21 abril 2010

Assim também eu quero ser deputado…

"A deputada Inês de Medeiros, eleita nas listas do Partido Socialista (PS) pelo círculo de Lisboa, logo, e supostamente residente no distrito de Lisboa, para a Assembleia da República apresentou, afinal, como residência oficial a sua casa em Paris.


Por esse facto, terá solicitado que as suas despesas de deslocação de Paris para Lisboa pudessem – e segundo pude ler há tempos havia, segundo salvo erro, um acordo tácito nesse sentido – ser liquidadas como despesas de deslocação da deputada.


Ora não faz sentido que uma deputada eleita pelo círculo de Lisboa seja ressarcida por morar em Paris, mas…


Mas perece que foi isso que o Presidente do Conselho de Administração (CA) do Parlamento português, usando da sua prorrogativa de voto de qualidade acabou por decidir a favor da pretensão da deputada. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no , secção "Colunistas" de hoje

18 abril 2010

Fez hoje 30 anos e (dês)esperam…

Fez hoje 30 anos que os zimbabueanos se tornaram no Zimbabwe sob a égide de um revolucionário e de um patriota.


30 anos depois constatam que o “velho” patriota revolucionário se tornou num déspota que não deseja largar o poder e colocou o País num caos profundo que nem os amigos já sabem como ajudar.


Até quando o País vai ter de suportar Robert Mugabe?


Até quando os amigos vão continuar a apoiar a esperar que ele saia por si como recorda hoje, e bem, Mário Pinto de Andrade, analista internacional e reitor da Univ. Lusíada de Angola, numa entrevista ao DN, sobre a situação no Zimbabwe “A solução passa, numa primeira fase, por este Governo de transição e, depois, por uma nova Constituição e por um acordo nas elites da ZANU-PF para a substituição de Robert Mugabe por nova liderança que possa trazer estabilidade ao país. Este teve papel importante na luta de libertação e é o pai da independência do Zimbabwe, mas, quando o líder no poder já não gere consensos, é melhor sair com dignidade do que originar uma guerra civil, factor de instabilidade no país e na região.”


Mas será que realmente haja quem esteja preparado para lho dizer cara a cara?

Citado no Zwela Angola na rubrica "Malambas de Kamutangre"

Já começa a não haver pachorra…

Por vezes a melhor solução é falar na altura ou calarmo-nos para sempre e evitar que nos comecem a tomar por tolos ou por pessoas a quem a idade já começa a ser um caso sério e por isso “incomoda”.


E quando a personalidade foi uma das que mais pautou pelas independências das colónias portuguesas, mais estranho se torna que 35 anos depois fale como eventualmente terá falado num colóquio no ISCTE.


Concordo quando afirma que está a um mesmo nível que a Madeira e as Canárias. Só com uma particularidade. É que estes dois arquipélagos estão muito mais perto de África, que Cabo Verde – este numa encruzilhada entre a Europa e as Américas –, pelo que não deixam de ser possessões coloniais europeias em África.


Haverá quem me irá acusar de estar próximo das ideias de Kadafi mas quem se dignar a olhar para o mapa continental africano verificará que estou correcto!

11 abril 2010

Os Estados Unidos de África do senhor Kadafi…

Como se devem recordar, a Unidade Africana transitou de uma normal organização de Estados soberanos onde as diferenças eram – e são – notórias para uma tendencial organização supranacional que visa a unificação de todos os Povos Africanos.


Ou seja, e de uma forma muito simples, os dirigentes africanos estão a copiar os métodos, as regras, os objectivos dos seus vizinhos do Norte, a União Europeia. Se é bom ou mal, o tempo o dirá.


Eu, pessoalmente, sempre fui crítico de juntar no mesmo saco culturas e vivências completamente diferenciadas e que as recentes crises económicas e sociais europeias vão evidenciando.


E tal como na Europa, também em África, independentemente da maioria se considerar de ascendência Ba’ Ntu (bantu) existem culturas etnolinguísticas e diferenciadas que se reflectem até nas próprias relações externas e, porque não assumi-lo, internamente. E não esqueçamos que a Norte predomina uma cultura árabe-caucasiana e a Leste uma cultura miscenizada de núria-bantu.


Por isso a criação da União Africana foi um acto, reconheçamos arrojado, de alguns dos nossos dirigentes mas que se tem mostrado pouco consistente e, não poucas vezes, demasiado trôpego.


Mas será que se recordarão como surgiu a ideia da União Africana, de onde partiu e quais os seus originais objectivos? Sintetizemos…


Foi 9 de Setembro de 1999, em Sirte, Líbia, que o líder líbio Kadafi propôs a criação de uma tal União Africana, fazendo-o no pressuposto, e isto deve ser bem salientado e nunca esquecido, que a mesma deveria ser só – repito e sublinho SÓ! – para os países da África Negra abaixo do Deserto do Sahara, manifestando uma vontade inequívoca de separar as duas Áfricas que, pudicamente, os nossos líderes parecem ter já esquecido: a do predomínio árabe-caucasiana, a Norte, e a de maioria Negra, a Sul.


Na altura, quando escrevi sobre esta matéria, criticando e chamando a atenção para esta pseudo-simbiose de Kadafi que subjazia mais que uma separação Norte-Sul a vontade do líder líbio em ser um líder máximo de África, como o tentou, em Julho de 2009, quando propôs a criação de uma Autoridade para a União Africana que substituirá a actual presidência da Comissão Africana que disporia de plenos poderes em matéria de defesa, diplomacia e comércio internacional o que, na linguagem “diplomática” do senhor Kadafi seria um passo significativo para “um governo federal de uns futuros Estados Unidos de África”.


Recordemos como Kadafi se auto-denominou o “Príncipe dos Príncipes africanos”, e, mais tarde, o “Rei dos Reis africanos”, logo, arrogava-se de ser o líder de África.


Ouvi críticas acesas que iam desde neocolonialismo a retroconservadorismo. Como se costuma a dizer, se temos razão antes do tempo, deveremos calar, amadurecer e mostrar que as pedras enviadas acabam por nos formar a parede que nos protege e que nos permite mostrar que se estávamos – e no caso de estarmos –, eventualmente errados, não seria por muito como o tempo parece estar a comprovar.


A comprová-lo a sobreposição dos moderados (os gradualistas), ou seja, aqueles que desejam a integração pautada e com sobriedade dos Estados na União Africana, face aos mais expeditos (os imediatistas), ou seja, aqueles que desejavam a imediata e plena integração dos Estados africanos na nova organização e a criação dos Estados Unidos de África e ao Governo Federal proposto por Kadafi.


E se Kadafi se fortuitamente, esmoreceu não se calou como comprovam as veladas ameaças de deixar cair a União Africana, chegando dar-se ao luxo de advertir os “grandes países africanos” opostos ao seu Governo Federal contra a uma eventual liderança nas sub-regiões, apelidando-os de “Sérvia Africana” ou de “Rússia Africana”, porque, segundo o líder líbio, os tais “grandes países africanos” querem transformar as sub-regiões em zonas de influência para vender os seus produtos e os países em pseudo-colónias ou mini-Estados, mantendo uma eventual influência e predominância directora sobre os que os rodeiam


Como bem temos verificado, sempre que pode, e por vezes de forma nada discreta, o líder líbio tem intervindo na vida interna de alguns países onde a maioria islâmica prevalece ou pode vir a prevalecer. Aconteceu na Guiné-Bissau, quando da Cimeira da CPLP e quando propôs-se instalar um Hotel para Negócios que estaria isento de taxas naquele país, como tem contribuído, directa e indirectamente para a existência de múltiplos conflitos na região chadiana e centro-africana.


A mais recente aconteceu já esta semana ao apresentar uma palatal proposta aos nigerianos. Como se sabe a Nigéria, o mais populoso país africano e o maior produtor de crude do continente passa, ciclicamente, por convulsões internas sociais, políticas e, principalmente, religiosas entre o Norte muçulmano, onde predomina a sharia e o Sul maioritariamente animista e, ou, cristão, onde sobreleva o direito de raiz ocidental.


Um Norte onde o deserto e a pastorícia são denominadores comuns face à melhor qualidade de terras e de prados que sobressaem no Sul e, com elas uma agricultura se bem que de subsistência, levando, como habitualmente acontece entre os pastores estes procurem estas pastagens para a sobrevivência do seu gado. Ora agricultura e pastorícia nem sempre se dão bem e isso se tem verificado com as mortes recentes ocorridas na região de Jos, no Centro da Nigéria.


Pois o líder líbio nada mais fez que propor a este colosso de África, que se cinda e cria um País a Norte, só para os islâmicos, e outro a Sul, só para os outros. Ou seja, que a Nigéria se auto-destrua! Uma proposta tipicamente dos seus mortais inimigos anglófonos: “se não se entendem que se dividam”; e, assim, Kadafi iria buscar mais um futuro aliado para a sua pretensão de governar África além de acabar com um dos “grandes países africanos” que se lhe opõem e aos seus Estados Unidos de África e Governo federal…


Os outros, embora não claramente referenciados por Kadafi, estão na África ocidental, perto do “hotel”, outro na África oriental, na região dos Grandes Lagos, e os dois restantes na África austral…

19/Mar/2009


Inicialmente publicado aqui (igualmente publicado no , na "Coluna do Kamutangre")

04 abril 2010

Porque hoje é Dia de Paz…

Angola comemora hoje 8 anos de Paz (foi em 2002 e não 2004 como se refere o Jornal de Angola-online) no mesmo dia que o Mundo Cristão comemora 1977 anos (segundo a liturgia cristã) que Cristo reapareceu aos fiéis para celebrar a comunhão de Paz com eles.


Porque hoje é Dia da Paz, como gostaria que oito anos passados os milhões de angolanos que pouco ou nada têm, pudessem ter algumas centenas e as poucas dezenas que têm milhões, tivessem menos destes, ou seja, que estes fossem mais solidários;


Porque hoje é Dia da Paz como gostaria de ver a cidade de Luanda, Lobito e Cabinda (aquelas que melhor pude ver) com menos muceques a cercá-las, mas com mais bairros solidários, onde a habitabilidade fosse realmente um meio de vida social;


Porque hoje é Dia da Paz, como gostaria que muitos dos angolanos voltassem às suas terras de origem para desenvolver as suas regiões e tornar o País maior, mais desenvolvidos e mais forte;


Porque hoje é Dia da Paz, como gostaria que alguns “senadores” percebessem que o seu tempo de ida política está a acabar e deveriam dar oportunidade aos mais novos, às novas ideias e manterem-se como as reservas morais da Nação. Ganhava o País, ganhavam mais credibilidade e ganharia a Democracia.


Porque hoje é Dia da Paz, deixem-me continua a sonhar que um dia tudo isto irá acontecer no meu País!

01 abril 2010

Guiné-Bissau de novo em crise?

(A detenção de Gomes Júnior; foto ©Aly Silva, retirado do Ditadura do Consenso)

Segundo fontes em Lisboa o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, e o chefe das Forças Armadas, Zamora Induta, terão sido feitos reféns por militares hoje de manhã na capital guineense.

Ainda não se sabe bem se houve alguma tentativa de Golpe de Estado ou alguma das habituais e persistentes movimentações militares por que, ciclicamente, passa o País.

Uma primeira análise só aquelas duas personalidades estarão sob alçada dos militares, sendo que o premiê já terá sido reconduzido ao seu gabinete enquanto o paradeiro de Induta estará em situação de desconhecido ou, eventualmente, morto como anuncia o jornalista Aly silva no seu blogue “Ditadura do Consenso”, onde poderemos acompanhar desenvolvimentos do processo.

Vamos esperar que realmente os militares não queiram "mais golpes de Estado", como fazem questão de apresentar como uma das suas palavras de ordem.

O certo é que quem parece comandar estas movimentações era o homem que estava “resguardado” nas instalações das Nações Unidas há cerca de 90 dias após regresso “secreto” da Gâmbia para onde se tinha refugiado: falo do almirante Bubo Na Tchuto acusado, em tempos, de atentar contra Nino Vieira.

Estranho, ou talvez não…