Meu caro... sigo quando posso o seu blog, embora raramente comente. Mas não podia deixar de lhe questionar, com que bases comenta a comunicação Social no espaço lusófono? Será que se considera um expert no assunto, ao ponto de se dar ao luxo de o comentar, em relação a 7 países?!? No caso específico moçambicano (que é o aquele do qual tenho conhecimentos directos), diz você que a comunicação social não consegue ser autónoma em relação ao poder político? Desculpe-me a indelicadeza, mas em que se baseia para dizer isto? Em Moçambique, apesar das várias condicionantes e vicissitudes, pode-se afirmar que existe, de facto, liberdade de imprensa. E a prova maior disso, é o semanário generalista "Savana", que é de uma independência exemplar, bem como os vários jornais por Fax existentes (Imparcial, MediaFax, Metical etc). De recordar que Carlos Cardoso, pertencia ao MediaFax, e se foi assassinado, não foi por pactuar com o poder político. Muito pelo contrário. Os únicos jornais de grande tiragem, com verdadeira conotação ao poder político, são o diário "Notícias", e o semanário "Domingo". Estes sim, com fortes conotações "frelimistas". Mas os "Savanas" e os "MediaFaxes" etc. conseguem ser exemplarmente isentos, criticando o que há para criticar, e quem esteja lá para ser criticado. O problema, e volto a repetir que estou a referir-me somente ao caso moçambicano, não é a questão de conotação ao poder político. Existe, de facto, liberdade de imprensa em Moçambique. O problema, é que criticar é possível, denunciar é possível, mas depois isso não provoca repercussoes nenhumas. Ou seja, o jornal "X" divulga uma notícia dizendo que o fulano "Y", ministro da Educação, concedeu bolsas de estudo a familiares seus, que não reuniam os requisitos para tal etc. A notícia é primeira página do dito jornal, e torna-se comentário do cidadão comum. só que, ao contrário de um outro país, onde isso daria azo a explicações por parte do dito ministro, a investigações por parte do Ministério Público etc. em Moçambique isso não acontece. Procurando resumir o meu pensamento, existe liberdade de imprensa. Existem denúncias nos jornais, em relação a várias irregularidades e situações obscuras. O que não existe é reacção a isso. Ao contrário de um qualquer país europeu, onde uma simples notícia, pode ser sinónimo de cabeças a rolarem, em Moçambique isso não acontece. À uns tempos atrás, vi um ministro francês a demitir-se porque um jornal descobriu que ele possuia casa própria em Paris, mas não a tinha declarado e vivia numa casa arrendada por um balúrdio, paga pelo erário público. Esse mesmo ministro demitiu-se. À uns tempos, em Portugal, um jornal divulgou que o ministro dos negócios estrangeiros de então, favoreceu a filha para entrar na faculdade, sem os requisitos de acesso necessários para tal. O mesmo demitiu-se. À mais tempo ainda, António Vitorino demitiu-se, porque um jornal divulgou que ele não pagou o SISA. Veio-se depois a saber que isto nem sequer correspondia à verdade. A diferença é esta meu caro amigo. O problema, pelo menos no caso moçambicano, não é falta de liberdade de imprensa, ou excesso de conotação ao poder político. Até porque jornais independentes é o que não faltam. O problema é que esses jornais cumprem o seu papel, mas depois não há reacção plausível. abraço e boa páscoa.
1 comentário:
Meu caro... sigo quando posso o seu blog, embora raramente comente.
Mas não podia deixar de lhe questionar, com que bases comenta a comunicação Social no espaço lusófono? Será que se considera um expert no assunto, ao ponto de se dar ao luxo de o comentar, em relação a 7 países?!?
No caso específico moçambicano (que é o aquele do qual tenho conhecimentos directos), diz você que a comunicação social não consegue ser autónoma em relação ao poder político? Desculpe-me a indelicadeza, mas em que se baseia para dizer isto? Em Moçambique, apesar das várias condicionantes e vicissitudes, pode-se afirmar que existe, de facto, liberdade de imprensa.
E a prova maior disso, é o semanário generalista "Savana", que é de uma independência exemplar, bem como os vários jornais por Fax existentes (Imparcial, MediaFax, Metical etc). De recordar que Carlos Cardoso, pertencia ao MediaFax, e se foi assassinado, não foi por pactuar com o poder político. Muito pelo contrário.
Os únicos jornais de grande tiragem, com verdadeira conotação ao poder político, são o diário "Notícias", e o semanário "Domingo". Estes sim, com fortes conotações "frelimistas".
Mas os "Savanas" e os "MediaFaxes" etc. conseguem ser exemplarmente isentos, criticando o que há para criticar, e quem esteja lá para ser criticado.
O problema, e volto a repetir que estou a referir-me somente ao caso moçambicano, não é a questão de conotação ao poder político. Existe, de facto, liberdade de imprensa em Moçambique. O problema, é que criticar é possível, denunciar é possível, mas depois isso não provoca repercussoes nenhumas. Ou seja, o jornal "X" divulga uma notícia dizendo que o fulano "Y", ministro da Educação, concedeu bolsas de estudo a familiares seus, que não reuniam os requisitos para tal etc. A notícia é primeira página do dito jornal, e torna-se comentário do cidadão comum.
só que, ao contrário de um outro país, onde isso daria azo a explicações por parte do dito ministro, a investigações por parte do Ministério Público etc. em Moçambique isso não acontece.
Procurando resumir o meu pensamento, existe liberdade de imprensa. Existem denúncias nos jornais, em relação a várias irregularidades e situações obscuras. O que não existe é reacção a isso. Ao contrário de um qualquer país europeu, onde uma simples notícia, pode ser sinónimo de cabeças a rolarem, em Moçambique isso não acontece.
À uns tempos atrás, vi um ministro francês a demitir-se porque um jornal descobriu que ele possuia casa própria em Paris, mas não a tinha declarado e vivia numa casa arrendada por um balúrdio, paga pelo erário público. Esse mesmo ministro demitiu-se.
À uns tempos, em Portugal, um jornal divulgou que o ministro dos negócios estrangeiros de então, favoreceu a filha para entrar na faculdade, sem os requisitos de acesso necessários para tal. O mesmo demitiu-se.
À mais tempo ainda, António Vitorino demitiu-se, porque um jornal divulgou que ele não pagou o SISA. Veio-se depois a saber que isto nem sequer correspondia à verdade.
A diferença é esta meu caro amigo.
O problema, pelo menos no caso moçambicano, não é falta de liberdade de imprensa, ou excesso de conotação ao poder político. Até porque jornais independentes é o que não faltam.
O problema é que esses jornais cumprem o seu papel, mas depois não há reacção plausível.
abraço e boa páscoa.
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