© Foto de José S.Pinto (Tonspi)
A partir de hoje, e sempre que as crónicas, os temas, ou os apontamentos, o justifiquem será colocado á disposição de terceiros o blogue.
Começaremos hoje pelas Crónicas de Luanda de “José Tramaga”.
Como poderão verificar, trata-se de um luandense que, por razões que demonstrou óbvias, colocará as sua crónicas sob pseudónimo.
De outros artigos que já me tem enviado, e para outras pessoas, não tenho dúvidas que esse seudónimo é justificado. Enquanto “JT” o desejar assim se manterá.
Que esta seja a primeira de outras.
Já agora porque não as colocar, também, no AngoNotícias, como artigos de Opinião, na linha dos que já, anteriormente, nos foi remetendo. Fica a sugestão.
Crónicas de Luanda
Por: José Tramagal
Os noticiários principais não informaram nada sobre a catástrofe da chuva. Uma ponte que liga o país ao norte, desabou. Os comentários são que os produtos que chegam a Luanda, vem daí, e que a fome nos espera.
Vou tentar fazer uma resenha por pequenas notícias apanhadas aqui e ali:
Cacuaco: Está inundado de água e lama.
Junto á fortaleza, as terras começaram a inundar os esgotos. Estes ficaram entupidos, e as habitações alagadas.
Muitas viaturas ficaram imobilizadas. Não sabendo o seu número exacto.
Seis postes de alta tensão 15.000 Volts desabaram, os condutores caíram, não sabendo se houve vitimas.
Um poste caíu atravessado na via, e terras foram arrastadas, na zona do Rocha Pinto.
Na baixa outro poste caíu em cima de uma viatura.
Um muro desabou vitimando uma criança de dois anos.
Outro muro desabou, vitimando outra criança de oito anos.
Uma residência desabou, não sabendo se houve vitimas.
No Cazenga, na Lagoa de S,Pedro, mais de 2.000 residências foram destruidas, e mais de 2.000 familias ficaram ao relento. Não existem condições para acudir a estas vitímas. Um morador, disse que se viesse mais chuva, que o bairro Ngola Kiluangi seria inundado. Este bairro é densamente povoado.
A cidadela desportiva está uma grande piscina, de acordo com fonte da Lac, emissora privada. Colocaram uma moto bomba que retira 2.500 Litros de água por hora. Se chover mais, o que vai acontecer segundo as previsões de meteorologia, será talvez o fim da cidadela, conforme dito.
Nos bairros Rangel, e Sambizanga, a catástrofe é idêntica. Evitando os orgãos de informação dar noticias, não se percebendo bem porquê. Talvez para evitar o pânico? As vias que dão acesso á zona do asfalto estão intransitáveis. Buracos por todo o lado. Circulam poucos automóveis, a cidade parece que está a viver um feriado forçado. Uma greve geral, dir-se-ia.
As casas do Lar do Patriota no bairro Benfica, estão a meter água por todo o lado. Um empreendimento recente, com cerca de um ano habitacional. As desculpas do seu presidente, escutadas na Rádio Luanda, não conseguem tirar as dúvidas dos seus residentes, porque primeiro referiu-se que por causa de uma residência, querem denegrir o nosso empreendimento. Depois avança, mesmo que sejam, uma duas, tres, quatro, cinco, isso é normal. Apenas revelou nas suas afirmações, contradição que em nada justificam a sua defesa, indo ao ponto de citar o tsunami da Ásia.
Posso afirmar sem sombra de dúvidas, que são milhares de deslocados internos, a aguardar auxílio, que só poderá vir com ajuda internacional, porque não existem meios locais.
Uma das causas principais que a isto conduziu, é a anarquia do saneamento básico, e medidas populistas governamentais. O lixo, e a anarquia das construções que qualquer executa, seja ele quem for. Depois a água arrasta o lixo, entope todos os esgotos, e como as construções estão edificadas em locais impróprios, a água não consegue passar, e começa a subir, a subir. Dignitários da desordem estabelecida constróiem edificações em cima de colectores e de esgotos.
Sobre as províncias é dificil obter informações.
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