Fui passar uns dias de férias à província portuguesa mais ao
sul do Portugal continental e a que mais próxima está do meu Continente
africano, Algarve; logo mais próximo da vasta plataforma terrestre que nos - pelo menos a mim - recarga as
baterias, Mãe-África!
E, uma vez mais no que já é muito habitual, as ligações por
internet fornecidas pela TMN/Grupo MEO-PT foi quase nula e demonstrativa das inúmeras
dificuldades que os utilizadores sofrem para aceder a tal. Pelo menos onde eu
assento, perto de Albufeira, numa localidade turística onde até está só um dos
maiores e reconhecidos restaurantes portugueses…
Mas não e sobre isto que quero falar – até porque já vi, e
de outros verões e carnavais que não vale a mínima pena; qualquer dia mudo e
pronto; já vi que a Vodafone nunca, ou raramente, tem problemas.
Vamos ao que interessa.
Na passada segunda-feira tive de me deslocar, por razões
particulares, a Portimão onde tinha de estar às 8 horas da manhã.
Por esse facto saí de casa cedo e para cumprir horário fui
pela antiga SCUT “Via do Infante “denominada A22 entre Alcantarilha e Portimão;
custo: 2,10 euros, só uma vez…!
Pois, numa via de muito trânsito, a qualquer hora como me
recordo, nesse trajecto pude constatar que circulavam… 3 (três) viaturas.
Uma saiu no desvio de Silves e as duas restantes, uma das quais,
a minha, circularam até ao desvio de Portimão, no meu caso. A terceira não sei
se saiu ou seguiu porque a tinha ultrapassado momentos antes mas pelo
retrovisor constatei que se manteve como a única, além de mim , a circular naquele troço.
No sentido contrário, Portimão-Albufeira ainda vi alguns veículos,
a maioria tipo carrinhas de caixa fechada. Mas não mais que pouco mais de
meia-dúzia.
Também, a pagar 2,10 euros por 22 quilómetros, só por
evidente necessidade ou por ser só uma vez…
A quem é que interessa a existência de serpentes vazias?
A quem é que a Estradas de Portugal (EP) e o Governo português
(este e os antecessores) fizeram favores para que tantas serpentes bonitas se
encontrem sem ocupação efectiva mas, nem por isso, sem custos para os não-utilizadores
porque, quer queiramos ou não, os contratos vigentes são sempre para cumprir. Ou
seja, os contratos prevêem a passagem de um certo número de viaturas nas
referidas vias e é sobre esse número que a concessionária é ressarcida pela EP.
Como vai a EP e o erário público português pagarem viaturas
que não passam?
Lá se vai mais algum dos impostos às Finanças portuguesas
desviado para factos pouco relevantes…
A juntar a isso ontem no regresso pela A2 – a Auto-estrada Sul
– ao fim da tarde, posso garantir que cruzei-me (ou comigo se cruzaram) cerca
de uma dezena, dezena e meia, de viaturas (entre elas 3 ou 4 pesados, um dos
quais parado a receber assistência da Brisa).
Só a partir de Alcácer do Sal até à saída de Setúbal o trânsito
teve algum acréscimo, ainda assim, pouco significativo: ao todo e ao longo do
trajecto entre a A22 e Setúbal, não mais que 3 ou 4 dezenas de viaturas.
Também a pagar 19,85 euros por 240 quilómetros de
auto-estrada, se for toda pela A2; porque se for parte pela A12 já se paga,
20,05 euros; Fora as pontes, claro…
Realmente a quem interessou, de facto, este princípio tão
nobre de utilizador-pagador e quem está realmente a ganhar com ele.
Infelizmente é um princípio que não é igual para todos.
Enquanto as populações de Lisboa e da outra margem pagam – e
não é pouco – o direito ao trabalho, ou seja, têm de pagar as suas passagens
pelas duas pontes – não há alternativas, agora nem por barcos de transporte de
viaturas – no Porto-Gaia nenhum dos utentes paga qualquer uma das pontes que lá
existem. E do que se sabe, nenhuma delas foram baratas!
Em Portugal, uns cidadãos são mais que outros…
Por isso, se pergunta quem realmente ganhou com a introdução
de pagamento nas antigas vias SCUT (e nas auto-estradas) e quais os reais
custos para o erário público, via EP, para a sua “manutenção”?
Publicado em simultâneo com o Notícias Lusófonas, na secção "Colunistas". http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=29797&catogory=ECAlmeida
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