Ontem, tal como outras pessoas, recebi um e-mail que anexava os votos de pesar aprovados, unanimemente, pelos deputados portugueses pelas mortes de dois Homens da Angolanidade e da Lusofonia – porque ambos defendiam ser Homens da Cultura global e não só angolana – como foram Gentil Viana e Joaquim Pinto de Andrade.
No texto que nos foi posto à disposição, em particular o do Gentil Viana, aparece um erro – eu quero acreditar que é um erro – relativamente a personalidades que acompanharam gentil Viana em vivo na sua fuga pela Liberdade das antigas colónias portuguesas.
No texto escreve-se a certa altura que “…em meados da década de 1960, empreendeu uma fuga célebre com mais cerca de cem companheiros de várias ex-colónias portuguesas de África, entre os quais os moçambicanos Joaquim Chissano e Pepetela, iniciando um longo périplo que o levaria a Paris, Gana, Congo Brazzaville, Argélia, China, e mais tarde à guerrilha em Angola”.
Dado que os portugueses sempre tiveram uma “maldita” tendência pelo excesso de cultura, ou seja, necessidade escolar de saberem mais do que necessitavam para os assuntos respectivos – como se comprova ainda hoje em que, para o actual Governo, é mais importante uma criança em formação saber já o inglês antes de bem conhecer a sua língua materna, o português – quero acreditar que chamarem Pepetela – Artur Pestana dos Santos, de seu nome –, por acaso natural de Benguela, Angola, um moçambicano foi um triste lapso de transcrição e não uma gritante falta de cultura dos representantes da Nação portuguesa. E já agora, foi galardoado com o Prémio Camões, em 1997.
Não falei, nem escrevi mais cedo, por razões institucionais que se prendem com o facto de enquanto vogal da Direcção da Casa de Angola manter solidariedade institucional com um dos signatários das citadas “Notas de Pesar” que é, também ele, membro dos Corpos Sociais desta Associação cultural representante dos angolanos, em Lisboa e nas zonas onde uma Casa de Angola não há!
Também não fiz nenhum alerta mais cedo, até porque Orlando Castro já disso se tinha encarregado – e bem –, porque o e-mail recebido ainda indicava "VOTO DE PESAR N.º …/X", ou seja, como se ainda não fosse definitivo. Todavia, e pelo que me chegou aos ouvidos e aos e-mails, o voto ficou assim como descrito acima.
Ainda assim, não ia escrever nada, mas como recebi diversos “toques”, quer no blogue, quer por via de e-mails, e porque não fujo a desafios que não coloquem em causa valores nem posturas aqui fica o meu reparo.
De futuro, bom seria que houvesse mais atenção no que se transmite para o exterior, nomeadamente se essas informações partem da Casa que legisla a vida dos que vivem em Portugal.
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