão é reconhecido como contrário ao “status quo” instituído, o que, a ser verdade, dói ainda mais.
E depois há aquele caso relatado pelo Notícias Lusófonas de, certas personalidades não identificadas, parecer terem tentado comprar notícias em Portugal.
E em “vésperas” de eleições gerais não abona o bom-nome de Angola nem dos seus governantes e, muito menos, da necessitada isenção dos órgãos de comunicação social angolanos.
Vamos esperar que tenham sido casos pontuais e acontecidos ao arrepio quer do poder (que por certo o não deseja) quer dos directores e editores dos referidos órgãos. Apesar do que se possa dizer sei que há directores que desejam manter uma certa equidade nas notícias publicadas, mesmo que isso lhes tragam alguns dissabores como os comentários que vemos, por vezes, publicados junto das mesmas.
A justiça e a igualdade de tratamentos a isso, por vezes e quase sempre, o obrigam.

1 comentário:

Anónimo disse...

Começo pelo título. Em Angola não existe isenção na comunicação social.
Dois dos considerados melhores jornalistas angolanos, Ismael Mateus e Reginaldo Silva, quando abordam qualquer questão, fazem inúmeros rodeios. Rodeiam o leitor ou o ouvinte de tal modo, que diga-se em abono da verdade não tem coragem de chegar ao verdadeiro pomo da questão. Várias vezes os li e ouvi, e fico sempre na mesma. Quando se trata de chegar ao topo, á verdadeira origem da questão, metem travões a fundo, e regressam ao ínicio do palavreado, e com os seus rodeios, ficamos sempre na mesma. Mas o que é que eles pretendem dizer, e não o dizem? Claro é o medo. Já foram ameaçados várias vezes. Isenção, claro que não.
A Tpa, Rna, e Jornal de Angola, só publicam o que é do agrado do governo, e quem sair da linha editorial, é despedido, ou sofre as consequências, como já aconteceu, com alguns jornalistas, que foram abatidos e nunca se soube por quem. E quem estiver atento e tiver paciência de os ler e de os ouvir, sai cada baboseira, que Deus nos livre. A título de exemplo, ainda á dois dias o locutor de serviço na Tpa dizia durante um noticias ... a Coreia do Sul um regime ditatorial ... quando se queria referir á Coreia do Norte.
O Semanário Angolense, prima por artigos de fundo, como por exemplo os do racismo, que foram perfeitamente encomendados pelo regime, para justificar a ascenção dos negros ao poder em todas as áreas. Qualquer leigo na matéria nota isso. Ainda também que escrevem sob encomenda, de grupos empresariais ligados ao regime para afastar um concorrente que não está de acordo com as regras do jogo. Isto é, ou me dás o que eu quero, ou vou para o Semanário Angolense, e faço um artigo de encomenda. Assim como o Folha 8, que tem textos que parecem infindáveis, com palavreado apenas para encher as páginas, e a questão fundamental é que necessitam de sobreviver, e para isso quando tentam atacar algo a fundo, ficam-se pelo, parece que, dizem que, a nossa fonte está convencida que, não conseguimos apurar. Enfim, na realidade em Angola toda a gente da informação salva-se como pode, e para vender jornais vale tudo, e para sobreviver nesta pátria selvagem vale tudo.
Já agora em relação á LAC, emissora privada, nota-se perfeitamente que as suas noticias, pouco ou nada diferem da emissora estatal, a RNA, limitando-se a informar, qual é o dia de hoje, por exemplo, se é o dia do meio ambiente, fazem uma longa entrevista ao ministro de tutela. Se é o dia de qualquer coisa, entrevistam também um ministro. E passam grande parte do noticiário a dizer as horas, os minutos, e imagine-se ... os segundos, para ocupar tempo com a emissão.
A Rádio Ecclésia é a única emissora de Angola, que informa realmente com isenção. De tal modo, que o governo tem horror a autorizar a sua emissão para todo o país. O receio é evidente. Se a Ecclésia emitir para todo o país, o governo só fica com os votos dos que governam.
Em suma falar de isenção da informação em Angola, é o mesmo que perguntar ao meu vizinho se viu o noticiário da Tpa, e ele responde-me que não perde tempo com essas coisas.

Watergate
De facto a imprensa nos EUA, é tão poderosa que consegue derrubar um presidente. O presidente mais poderoso do mundo, que não consegue sobreviver á imprensa mais poderosa do mundo.

Presidente brasileiro Collor de Melo
Na minha opinião, Collor de Melo chegou a presidente para aumentar e mais fácilmente conduzir os seus negócios, pois como presidente achava que assim aumentaria o seu império empresarial. Só que alguns empresários, afastados dos negócios sentiram-se lesados, e denunciaram para a imprensa, o que fez com que Collor de Melo fosse afastado da presidência. Vemos que aqui a imprensa teve um papel de destaque. Mas também sofre a influência de grandes impérios, e um deles é precisamente o da informação, a Rede Globo.

Nelson Mandela
Recordo-me que os fundamentalistas brancos da África do Sul, ameaçaram inundar o mercado mundial, colocando nas tampas de garrafas da Coca Cola, oiro, o que submergiria os mercados mundiais na bancarrota, além de ameaçarem com a fabricação da bomba atómica. Perante as ameaças destes fundamentalistas, a comunidade internacional cedeu, e organizou uma transição pacifica de poder. Aqui a imprensa teve um papel preponderante, fundamental .

A corrupção em geral
Considero que a corrupção é a componente principal da miséria das nações. Curiosamente, grande parte destas nações, apesar de nadarem em dinheiro proveniente do petróleo, as suas populações vivem na miséria. Há aqui que considerar o seguinte: A corrupção politica que se instala, dando origem á corrupção económica, porque os governos dos quais fazem parte as suas familias, passam a dominar todos os sectores da vida económica e social, não impondo por isso politicas adequadas para o desenvolvimento integral da sociedade no seu todo. A informação passa a ser um orgão controlado por essas familias, deixando de existir isenção. Qualquer jornalista que tente ir ao profundo das questões que afectam a sociedade, e denunciar mesmo com provas evidentes, ou qualquer politico também com as mesmas razões, serão sumáriamente abatidos como é lugar comum depois afirmar, que foram assassinados por criminosos, mas a policia nunca consegue desvendar, porque o crime foi encomendado.
Em Angola, o único orgão que resta com isenção, a Rádio Ecclésia está a ser pressionada actualmente pelas mais altas esferas do poder. E sabedores como somos da situação, não nos espanta que sobre ela seja movida uma grande campanha, para a diabolizar. Afinal os regimes corruptos, também coartam e controlam a informação que sai da igreja, actualmente e precisamente a Igreja Católica.
Convém notar portanto o seguinte:
A miséria nasce da corrupção politica, depois vem a económica, e depois a corrupção da informação. E é bom lembrar que grandes ditadores assim nasceram. Não nos esqueçamos de Hitler.
José Tramagal