Agora que terminou a visita de Bento XVI a Angola seria altura de compilar algumas das suas considerações ditas durante estes 3 a 4 dias que esteve em Luanda, tal como uma ou duas omissões que foram deixadas clara e politicamente em branco.
Respigá-las será o mais fácil. O problema é saber se elas foram devidamente digeridas e se estarão a ser ponderadas.
Logo no primeiro dia, e apesar de ter falado para África no todo, Bento XVI alertou para os perigos dos mais fortes continuarem a diminuir e, ou, influenciar a vida dos outros, muitas das vezes, sem respeito por estes.
Recordou, apesar de reconhecer que ainda muito há para fazer de quem acabou de sair de uma guerra fratricida, os milhares de pobres que há em Angola, a grande maioria abaixo do limiar da pobreza. E não se esqueceu de relembrar que Angola é um País muito rico que precisa de tornar a sua sociedade mais livre e mais justa.
Posteriormente, em pleno palácio presidencial e depois de ter estado com Eduardo dos Santos, o Sumo Pontífice abordou – e uma vez mais sob a capa de “toda a África” como ele próprio avisou que o faria – para a necessidade dos líderes africanos libertarem o continente do tormento da ambição, da violência e da desordem, de erradiquem a corrupção, de uma vez por todas, exigiu-lhes mais respeito e promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma magistratura independente, recordou a necessidade para a existência de uma comunicação social livre e que afirmassem uma honesta administração pública.
Mas o Papa não se ficou por aqui.
Nos dois dias seguintes recordou aos jovens a necessidade da defesa da família, e durante a homilia da manhã e a que celebrou, à tarde, para as mulheres assinou, talvez, os seus dois actos políticos mais avassaladores e, claramente, não só para Angola mas para todos os países africanos que adoptaram ou mantém um certo regime político.
Na primeira homilia, sob o nome de Deus pediu ajuda para refugiados e deslocados que sem número vagueiam à espera de um retorno a casa – mais de metade dos habitantes de Luanda são antigos refugiados que vivem de expedientes e do mercado informal e que poderiam ser muito mais úteis ao país se regressassem às suas regiões de origem desenvolvendo-as –, falou da perseguição aos chamados “meninos feiticeiros” e exortou os amigos de África – o problema, é saber quem eles são realmente, quando às vezes somos nós mesmos em casa que começamos por não a respeitar… – a terem coragem em nome da paz, da reconciliação nacional e do respeito pelos mais fracos e pelas mulheres.
Mas foi na homilia da tarde, quando falou para centenas de mulheres que enchiam a restaurada igreja de Santo António que Bento XVI tocou num assunto que, por certo, será mais tarde e melhor digerido ao recordar duas mulheres falecidas em diferentes circunstâncias. Uma, Maria Bonino, médica italiana que faleceu devido à febre hemorrágica de Marburg e que poderia ter sido evitada se tivesse havido melhores condições sanitárias; a outra, angolana, de nome Teresa Gomes e recentemente falecida, quando nos idos de 1975/76 defendeu, em nome de uma inquebrantável fé religiosa impediu que a “sanha” monopartidária de cariz marxista conseguisse fechar as portas da paróquia de Nossa Senhora das Graças, de Porto Amboim.
Ou seja, o Sumo Pontífice recordou que o mono-encefalismo partidário não consegue vingar nas diferentes sociedades sejam elas desenvolvidas, sejam, como são, as sociedades africanas onde se defende a plena liberdade e a igualdade perfeita entre os povos.
Mas se estes foram alguns dos factos políticos relevantes que deverão ser digeridos pelos dirigentes africanos, em geral – como já se depreendeu pelas reacções dos diferentes prelados africanos onde certas desigualdades acontecem – e entre angolanos, em particular, houve um facto político angolano que não terá, por certo, passado despercebido. Se bento XVI recordou, e muito bem, Mbanza Congo, distraiu-se, omitindo, de forma politicamente correcta, a situação da Emissora Católica de Angola-Rádio Ecclésia – apesar dos alertas da liberdade de imprensa – e, principalmente, da situação que ainda persiste na província de Cabinda.
Vamos aguardar pelos próximos tempos e ver até onde chegaram as palavras de Bento XVI.
Respigá-las será o mais fácil. O problema é saber se elas foram devidamente digeridas e se estarão a ser ponderadas.
Logo no primeiro dia, e apesar de ter falado para África no todo, Bento XVI alertou para os perigos dos mais fortes continuarem a diminuir e, ou, influenciar a vida dos outros, muitas das vezes, sem respeito por estes.
Recordou, apesar de reconhecer que ainda muito há para fazer de quem acabou de sair de uma guerra fratricida, os milhares de pobres que há em Angola, a grande maioria abaixo do limiar da pobreza. E não se esqueceu de relembrar que Angola é um País muito rico que precisa de tornar a sua sociedade mais livre e mais justa.
Posteriormente, em pleno palácio presidencial e depois de ter estado com Eduardo dos Santos, o Sumo Pontífice abordou – e uma vez mais sob a capa de “toda a África” como ele próprio avisou que o faria – para a necessidade dos líderes africanos libertarem o continente do tormento da ambição, da violência e da desordem, de erradiquem a corrupção, de uma vez por todas, exigiu-lhes mais respeito e promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma magistratura independente, recordou a necessidade para a existência de uma comunicação social livre e que afirmassem uma honesta administração pública.
Mas o Papa não se ficou por aqui.
Nos dois dias seguintes recordou aos jovens a necessidade da defesa da família, e durante a homilia da manhã e a que celebrou, à tarde, para as mulheres assinou, talvez, os seus dois actos políticos mais avassaladores e, claramente, não só para Angola mas para todos os países africanos que adoptaram ou mantém um certo regime político.
Na primeira homilia, sob o nome de Deus pediu ajuda para refugiados e deslocados que sem número vagueiam à espera de um retorno a casa – mais de metade dos habitantes de Luanda são antigos refugiados que vivem de expedientes e do mercado informal e que poderiam ser muito mais úteis ao país se regressassem às suas regiões de origem desenvolvendo-as –, falou da perseguição aos chamados “meninos feiticeiros” e exortou os amigos de África – o problema, é saber quem eles são realmente, quando às vezes somos nós mesmos em casa que começamos por não a respeitar… – a terem coragem em nome da paz, da reconciliação nacional e do respeito pelos mais fracos e pelas mulheres.
Mas foi na homilia da tarde, quando falou para centenas de mulheres que enchiam a restaurada igreja de Santo António que Bento XVI tocou num assunto que, por certo, será mais tarde e melhor digerido ao recordar duas mulheres falecidas em diferentes circunstâncias. Uma, Maria Bonino, médica italiana que faleceu devido à febre hemorrágica de Marburg e que poderia ter sido evitada se tivesse havido melhores condições sanitárias; a outra, angolana, de nome Teresa Gomes e recentemente falecida, quando nos idos de 1975/76 defendeu, em nome de uma inquebrantável fé religiosa impediu que a “sanha” monopartidária de cariz marxista conseguisse fechar as portas da paróquia de Nossa Senhora das Graças, de Porto Amboim.
Ou seja, o Sumo Pontífice recordou que o mono-encefalismo partidário não consegue vingar nas diferentes sociedades sejam elas desenvolvidas, sejam, como são, as sociedades africanas onde se defende a plena liberdade e a igualdade perfeita entre os povos.
Mas se estes foram alguns dos factos políticos relevantes que deverão ser digeridos pelos dirigentes africanos, em geral – como já se depreendeu pelas reacções dos diferentes prelados africanos onde certas desigualdades acontecem – e entre angolanos, em particular, houve um facto político angolano que não terá, por certo, passado despercebido. Se bento XVI recordou, e muito bem, Mbanza Congo, distraiu-se, omitindo, de forma politicamente correcta, a situação da Emissora Católica de Angola-Rádio Ecclésia – apesar dos alertas da liberdade de imprensa – e, principalmente, da situação que ainda persiste na província de Cabinda.
Vamos aguardar pelos próximos tempos e ver até onde chegaram as palavras de Bento XVI.
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