Uma
das notícias que surge no espaço cibernético, logo após o Golpe de Estado,
prende-se com a acusação que os militares Bissau-guineenses fazem quanto à
presença angolana no País e do Governo e presidente interino guineenses terem
celebrado um “acordo secreto” com a Missang para colocar em causa as chefias
castrenses Bissau-guineenses.
O
certo, coincidência ou não, o tempo o dirá, foi o acontecimento ter ocorrido
menos de 12 horas depois de Koumba Yalá ter anunciado que não iria fazer
campanha para a segunda volta das presidenciais e até nem ir às mesmas porque não
reconhecia os resultados da primeira. Yalá, que se saiba, até ao presente não
formalizou a sua desistência junto do STJ.
Recorde-se
que Yalá sempre disse que seria eleito logo na primeira volta com uma
significativa vitória. Yalá augurava, talvez, que a sua etno-região, os
Balantas, claramente assinalável no País (cerca de 30%), lhe desse a maioria
necessária para ser eleito. A surpresa de Yalá esteve no resultado final que não
atingiu nem 30% dos votos. E como se recorda as habituais recepções que Yalá
regista quando as coisas não correm a seu contento…
Daí
haver analistas, e não são pouco, a associar o Golpe ao anúncio de Yalá.
Perante
a crise guineense questiona-se o que vai fazer a União Africana (UA), a CEDEAO
e a CPLP.
Quanto
UA a expectativa mantém-se. Nada se houve, nada se vê e nada se leu ainda. Provavelmente,
a distância para Adis-Abeba deve estar a ser cumprida no lombo de um camelo ou
de um dromedário ao atravessar o Deserto do Sahara…
Sobre
a CEDEAO o interessante é já sabendo do Golpe ainda fala em eventual tentativa
de Golpe na Guiné-Bissau e na expectativa que a legalidade seja regularizada
rapidamente.
Já
quanto à CPLP – e recordando que a presidência em exercício é levada a efeito
por Angola que, por acaso, até ainda tem tropas na Guiné-Bissau – parece que procede
em conformidade com o habitual. Ou
seja, pensa, pensa, pensa… e nada decide.
Até
porque o triângulo cerebral da CPLP continua a remar cada um para o seu lado…
A
prova, apesar das palavras do presidente português Cavaco Silva dar a impressão
de apoiar qualquer iniciativa da presidência angolana quanto à crise, limita-se,
ainda assim, a esperar que seja rapidamente reposta a legalidade democrática.
Angola,
condena e nada acrescenta. Deve aguardar que o Secretariado Executivo se reúna para
decidir em conformidade.
Já
o Brasil, o terceiro vértice e, gostemos ou não, o mais importante na actual
cena internacional, já se decidiu: solicitou uma reunião urgente… mas no
Conselho de Segurança da ONU!
Ou
seja, a CPLP continua ser tricéfala e a não se entender.
Por
outro lado, acresce que os francófonos da CEDEAO – França e Angola ainda andam
a remoer as suas anteriores crises “conjugais” – temem perder a influência na
Guiné-Bissau com a presença de forças armadas não afro-francófonas, no caso
angolanas e, eventualmente, brasileiras, e destas para a CPLP.
Não
esquecer que os militares e políticos senegaleses, guineenses (Conakri) e
franceses ainda não esqueceram as humilhações que sofreram às mãos de militares
Bissau-guineenses, em tempos e crises castrenses recentes.
Se
a isto acrescentarmos as contínuas acusações da Secretaria de Estado
norte-americana – cada vez mais próxima de Angola e da sua importância na região
centro-africana e na sua possível globalização – contra alguns líderes
militares Bissau-guineenses e contra o próprio País de ser uma plataforma de
narcotráfico proveniente, na sua maioria, da América Latina, mais se entende
como a presença dos angolanos e da CPLP não é bem quista nem interessa a alguns
países vizinhos, também eles, recorde-se já acusados de estarem ligados ao narcotráfico.
Vamos
aguardar que a calma volte a Bissau e ao resto do País e que a Justiça, a Democracia
e a Legalidade não tenham tido mais que um pequeno e singular percalço e
rapidamente restabelecidos.
Transcrito no portal do Jornal Pravda (http://port.pravda.ru/mundo/15-04-2012/33319-guine_angola-0/) e no portal Zwela Angola (http://www.zwelangola.com/opiniao/index-lr.php?id=8718)
Transcrito no portal do Jornal Pravda (http://port.pravda.ru/mundo/15-04-2012/33319-guine_angola-0/) e no portal Zwela Angola (http://www.zwelangola.com/opiniao/index-lr.php?id=8718)
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