Tenho por norma de, neste blogue, não falar, nem comentar – ou pelo menos abster-me de o fazer – a vida política portuguesa. Várias vezes tenho sido criticado por isso, até porque também aqui resido e aqui deixo (a isso me obrigam) uma boa parte dos meus proventos mensais, sob forma de impostos.
Todavia, há uma situação que, pelo gozo – leia-se desprezo - que tem provocado numa grande parte da “arraia miúda” portuguesa e em alguns meios da Comunicação Social, me leva a divagar sobre o mesmo.
O presidente da Assembleia Regional da Madeira, Dr. Alberto João Jardim, segundo o que tem sido veiculado pelos órgãos de informação portugueses – e que deve ser verdade pela aquilo que se ouviu e pelas críticas do seu líder de partido e alguns correligionários seus – proferiu algumas palavras e sequência de frases que pelo seu conteúdo me abstenho de repeti-las.
Todavia, e pelo vistos, o referido “emérito presidente” goza de uma popularidade junto dos seus colegas de partido na região que decidiram aplaudir, de pé, as palavras do referido senhor, por acaso, deputado à Assembleia da República, mas que parece nunca o ter visto lá, devido ao “espinhoso e difícil” cargo que ocupa há cerca de um quarto de século na presidência do Governo da Região Autónoma da Madeira.
Segundo parece, por este cargo, e por funções que tem, ou teve – reconheço a minha santa e desejada ignorância – recebe uma pensão de reforma da função pública e mantém o seu vencimento como presidente do governo regional (em letras pequenas, assim mesmo).
Num país que se reclama de um défice enorme – em grande parte devido aos excessos do próprio Estado -, que admite e aceita ver as regiões contrariem medidas que, pelo seu alcance social, deveriam de ser aplicadas em todo o território português – presumo que Madeira e Açores ainda não estão independentes (sabem eu só costumo analisar questões africanas) mas somente regiões autónomas cujo o presidente é um tal Sampaio e o governo está sedeado em Lisboa -, que permite os excessos (pensões “integrais” ao fim de 12 anos de “bons” serviços prestados ao país) como os que se vêm, constantemente, na Comunicação Social, ou ver membros do Banco de Portugal receberem um BMW 530 D, no valor de 67400 Euros, um Saab Sport Sedam 2.2, no valor de 37 mil Euros e um Volvo V40 1.9D, de 36730 Euros, só por que os seus carros anteriores já estavam velhinhos (com menos de 5 anos – o meu por acaso já tem 6 anos – e saber que existe, disponível, uma viatura por cada 32 funcionários), não compreendo porque se surpreende em ver uma qualquer pessoa - desculpem mas não consigo, ou não quero, procurar outra palavra para o definir - proferir as frases que proferiu.
Por isso interessante e delicioso o comentário de Orlando Castro, na sua rubrica Alto Hama, no NL, sob o título “Idi Amin à moda os portugueses”.
E no fim só uma pergunta?
Porque que é que a CS não virou as costas, com o desprezo que o assunto lhe deveria merecer, e continua a dar destaque às diarreias verbais de pessoas que, pela sua condição de líderes, deveriam ser mais comedidos.
Creio, seriamente, que se não dessem tanto destaque aos (Amin)oácidos que se acolheitam na vida pública portuguesa, por certo que uns quantos já teriam ido pastar para outras savanas e planícies.
Bom, assim como assim, nas savanas já nós temos a nossa dose.
Olhem!!! Continuem a deixá-los cá ficar.
Sem comentários:
Enviar um comentário