É possível que o que o repórter tenha visto fosse verdade.
Mas isso, e nesse aspecto concordo com as críticas públicas do Bispo auxiliar de Luanda, D. Anastácio Kahango, não deveria ser dito publicamente e em directo mas denunciado às autoridades e, só na ausência de alguma atitude destas, feita a denúncia pública.
O repórter da Rádio Ecclésia terá dito pelos microfones que os socorristas só se preocupavam em procurar dinheiro entre os escombros em vez de vítimas.
Uma acusação grave que não acredito que fosse generalizado como o repórter fez crer.
Mas, não deixa de ser um pouco estranha a rápida ida do Bispo aos microfones da Rádio Ecclésia para atacar o repórter.
D. Anastácio Kahango quis prestar a merecida homenagem aos socorristas e ao seu labor na incessante busca de vítimas. Poderia e deveria tê-lo feito sem colocar em causa o trabalho do repórter. Ao fazê-lo e do modo como o fez acabou mais por sancionar as palavras críticas do repórter do que apagá-las.
E se lembrarmos que já não é a primeira vez que um repórter da Rádio Ecclésia é desautorizado pelos seus superiores eclesiásticos começa a ser preocupante esta atitude da Rádio Ecclésia.
Será que temem ser calados antes das eleições como já o tentaram com a Rádio Despertar?
Mais importante que denunciar o repórter e a sua falta de sensibilidade perante o drama dos luandenses o senhor Bispo deveria criticar os responsáveis – onde é que eles estão? – do DNIC por o edifício ter começado a ruir à 1 da manhã – ou às 23 horas, mais grave ainda, como afirma um dos sobreviventes preventivamente detido – e nada terem feito para retirar as pessoas antes da derrocada total às 4,30 da manhã que já provocou mais de dezena e meia de vítimas cujo o único crime oficial!!! era estarem no local errado à hora errada.
Essa é que seria uma atitude corajosa do senhor Bispo!
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