30 maio 2014

A Liberdade e o Folha 8

Um comentário sobre o Folha 8 e a sua função como baluarte da Liberdade de imprensa:

"A Liberdade de uma pessoa começa onde acaba a do outrem e restringir essa Liberdade só acontece em situações onde predomine o autocratismo e a tirania. E é para combater situações como estas que emergem a Comunicação Social e os Livres-pensadores.

Mas não é só no despotismo que os defensores da Liberdade devem surgir. A Liberdade é um bem como o casamento. Depois de conquistados devem ser regados e alimentados diariamente para que, no caso da Liberdade, o despotismo não aconteça.

E é aqui que acontece o Folha 8 como combatente da Liberdade e da boa governação nacional; apontando os erros, onde eles ocorrem, combatendo com frontalidade o que estiver mal na sociedade, na governação e na política – porque não há a perfeição – ou chamando a atenção do que possa estar a ocorrer menos bem no Estado e no Homem.

E, por isso, o Folha 8 é sinónimo de Liberdade."

Este texto/comentário foi publicado no semanário Folha 8 na edição 1191, de 31 de Maio de 2014, página 17

25 maio 2014

Dia de África

Porque hoje é Dia de África, recordo uma comunicação que efectuei, em Maio de 2009, na Universidade Lusíada de Angola, no caso em Luanda mas também em Cabinda e no Lobito), sobre esta temática e intitulada "Que África no Século XXI? - Terá o Continente capacidade para albergar Potências Regionais?".

Continuo a achar que este tema permanece actual!

Recordo, também, que no Dia de África, e pela primeira vez, as comemorações foram fora de Addis-Abeba (Etiópia) e honraram Angola, tendo as mesmas acontecido em Luanda, no Centro de Congressos de Talatona, onde tive a honra de assistir.

Mais um Dia de África para recordar...

20 maio 2014

JOMAV o novo presidente da Guiné-Bissau

De acordo com os resultados provisórios anunciados pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições,Augusto Mendes, o candidato José Mário Vaz (JOMAV), apoiado pelo PAIGC, venceu a 2ª volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau, realizadas no passado domingo, obtendo 61,9% dos votos, enquanto o candidato Nuno Gomes Nabian, independente apoiado pelo falecido antigo presidente Kumba Yalá (e do PRS, bem como, segundo algumas fontes locais, também conotado com os militares autores do golpe de Estado de 2012), só recolheu 38,1%.

Dos cerca de 800 mil eleitores Bissau-guineenses recenseados, JOMAV, de 57 anos, conseguiu 364.394 votos enquanto Nabian obtinha 224.089 votos. A abstenção subiu em comparação com a primeira volta das presidenciais e legislativas, passando de 10,71% para 21,79%.

De recordar que na primeira volta (13 de Abril, mesma data das legislativas) o candidato já tinha obtido cerca de 40% dos votos, enquanto o PAIGC conquistava a maioria absoluta nas eleições legislativas; o PAIGC faz, assim, o pleno, ou seja, Governo e Presidência.

O novo Presidente eleito venceu em 22 dos 29 círculos eleitorais da Guiné-Bissau; sendo que a nível regional, Nabian só conquistou votos maioritários nas regiões de Tombali (sul) e Oio (centro), enquanto Vaz vencia nas restantes sete regiões (Bissau, Quinara, Biombo, Bolama, Bafatá, Gabú e Cacheu) e na diáspora.

Especulava-se que havia alguma tensão em Bissau pelo – parecia – atraso na divulgação dos resultados – inicialmente previstos para ontem ou hoje de manhã – a que se juntava as análises, um pouco tensas, dos senegaleses. Parecia que estes apostavam em Nabiam em detrimento de Vaz, dado este ser mais próximo de Angola e dos separatistas do MFDC de Casamance, o que não seria bem acolhido pelo presidente Macky Sall.

Ainda assim, o embaixador do Senegal, em Bissau, general Abdoulaye Dieng – um general!! -, espera que do candidato vencedor assevere que a secular relação entre os dois países mantenham preservadas.

Acresce que o EMGFA, assinado pelo próprio CEMGFA, António Indjai – o líder golpista de 12 de Abril de 2012 – emitiu um comunicado apelando à calma, manifestando respeito pelas regras democráticas (que os próprios violaram e de que maneira!!!) e declarando submissão dos militares ao poder político. Como escreve Aly, descobriram a roda…

Ou seja, a própria CPLP – um organismo cada vez mais esconso e subalternizado à CEDEAO, pelo menos na Guiné-Bissau – está sentadinha a aguardar novos desenvolvimentos da habitual roda giratória Bissau-guineense: hoje, política e democracia civil, amanhã, golpe militar… E tudo via governo português

NOTA COMPLMENTAR: Nabiam depois de ter afirmado, durante a campanha, que aceitaria quaisquer que fossem os resultados, agora vem contestá-los e diz ir impugná-los! Tudo normal na vida política Bissau-guineense...

Peça de teatro cancelada em Luanda, mas…

A Ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, por acaso uma patrícia lobitanga e reconhecida defensora da cultura angolana, decidiu suspender – leia-se, proibir, – no dia que ia ser representada, uma peça de teatro “P-STAGE – IV Estágio Internacional de Actores”, intitulada “As Orações de Mansata”.

A P-STAGE é uma cooperação com a Cena Lusófona, o Elinga Teatro (Angola), a Companhia de Teatro de Braga e a Escola da Noite (Portugal) e o teatro Vila Velha (Salvador da Baía) e tinha o apoio da União Europeia.

Segundo o despacho que dizem ter sido emitido pela Ministra, esta terá justificado o impedimento da apresentação da peça no Cine-Teatro Nacional porque, o edifício não dar garantias de segurança nem aos actores nem, tão-pouco, aos espectadores.

É interessante porque ainda há poucos – dois ou três dias – foi mostrada a Ministra no mesmo recinto a afirmar que ir-se-ia fazer a recuperação do velhinho Cine-Teatro Nacional – não sei onde descobriram que só tem 40 anos, quando cheguei a Luanda, proveniente do Lobito, em 1968, ele já estava naquele sítio – já depois de terem reconstruído o muro de sustentação que estava muito periclitante e punha em causa o próprio edifício.

Ora esta é uma das evocações para a representação ter sido suspensa!... E não me pareceu que a Ministra, por quem prezo, desse imagem de estar preocupada em permanecer no tal local devido às tais «razões de segurança do Teatro»… Ainda que um relatório de uma construtora portuguesa apontasse falhas de segurança estrutural na cobertura e palco do Cine-Teatro.

Que se saiba, não existe só o Cine-Teatro Nacional na capital angolana para este tipo de espectáculos; além de que já houve mais que tempo para o Governo intervir na recuperação dos meios de fomento de Cultura.

E não acredito que a nossa Ministra seja daquelas que evoquem que a Cultura é um perigoso meio para engradecer a inteligência e sabedoria dos Povos. Pelo contrário, e isso seria censura…

A peça, em questão, note-se e registe-se, embora seja focada na Guiné-Bissau – é a primeira peça dramaturga impresso da literatura Bissau-guineense – fala-nos e retrata a luta pelo poder, corrupção, violência e traição.

Embora este país nunca seja claramente identificado ao longo da representação – ou por isso mesmo – pode ser extrapolada para qualquer país, onde as eternas lutas pelo Poder e contra a Corrupção, a Violência e a Traição são uma constante.


E esta inusitada suspensão só leva a dúbias interpretações…

16 maio 2014

Angola, censo 2014


Hoje, sexta-feira, 16 de Maio de 2014, e desde as 00 horas ter-se-á iniciado, oficialmente, o primeiro Censo Geral da População e da Habitação de Angola do pós-independência. Até 31 de Maio, cerca de 91 mil recenseadores vão estar nas ruas angolanas.

Isto, claro, se alguns dos recenseadores e seus supervisores não faltarem; recorde-se o que se passou, ontem em Viana nos centros das Escolas 5030, na Sanzala, e 964, no Grafanil-Robaldina, ambos em Viana, que ameaçaram não abrir os Centros, se não lhes pagarem o que lhes devem, até às 6 horas de hoje. Ficou a promessa de liquidação...

Para quem precisar de mais informações sobre o Censo e como tirar dúvidas, queiram contactar o telefone 114.

Só é pena não haver, também, uma "sondagem" oficial aos angolanos que ainda estão fora do País e são milhares; até porque nem todos estão registados nos respectivos consulados, em parte devido a grandes distâncias e ao - quase insanável - conflito trabalho/horas de expediente!

09 maio 2014

E as eleições sul-africanas vão para... (artigo)

"20 anos depois das primeiras eleições multirraciais, os sul-africanos vão às urnas (estou a escrever na véspera do acto eleitoral) sem que se preveja alterações significativas na pirâmide política do país do arco-íris.

Uma vez mais, o ANC vai obter, quase seguramente, a maioria absoluta dos lugares do Parlamento em disputa, quase, talvez, repita a aproximação à maioria qualificada, a presidência (foram dos sul-africanos que saiu a ideia à nossa eleição presidencial) e uma parte significativa dos dirigentes regionais e provinciais.

O que está em causa é como se afirmará a coligação Aliança Democrática (DA) – se conseguirá esbater um pouco a sua habitual e abismal diferença para o ANC – e como será a votação do carismático e radical chaviano Julius Malema – até na forma de se vestir, o antigo líder juvenil do ANC imita Hugo Chavez – do Partido para a Emancipação da Liberdade Económica (EFF).

Do radical Congresso Pan-Africano (PAC) e do Partido Inkhata (IFP) só esperam manter a sua presença no Parlamento e, no caso deste último, não perder alguma da sua força grupal junto dos zulus, em particular no KwaZulu-Nataal.

Claramente que não está em causa a votação do partido de Madiba – são as primeiras eleições desde o passamento físico de Mandela – mesmo que o seu actual líder, o muito descredibilizado Jacob Zuma, seja visto mais como um empecilho ao desenvolvimento político, social e económico do país. Segundo uma sondagem feita no final do ano passado só 46% dos sul-africanos concordava com as políticas de Zuma. Nem o facto de um dos últimos comícios de Zuma, no Estádio FNB (ou Soccer City) que durou cerca de uma hora, tenha ficado marcado pelo abandono de grande parte dos 100 mil simpatizantes presentes.

Também a desistência de Mamphela Ramphele, viúva de Steve Biko, e candidata da oposição (na altura apoiada pela Aliança Democrática e pelo Agang), bem como a perspectiva de uma subida exponencial do radicalismo de Malema e a pálida campanha dos democratas ajudam à reeleição de Zuma. Nem, também, pelo facto do consulado de Zuma estar marcado por vários escândalos, como o das obras realizadas em sua residência privada em Nkandla (a Leste) às custas dos contribuintes, ou pelo facto do presidente ter suas mãos manchadas de sangue desde que a polícia abriu fogo contra os grevistas da mina de Marikana (no Norte), em Agosto de 2012, e que provocou a morte de 34 pessoas. E são 11 os candidatos à cadeira que foi ocupada por Mandela…

O problema está no que o ANC, além de se basear nas figuras políticas de Mandela, Oliver Tambo, Walter Sisulu, Chris Hani ou Solomon Mahlangu, vai tentar fazer que não o conseguiu até agora. (...)" (continuar a ler aqui)

Publicado na edição 328, de hoje, do Novo Jornal.

07 maio 2014

Eleições na África do Sul...

 O actual Presidente
e o seu Delfim?

Hoje, a África do Sul vai a eleições para os Parlamentos nacional e provinciais e para a Presidência. 

O ANC e Zuma, apesar dos inúmeros escândalos deste último - arranjos na sua residência particular com fundos públicos - e do sangue que fez verter junto dos mineiros de Marikana, não deverão perder a oportunidade de manter os seus habituais 60% a 65% dos votos.


Por outro lado a Aliança Democrática (DA) e o partido dos

Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, não vão conseguir questionar a vitória do partido de Madiba. Nem os restantes 8 candidatos presidenciais…


Apesar da DA de já estar a ocupar um lugar significativo junto dos negros, mestiços e indianos, ainda é visto como um partido dos brancos; já o populismo chaviano de Julius Malema – antigo líder juvenil do ANC – é visto como muito desestabilizador para a África do Sul e para os países da SADC; só Mugabe, porque é um dos faróis de Malema, o deve ver com bons olhos…

05 maio 2014

No «Conversas ao Sul»

(Quando Esser Silva intervinha)
(Logo do programa)


A minha participação no Conversas ao Sul (RTP-África) através da sua RTP-Play e que contou, também, com as participações do sociólogo cabo-verdiano Esser Jorge Silva (Universidade do Minho) e da artista plástica, de origem moçambicana, Ângela Ferreira.