Pelo dia Mundial da Leitura um trecho do conto de Onésimo Silveira, “Toda a gente fala: sim senhor”, publicado na década de 60 pela Publicações Imbondeiro, Sá da Bandeira (Lubango).
Refernte a esta data dois poemas foram colocados no Malambas; um deste autor e outro do angolano Arnaldo Santos
(…)
- Cara dinhô ê cara d’alguém qui câ stá sábi, Tigusto! – exclamou Nizinho ao entrar na sanzala.
Com uma expressão apagada, que a chama amarela e fumarenta do candeeiro aprofundava, sentado no seu inseparável mocho, Tigusto permanecia estático e indiferente como a presença de um corpo morto.
Câ ê sô tã pensa qui nhô tâ rumá vida, igusto ! – volveu Nizinho ao silêncio de Tigusto.
Ressurgindo da amarelidão da sanzala, ergueu-se Tigusto. Sem nada dizer apontou o atado sobre a mesa:
- Olhá nizinho: pronto pâ bai tê cidade. C’um atado de batata e um casaco de caqui… – lamentou-se, numa voz que mais parecia interiorizar-se.
Nizinho fitou o atado. Ao lado dele estavam a viola e o chapéu de feltro cinzento, que Tigusto trazia muito estimado a um canto da mala.
Tigusto nada disse sobre a viola. Talvez lhe tivesse raiva ainda… Mas ao outro dia, manhã grande, atravessou-a às costas e, o atado pela mão e o chapéu bem enfiado, meteu-se ao caminho que o levaria à cidade pela primeira vez..
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