Jorge Eurico, numa das suas últimas crónicas no Notícias Lusófonas, questiona, pertinentemente, os 16,2 milhões de dólares concedidos pelo Governo angolano aos inúmeros partidos sem assento parlamentar (actualmente rondarão os 125/135) que pululam no país, a maioria de questionável representatividade.
Não será a sua dita representatividade que estará em causa. É a sua real existência e quais os critérios que estão subjacentes para a sua aprovação pelo Tribunal Supremo. Sabemos que a democracia – a mais benigna das ditaduras como chamava Churchill (a ditadura das maiorias sobre as minorias) – tem o seu principal alicerce nos partidos e organizações políticas.
Mais a mais quando se sabe que estas dotações têm como finalidade ajudar os pequenos partidos políticos a prepararem-se para as eleições legislativas – tão apregoadas mas ainda sem data marcada – financiando despesas com instalações, equipamento e meios de transporte.
O que sei é que fazendo um rácio partidos/população - note-se que escrevo população e não eleitores (alguém sabe quantos é que eles são realmente?) - cada partido irá auferir qualquer coisa como 96900 dólares ou, por outras palavras, no universo populacional angolano, estes irão contribuir com qualquer coisa como 90 cêntimos.
Será que há democracia em Angola, que justifique estes gastos? E quanto irão receber os partidos com assento parlamentar?
Ou será como muito bem questiona J. Eurico que “o País tornou-se (e muitos ainda não deram conta) um parque de recreio onde a principal brincadeira é a democracia”, pelo que, então e se assim querem, vamos lá todos brincar à política.
Não haverá, de facto, partidos a mais e, visivelmente, uma democracia a menos?
NOTA: Esta matéria pode ser lida, na íntegra, no Notícias Lusófonas, Manchete, sob o título "Angola tem partidos a mais (são 125 a 135) e democracia a menos".
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