05 junho 2006

Sobre o racismo, uma reflexão de Yahia ben Yokhanon

Photobucket - Video and Image Hosting (Yahia ben Yokhanon)

Depois disto ainda acham que o racismo faz algum sentido?
(Reencaminhado…de: Conceição Dasmaceno pela Internet, Data: 05/18/06 10:03:30 - Assunto: FW: gémeas)...
Gêmeas idênticas.
Pode parecer mentira, mas estas duas meninas (nas fotos) são irmãs gêmeas! Uma inglesa negra com ancestrais brancos deu à luz estas gêmeas em 2005, uma negra e a outra branca. Tanto a mãe, Kylie Hodgson, 19 anos, quanto o marido, Remi Horder, 17 anos, são filhos de casais mistos (negro e branco). As chances de nascimento de gêmeas assim eram de uma em uma milhão, segundo especialistas em fertilidade. Eles explicaram que um espermatozóide com genes exclusivamente da raça branca fecundou um óvulo do mesmo tipo, enquanto outro espermatozóide com genes da raça negra fecundou um óvulo com genes dos ancestrais negros, o que resultou no nascimento dessas duas gracinhas. Elas completam um ano em abril.
”…(fim de citação).
Comentário do Colunista desta página:
De acordo com o título: - “Depois disto ainda acham que o racismo faz algum sentido?” … Concordamos com, “isto”, se for no sentido de caso…exemplo.
Mas bem no fundo não sei onde está tanta admiração apesar da peculiaridade do caso…Talvez seja devido à ignorância generalizada sobre a ORIGEM AFRICANA do MUNDO evoluindo numa MESTIÇAGEM permanente.
No entanto, sem dúvida, o caso das Gémeas é mais uma prova da base anti-natural e anti-científica do racismo.
Legenda das fotos: As duas Fotos das meninas gémeas idênticas –, uma mais ROSADA, a outra mais MARROM (castanha). A cor de pele dita Branca e a cor de pele dita Negra, ausentes nesta imagem de pureza infantil. Nos corpos e nas almas inocentes sem preconceito. Esperemos duradoiro ad aeternum.
Em mestiçagem “isto” é normal...entre irmãos e entre gémeos...as pessoas é que andam distraídas e cegas devido ao preconceito (do racismo) e não reparam melhor na rua...e noutros locais…O ADN (Ácido Desoxirribo–Nucleico), matriz da herança genética nunca se esquece ou se engana de onde vieram os antepassados das pessoas deixando sempre sua marca de uma forma ou de outra.
Numa família mestiça há sempre uns mais claros que outros (ou mais altos e mais baixos). E é devido ao preconceito instigado sobretudo nas meninas mais claras que crescem "como brancas"...isto é muito comum entre os Portugueses...e em Portugal ainda hoje.
Em geral nas antigas colónias Europeias em África, Caraíbas e Américas, quer Inglesas, Portuguesas, Francesas, Alemãs e mesmo colónias Holandesas (Antilhas e África do Sul), infelizmente era (é) também muito comum e se procedia assim para esconder com vergonha a origem mais escura isto é a parte “negra”...da família só falando da parte europeia "branca"...A esta atitude apelida-se de Complexo Colonial. Existindo o Complexo de inferioridade como nestes casos e o Complexo de superioridade de muitos cidadãos europeus em relação aos cidadãos das suas antigas colónias sempre baseados num eurocentrismo cultural, económico, (ICT) científico-tecnológico e epidérmico (cor da pele muito mais clara associada à mais inteligência e QI).
A Comunicação Social desses Países (em Portugal é um facto), tem contribuído muitas vezes para esse pressuposto inferindo por indução uma visão distorcida da verdade histórica, causadora da alienação colonial dos ex – colonizados “presos” a um passado em suas mentes, passando esta memória subserviente através da educação a seus descendentes por várias formas. Uma delas muito actuais, é a do “fanatismo do Futebol” pelas equipas portuguesas de novo “metropolitanas” num conceito muito passadista ou de “saudade” colonial. Reflicta-se no aspecto da ausência de uma consciência política, colectiva, sobre a recente visita do Benfica de Lisboa a Moçambique e nas partidas em que participou. Num estudo sociológico, psicológico, da alienação da mentalidade contraditória do Moçambicano, seria de se perguntar a esse grupo alvo se ao preterirem “fervorosamente” as equipas Moçambicanas a favor das estrangeiras se sentiriam confortáveis na sua “pretensa” Moçambicanidade? A resposta poderia ser desoladora.
No Brasil e Portugal este complexo colonial da pele mais clara é fortíssimo...e mesmo em Cabo Verde camufladamente estão lá...quiçá, restos na mentalidade, do tempo da escravatura...levada pelos portugueses…para as Ilhas, durante séculos. E o mais curioso e triste é que tanto em Portugal como no Brasil este complexo parece ter atingido até a classe política e dirigentes alguns dos quais de origem mestiço-negróide. É como diz um pensador, meu conhecido, de origem luso-germano-belga-angolana*, que: - … “alguma da imbecilidade que reina em alguns países, nomeadamente em Portugal, e,” (…) “ o facto de algumas cabeças dirigentes serem mestiços e parecerem ter – ou têm mesmo – medo de que se saiba”… (fim de citação). É aí, nessa identidade do Portugal mestiço sem complexos que estaria a força da verdadeira Lusofonia se houvesse coragem em assumir essa mestiçagem no sangue português, “laboratório” iniciado compulsivamente há séculos com os mouros e negro – africanos, passando pelos judeus e goeses (canarins). Mestiçagem que perdura aos dias de hoje numa reciclagem contínua com a absorção pela sociedade portuguesa europeia do fluxo imigratório consequência das independências Africanas das antigas colónias lusitanas e posteriores. O que poderia ser uma mais valia parece infundir medo em alguns ditos “nacionalistas”, apologistas de uma pureza racial de Portugal e em outros mais europeístas, de costas voltadas para África e a Lusofonia. Se esquecem que a “moeda forte” que Portugal tem na União Europeia parece pressupor ser este País um interlocutor válido ou parceiro nas relações Norte-Sul, “soi-disant”: - Portugal com África, Brasil e por extensão Timor-Leste e mesmo Macau e Goa. A questão é se tem sido.
E em Moçambique, Angola e S. Tomé e Príncipe qual o panorama dos complexos ditos raciais? Na Guiné -Bissau talvez exista alguma excepção na assumpção da condição de ser Africano e Guineense, dentro e fora da Guiné! Obviamente não há regra sem excepção!
Ao que nos levou a informação sobre as Gémeas inglesas, filhas de pais mestiços, ao completarem um ano de idade em Abril de 2006.
De facto a reflexão cognitiva anda em círculo. Aparentemente parece que nos desviamos do assunto central mas na realidade enriquecemo-la ao aprofundarmos a dissertação. Enriquecer o debate. É isso que é preciso numa sociedade Moçambicana suburbanizada e cada vez mais redutora no pensamento colectivo “atrofiado” com o consumismo “selvagem” da publicidade, da promoção de marketing e da alienação estereotipada, induzindo inconscientemente a uma negação da essência da Independência de Moçambique. Mas isso seria outro tema acrescido! Shalom!

(Artigo e fotos publicados no Jornal moçambicano “O Autarca da Beira” edição de 2 de Junho 2006 – publicação devidamente autorizada pelo autor).

*O pensador em questão pode ser identificado se olharem para o “profile” deste blogue.

5 comentários:

Antropomorfo disse...

Me gustó mucho este texto, aquí en México funcionamos prácticamente igual, mientras más blanco sea el color de piel mejor, aunque todos se autodefinen como no discriminadores. Al fin y al cabo prácticamente es la misma metrópoli, ¿no?

Anónimo disse...

La verdad mucho de los paises aqui em amrecia latina funcionan en torno la piel mas clara, mas yo pienso que es una grande idiotez, soy moreno claro y soy feliz de esa manera mi novia es morena tambien y no veo problema,mis ppadres piensa que el color es todo y yo digo al diablo, el color de mis hijos na va determinar nada
abaja el racismo viva la igualdad

Anónimo disse...

Não posso deixar de comentar, visto ser português de B.I., trisneto de Goeses e portugueses, bisneto, neto e filho de moçambicanos. Logo sou mestiço (e resindente em portugal) e não me deixo de confrontar com a seguinte interrogação das pessoas em redor. "És de que país? E os teus pais? E tios, primos, etc...". Ou seja, não me conseguem esterotipar do ponto de vista racial. Também ouvi recentemente o seguinte comentário:

"Se tivesse um chefe preto despedia-me!"

...Sem comentários

Kamia disse...

Este texto pede uma leitura cuidade e atenta. É, muito naturalmente, uma reflexão bastante imcompleta sobre o tema que aborda, mas mesmo assim já serve de base para algumas reflexões.

Agora lembrei-me duma coisa que me faz impressão: os bilhetes de identidade angolanos trazem lá um espaço para preencher Raça: Negra/Branca/Mestiça e já soube de pessoas que tiveram discussões acaloradas nas repartições para convencer o funcionários de serviço de que o seu tom de pele encaixava-se no mestiço e não no negro...

Anónimo disse...

Acredito que o caso das gemeas só veio ao publico porque sabia-se que comentarios como: "que giraas!! "que engraçadas" "ohhhh" e tal rapidamente se iam espalhar. Na minha opiniao o homem negro tem de assumir uma postura mais afirmativa, menos complexada! Enquanto houver Negros a usar cremes esbranquiçantes, os ridiculos cabelos desfrizados nos homens, mais emitadores do M.Jackson (falo do aspecto fisico) nao vai haver respeito!Actualmente a cultura ocidental está completamente esgotada,impera a diversão pela diversão, nao sao poucos os ocidentais que procuram Africa para um reencontro com a VIda. A mestiçagem é uma realidade, o "problema" está como já se disse por ai em assumir as nossas origens, perceber que a mistura apenas enriquece! Nós africanos nao temos nenhum motivo para nos sentirmos inferiores, temos é que investigar nossas tradiçoes, conserva-las e difundi-la. Negar de forma clara a ridicularizaçao e o humor Negro, enriquecer-nos intelectualmente para os desafios futuros.