(Helicóptero russo capturado na batalha de Cuito Cuanavale e, mais tarde, usado pelas FALA (UNITA) - foto Notícias Lusófonas)
Celebrar batalhas em vésperas de eleições não me parece que seja pertinente, nem curial e muito menos inteligente.
O MPLA – leia-se um certo sector do MPLA que teme a perca de benefícios adquiridos – e os antigos aliados cubanos estão a comemorar os vinte anos da Batalha de Cuito Cuanavale (23 de Março de 1988) onde centenas de angolanos pereceram às ordens de interesses externos, pensando cada uma das partes angolana que defendia valores e ideais.
Nessa, como em outras batalhas que se seguiram, os ideais foram muitas vezes subjugados pelos interesses das duas superpotências e dos seus aliados.
Nessa como em outras batalhas que se seguiram, os valores foram aniquilados em favor dos interesses instituídos esquecendo-se as mais elevadas qualidades que devem nortear a condição humana, como se verificou com a exposição degradante do corpo do “Mais Velho” e como ele foi “traído” pelos seus aliados.
Por isso, não me parece que seja pertinente, em véspera de eleições celebrar um Batalha cujo alcance vitorioso ainda está longe de ser qualificado e quantificado, principalmente quando o interesse final era desalojar a Jamba, facto que não só não aconteceu como acabou por se sentir reforçado.
Compreende-se que os cubanos desejem essa celebração porque reflecte o espírito internacionalista que norteia o exército e o poder castrista.
Mas angolanos celebrarem uma Batalha onde irmãos se digladiaram até à morte para júbilo de outros que viram as suas armas serem testadas com sucesso é incompreensível ou então alguém quer boicotar, antes de o serem, as eleições.
Foi uma Batalha internacionalista entre cubanos, russos, eslavos, sul-africanos e facções angolanas.
Deixem que os cubanos e sul-africanos a celebrem e os angolanos a recordem – leia-se, a meditem – nos locais próprios. Não como celebração, mas como alerta para que não torne a acontecer uma Batalha como aquela em terra-pátria e muito menos entre irmãos.
Vinte anos ainda é muito pouco para se aquilatar da extensão da Batalha. Mas é ainda muito mais recente se considerarmos as eleições que se avizinham.
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