(A calma que as aves nos oferecem de lição: foto Jorge Rosmaninho)
Chamaram ao dito um "acordo para a estabilização e manutenção da ordem
constitucional".
À partida tudo indicaria ser um gesto de compromisso
interessante e de bom senso. À partida, só que…
Os dirigentes depostos continuam presos ou escondidos e acossados
sem direitos alguns.
Sabe-se que a Cruz Vermelha Internacional terá visitado,
também ontem, os dois mais altos dignitários políticos da Guiné-Bissau,
tendo-os entregues roupas, medicamentos e artigos de higiene. Mas eles
continuam detidos…
Os ditos partidos da Oposição, onde se inclui o PRS cujo
presidente, Koumba Yalá, esteve, ainda há dois dias, rejeitar o Golpe (?!),
aceitam que a actual Constituição seja só “parcialmente respeitada” e que a “Assembleia
seja "declara extinta" pelo Comando Militar bem assim confirme a
destituição do Presidente interino e do Governo, e saliente que os partidos
políticos declaram manter a organização do poder judicial, civil e militar e
manter a chefia militar vigente”.
Segundo o comunicado lido pelo porta-voz dos oposicionistas
no fim dos dois anos de transição haverá eleições simultâneas das presidenciais
e legislativas, com base num recenseamento biométrico e de raiz e com a
participação de eleitores guineenses na diáspora.
Se bem nos recordamos esta não é a primeira vez que existe
um Golpe de Estado efectivo ou frustrado na Guiné-Bissau.
Tal como das outras vezes, também a vontade castrense e dos
políticos oposicionistas em ver o País caminhar para a Democracia e
estabilidade política com os militares confinados nos quartéis tem sido a prerrogativa
dos Golpes.
E quais têm sido os resultados?
Golpes seguidos de Putschs e Golpes!
E qual tem sido as movimentações dos militares? Mudanças
sistemáticas dos trajectos entre os aquartelamentos e os palácios
governamentais, Ou seja, nunca se ficam pelos quartéis!
A tão referida eventual carta de Carlos Gomes Júnior à ONU e a
tão propalada conversa do embaixador angolano em Bissau, junto dos militares
guineenses, parecem confirmar, inequivocamente, as suas pertinentes dúvidas e,
porque não dizer, certezas!
Face a estes habituais desenvolvimentos que garantias têm os
políticos Bissau-guineenses que agora será de vez o definitivo aquartelamento
dos militares?
Penso que ninguém de bom senso e de boa memória acreditará
nisso! Tal como o anúncio de um produto de limpeza, a História não engana!
A solução para a Guiné-Bissau passa por adoptar um sistema
como o da Costa Rica!
Ou seja, desmilitarizar e acabar com os militares no País e
adoptar uma boa polícia de protecção territorial criada de raiz e com uma
sustentada vertente democratizadora.
É certo que esta perspectiva foi uma das razões para o Golpe,
já que o tal documento de Gomes Júnior, o eventual documento secreto que o Comando Militar
tanto evoca – pensemos que será este – preveria a destituição do comando castrense
e das forças militares guineenses e a sua substituição por uma força de intervenção
legitimada através de um mandato do Conselho de Segurança e Paz da União
Africana.
Interessante que hoje estará a ser discutida no Conselho de
Segurança da ONU essa eventual ideia sob auspícios de Portugal em nome da CPLP
e, talvez, com o beneplácito da União Africana – que já suspendeu,
preventivamente a Guiné-Bissau – e, talvez, da CEDEAO.
Talvez, porque, não é líquido que não haja uma clara mãozinha
francófona, face ao xenofobismo linguístico quer dos militares quer de uma
certa classe política guineense face à CPLP.
O que, em boa verdade, até se compreende…
O certo é que Angola, em primeiro lugar, e a CPLP em
seguida, estão a perder a face na disputa pela primazia política na Guiné-Bissau.
Enquanto isso, os guineenses continuam sem gozar de uma Paz
política e democrática no País!
Apontamento transcrito no portal Guiné-BissauDocs (http://guinebissaudocs.wordpress.com/2012/04/19/analise-pululu-guine-bissau-militares-e-oposicao-assinam-acordo/) e publicado como Manchete do Notícias Lusófonas
Apontamento transcrito no portal Guiné-BissauDocs (http://guinebissaudocs.wordpress.com/2012/04/19/analise-pululu-guine-bissau-militares-e-oposicao-assinam-acordo/) e publicado como Manchete do Notícias Lusófonas
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