(Foto © Jean-Philippe Ksiazek/AFP/Getty Images, in Zwela Angola) A Cote d’ Ivoire está a ferro e fogo total e isso já todos sabemos.
O vencedor internacional – que não institucional – das eleições presidenciais de Novembro de 2010, Alassane Ouattara, está a avançar inexoravelmente para Abidjan a fim de forçar a destituição do antigo presidente e declarado vencido nas citadas eleições, Laurent Gbagbo.
As forças de elite presidenciais e as milícias de Gbagbo estão impotentes face à vantagem adquirida pelas milícias e pelas Forças Republicanas da Costa do Marfim, o novo exército criado por Ouattara, que já conquistaram a capital política, Yamoussoukro, o principal veículo de escoamento da fonte de subsistência de Gbagbo, o cacau, o porto de San Pedro, e terão ocupado a televisão ivoirense aproximando-se do palácio presidencial, no bairro do Plateau, onde estará acoitado Gbagbo.
Quase toda a comunidade internacional tem pedido ao cessante e derrotado presidente que entregue pacificamente o poder a Ouattara. Quase toda até ontem quando as duas maiores potências austrais fizeram uma “fleec-flack” á retaguarda e decidiram apoiar os esforços da União Africana a favor da Paz e da entrega do poder a Ouattara.
É que tanto Angola como África do Sul reconheciam Gbagbo como o presidente da Cote d’Ivoire dado que afirmavam que teria havido uma precipitação da comunidade internacional em reconhecer a vitória de Ouattara, declarada pela Comissão Eleitoral Independente, quando ainda decorriam contagens finais dos votos pelo que achavam que a declaração final do Conselho Constitucional, próxima de Gbagbo, é que validava as eleições e estas davam o presidente cessante como vencedor.
Posteriormente, primeiro Zuma, numa declaração pública, e quase logo de seguida apoiada por Angola, começaram a propor que Gbagbo ficasse no poder como presidente transitório até serem efectuadas novas eleições presidenciais no país, sob supervisão da comunidade africana, o que foi liminarmente rejeitado quer por Ouattara, quer pela Nigéria, com interesses potenciais na região – que disputa com Angola – quer, sem espanto, pela França, um dos principais apoiantes d Ouattara e suporte das forças das Nações Unidas que, desde o fim da guerra-civil, em 2009, se encontram na terra do cacau.
É certo que os grandes derrotados desta situação caótica e violenta são o povo iroirense – mais que um derrotado, é a maior vítima –, porque o fim da crise trará, inevitavelmente, actos vingativos tais como “Saques, extorsões e, mais graves, raptos, detenções arbitrárias e maus tratos aos adversários”, que já estará acontecer como alertam as Nações Unidas, através da ONUCI, bem assim o presidente cessante renitente Gbagbo.
No entanto, é fatal que tanto Angola como a África do Sul pautam-se como as grandes derrotadas da questão ivoirense ao verem as suas pretensões pró-Gbagbo serem “condenadas” pela União Africana ao apoiarem Ouattara e a sua caminhada para o palácio presidencial, apesar do presidente em exercício da UA ser Teodoro Nguema Obiang, o autocrata chefe de Estado da Guiné-Equatorial, um dos sete países africanos que Gbagbo afirma ainda o apoiarem (África do Sul, Angola, Congo Democrático, Gâmbia, Gana, Guiné Equatorial e Uganda).