19 março 2005

"África região de recrutamento para extremistas"

© VOA.News
Título e notícia repescada da Voz de America (ed. em português), sob a pena de Eduardo Ferro, citando um Relatório da CIA apresentado perante a Comissão senatorial americana de Defesa:

Numa audiência aberta ao público, funcionários dos serviços secretos americanos afirmaram que a África se transformou numa região de recrutamento para os extremistas islâmicos. Manifestaram também a sua preocupação pelo impacto que a instabilidade politica e a pobreza poderão ter na luta contra o terrorismo no continente. O director da CIA , a agência de serviços secretos americana, Porter Goss foi um dos funcionários que prestaram depoimentos perante aquela comissão do Senado americano.
“A instabilidade crónica continuará a prejudicar os esforços de contra - terrorismo e colocam sobre nós um pesado fardo em matéria humanitária e de manutenção da paz.”
Quanto ao vice-almirante Lowell Jacoby o director dos serviços secretos do departamento da defesa concordou com aquela avaliação.
“As populações islâmicas em África constituem um terreno fértil para as causas extremistas. Jovens descontentes, uma grande população juvenil, a situação sócio - económica, problemas no sector da educação e o desemprego constituem bons alvos para o recrutamento.”
O director da CIA citou especificamente a Nigéria onde estão a aparecer grupos extremistas no seio da maioria muçulmana do país. Acrescentou que os militares nigerianos estão a lutar para conter grupos de milicianos nas zonas de produção petrolífera no sul do país e para controlar a violência étnica que se verifica frequentemente através da Nigéria.
Relativamente ao Sudão, Porter Goss declarou que o acordo de paz concluído em Janeiro passado se traduzirá numa autonomia de facto do sul do país, uma situação que poderá inspirar os rebeldes da região de Darfur a exigirem uma maior partilha dos recursos e do poder. Disse ainda que extremistas islâmicos poderão voltar a emergir no norte do Sudão se o governo de Kartum não permanecer unificado.
O director da CIA disse por outro lado que os diferendos que permanecem por resolver na região do Corno de África tornou aquela zona vulnerável à actuação de grupos terroristas estrangeiros. Salientou ele que a Etiópia e a Eritréia continuam a disputar o traçado da sua fronteira comum e que facções armadas na Somália já deram a entender que estão dispostas a lutar contra a autoridade do novo governo de transição. Goss reconheceu que a África merece mais atenção por parte dos serviços secretos americanos.
“Trata-se, do meu ponto de vista, de uma zona negligenciada e na qual pouco estamos a investir em matéria de defesa dos interesses americanos.”
Porter Goss e Lowell Jacoby fizeram tais declarações durante uma avaliação das ameaças globais aos interesses dos Estados Unidos.


Numa altura que se verifica uma aproximação dos EUA ao Continente africano e quando o Continente mais precisa de calma e apoio e ajuda internacionais eis que surge um Relatório, cuja credibilidade não se discute, apresentar o Continente Mater como um ninho de terroristas e, mais ridículo ainda – ou talvez não – o governo extremista de Kartun surge, agora, como potencial aliado (disse ainda que extremistas islâmicos poderão voltar a emergir no norte do Sudão se o governo de Kartum não permanecer unificado)
Bem-haja CIA; com amigos destes porque precisamos nós de inimigos?

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