02 fevereiro 2009

E tudo coronel Kadhafi tenta…

Um dos maiores sonhos do presidente líbio coronel Muammar Kadhafi, quando em 1999, propôs em Syrtre, a criação da União Africana era, logo que possível, criar os Estados Unidos de África, embora numa primeira ideia fosse só para os Estados ao sul do Saara.

A sua maior ambição era tornar exequível o que alguns visionários afro-americanos, nomeadamente o jamaicano naturalizado norte-americano, Marcus Garvey, pensaram nos primórdios do século XX, tal como o fez da década de 60 o ganês Kwane Nkrumah, e tornar-se no seu principal, se não mesmo, democraticamente o único, líder.

Tentou por duas ou três vezes introduzir essa ideia sem, contudo, a forçar.

Desta vez, e aproveitando-se do facto da presidência rotativa da União Africana ser de um País do Magreb, Kadhafi propôs-se para a presidência rotativa, esquecendo-se – ou talvez não, mas esperando que outros se fizessem esquecidos – que a Líbia pertence ao Mashreq e não ao Magreb, como muito bem relembrou o até hoje presidente em exercício e chefe de Estado da Tanzânia, Jakaya Kikwete ao jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA).

Mas se bem tentou melhor consegui porque foi eleito presidente em exercício da União Africana (UA). De certo que os outros Chefes de Estado não estavam a dormir. Só que ninguém quer, nesta altura, afrontar aquele que parece gozar de certo prestígio – ou será acomodamento – junto de alguns sectores africanos, europeus e norte-americanos ao ponto de um dos seus filhos propor a criação, pasme-se, de um Conselho que agrupe as ONG’s afro-árabes pelos Direitos Humanos! Pasme-se, novamente).

Mas se conseguiu a presidência falhou o seu objectivo maior. Avançar para a criação de uns Estados Unidos de África com um Governo comum e único baseado no modelo da União Europeia.

Angola foi dos países que disseram, e muito bem, NÃO! Porque há ainda que solidificar os diferentes conceitos regionais antes de se avançar para um conceito global de unificação africana.

Há muitos interesses divergentes entre os dirigentes e populações africanas para que seja possível “unificar” África em torno de um objectivo como se tem provado, desde 1963, quer com a OUA quer com a UA.

O senhor coronel Muammar Kadhafi vai ter de esperar mais uns anos – espero que muitos e longos – manter-se como indigitado “
rei dos reis africanos”…

2 comentários:

Anónimo disse...

http://bonecasdeatauro.blogspot.com/

Angola Debates e Ideias- G. Patissa disse...

Este copiar/colar (de EUA) peca acima de tudo pelos desfasamentos que se registam em África, não apenas do ponto de vista do desenvolvimento económico, mas também pelos solvancos à estabilidade. Volta e meia teremos num país um regime/oposição em colisão, o que certamente afectará toda uma iniciativa de unificação. Como estamos por exemplo com o Zimbabué de Mugabe? Se o que acho valesse para alguma coisa, lembraria que não basta unir por unir, pq, já dizia, o outro, "é melhor uma minoria activa a uma maioria passiva". Organizamos as nações e, só depois, essa utopia de Estados Unidos de África.