05 fevereiro 2008

Dos Santos pode e deve ser criticado, mas…

Podemos, e devemos ter opiniões diversas uns dos outros, nomeadamente, no que toca a questões angolanas como será o caso entre mim e o Presidente Eduardo dos Santos. Temos opiniões diferentes quanto à gestão do País e das ideias.
Mas costuma-se a dizer que é assim, com a polivalência e com a diferença, que as ideias florescem e as vontades do todo acabam por prevalecer sobre os interesses pessoais.
Depois de ouvir a gravação rap que está na Internet sobre Eduardo dos Santos, famílias e alguns dos seus colaboradores ainda pensei em escrever alguma coisa, apesar de já o ter escrito, ainda que superficialmente, no artigo hoje publicado no Notícias Lusófonas sobre a demissão de Job Capapinha. São acusações feitas, segundo parece, sob cobarde anonimato que ultrapassam meras diferenças de ideias e atingem valores de vil e ordinário racismo que não é apanágio dos angolanos.
Mas depois de ler o artigo de Orlando Castro, sob o título acima, n’ O Observador, de Moçambique, tomei a liberdade de o respigar e aqui o deixar na íntegra, com a minha reverência.
Porque, gostemos ou não, José Eduardo dos Santos ainda é o Presidente de Angola e de todos os Angolanos, mesmo que estejamos nos antípodas das ideias como relembra Orlando Castro. Só por esse facto já é mais que obrigação nossa respeitá-lo institucionalmente!

O respeito é muito bonito e, creio, todos gostamos. No que ao presidente do MPLA e de Angola respeita, é público que o considero um ditador e o principal responsável, entre muitas outras coisas, pela fome que atinge milhões de angolanos. Isso não me dá direito de ofender José Eduardo dos Santos, esquecendo a educação e entrando pelo insulto soez, torpe e ordinário.
Vem isto a propósito de um CD (“xumuna – Trilha Ze Dú – Vairada 2008") em que o presidente de Angola é insultado de forma vil e cobarde. O facto de eu estar política, ética e moralmente nos antípodas de Eduardo dos Santos, não me dá o direito, nem a mim nem a ninguém, de dizer o que é dito do, goste-se ou não, mais alto magistrado de Angola.
Criticar Eduardo dos Santos? É claro que sim. Tenho-o feito, continuarei a fazê-lo, de forma incisiva e por vezes violenta mas, é claro, de modo educado e cívico. As ideias de poder (tão típicas do MPLA e da ditadura de Eduardo dos Santos) só se devem combater com o poder das ideias.
Ofender o presidente, chamando-lhe tudo e mais alguma coisa (metendo ao barulho a própria Mãe), não é a melhor – pelo contrário – forma de se defender a democracia, a liberdade, a justiça social e a alternância democrática num estado de direito.
O autor da referida canção e todos aqueles que lhe dão cobertura deveriam saber que a liberdade de cada um acaba onde começa a dos outros. Além disso, enquanto não percebermos que melhor do que pensar e agir com total liberdade é pensar e agir com rectidão, não vamos a lado algum.
Goste-se ou não, e eu não gosto, José Eduardo dos Santos é o mais alto magistrado de Angola e merece respeito. Respeito dos amigos e dos adversários.


Nota: vi que também publicou este artigo no seu blogue Alto Hama, sob o título “Eduardo dos Santos pode e deve ser criticado - Mas, goste-se ou não, devemos-lhe respeito”.

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