Interessantes as reacções dos defensores do SIM à Constituição Europeia com os resultados favoráveis dos luxemburgueses, no que os tornam no 13º país a referendar positivamente o Tratado que institui a Constituição Europeia – é assim que se diz, não é? – há tantos nomes. Como também o foram as reacções dos defensores do NÂO.
Será que uns e outros já pararam para pensar um pouco não nos resultados mas o porquê dos números obtidos?
O SIM ganhou com cerca de 56% enquanto o NÃO obteve pouco mais de 43%.
Para o MNE português, Freitas do Amaral, o resultado foi “francamente positivo”, principalmente quando aconteceu cerca de mês e meio após o NÂO franco-holandês.
Já Miguel Portas, do BE e claro opositor da Constituição, desvaloriza os resultados por considerar ter sido, este Referendum, um mero tira-teimas dado que a Constituição já está morte com os Nãos já referidos.
Mas volto a perguntar. Alguém já parou um pouco para analisar os números do referendum?
Não é estranho que um país, claramente inserido na EU; que goza de todos os favores da mesma; que tem uma população fortemente heterogénea (uma percentagem elevada da população luxemburguesa é migrante); com um nível de vida dos mais elevados da Europa; que já tinham aprovado claramente no Parlamento a Constituição; só tenham 56% dito sim à Constituição, quando as primeiras sondagens davam uma vitória esmagadora entre os 75% e 90%?
Penso que o p.m. luxemburguês Jean-Claude Juncker devia ponderar a sua posição face ao eleitorado luxemburguês. Juncker tinha dito que se demitia se o NÃO ganhasse. Apesar de tudo parece que ganhou… um certo alento.
E esse alento sente-se em Portugal.
Não me parece que logo no primeiro dia após uma viagem ao Chile o presidente Sampaio tenha começado a chamar alguns conselheiros para falarem sobre a UE, incluindo o José Manuel (ex-Durão) Barroso, presidente da Comissão Europeia. Só mesmo para trocarem impressões...
Somos muito ingénuos… mas não tanto
1 comentário:
Como sempre, cada um vê o copo meio cheio, ou menos vazio.
No que me diz respeito acho notável que se tenha obtido um sim por duas razões:
- dado a necessidade de unanimidade para ratificação do tratado, é dificil motivar os eleitores do sim a irem às votação, jà que isso não salvará o tratado. Enquanto que para qualquer grupo descontente é uma forma pouco ariscada de marcar a sua oposição ao governo ou à UE. Os "nonistas" têm mais a ganhar a votar do que os apoiantes do tratado. Em caso de votação em Portugal, tenho a impressam que a maior parte dos pro-tratado estaram na praia em vez de ir votar. Acho que o que salvou o referendo Luxemburguês para os pro-tratado foi o facto de ser obrigatório ir votar.
- visto as dificuldades económicas dos diferentes países, é muito difícil obter o apoio de muitos grupos socio económicos. É muito menos aliciante defender um compromisso que por essencia não pode satisfazer totalmente cada um, do que clamar as suas revindicações. Antes pelo contrário, é uma boa occasião de sensibilisar a opinião para causas diversas. E se ainda por cima o risco dessa posição é mínima por causa das rejeições francesas e holandesas, é claro que os anti-tratado estarão mais motivados a fazer campanha eleitoral do que os pro-tratado.
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